terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Fazem a Certeza


Elefantes e miosótis fazem a certeza
Que era apenas um velho cobertor pelo caminho
O velho cão abana a cauda e lambe minhas mãos
Não há perigo algum mas tire-o daqui logo!
Aqui passam naves espaciais e antigas diligências
Eu não quero ser o responsável por mais um drama
Aquilo se coloca sobre minhas pernas e me assusta
Não há descoberta maior que a descoberta
E o sangue espalhado em teu rosto me dá carinho
Nada mais enternece que a solidão em pedras macias
Eu quero a certeza de todas as minhas dúvidas
Já falam nisso ditados antigos talvez já soterrados
Nunca mais me fale em tristeza!
Estou faminto para comer todos os teus sorrisos
E teus beijos podem até ser a Pedra Filosofal
Não somos apenas selvagens somos muito mais
Eu gosto do teu corpo como quem esmaga colibris
Tire essa venda que me cega cada instante mais
Eu não queria ouvir tanta e tanta coisa!
Mas agudamente os dentes acabam rangendo
E isso faz com que nova febre se anuncie
Somos irmãos agora e isso pode ser muito bom
Estive muitas vezes no céu e não encontrei anjo algum
As massas poderão gritar aquilo que lhes aprouver
Eu sou aquilo que é desconhecido entre todas as gentes
Calma! Muita calma! Eu não subi ainda ao cadafalso
E quando subir será por divertimento e causa própria
Estive pensando nessa lenda de forma triste
E acordei antes que o relógio despertasse
Mas mesmo assim já era dia alto
Tragam-me o sono novamente se puderem
Sonhar contigo é a maior de todas as dádivas...

(Extraído de "O Livro do Insólito e do Absurdo" de Carlinhos de Almeida)

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