terça-feira, 22 de setembro de 2015

O Outro Poeta

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O outro poeta nunca viu um castelo de perto
E nunca subiu em torres que iam dar nos céus
Ele não possuía sequer espadas e lanças
E nunca usou uma daquelas armaduras pesadas...

O outro poeta viveu em escuras sombras

E em arranha-céus que iam dar muito lá em cima
Metal e vidro sem o sentimento das pedras
E sua grande arma consumia todo o tempo do mundo...

O outro poeta nunca usou ginetes cor de marfim

Que levantavam poeira e que iam adiante
Por terras que nunca viu muito além dos sonhos
E que eram povoadas de dragões e grandes serpentes...

O outro poeta conhecia aos automóveis antigos

E ainda seu brilho de metal sob os mil sóis
As ruas de terra e seus vilões feitos de poeira
E ainda as casas que sempre desejou em fantasias...

O outro poeta não tinha virgens rosadas de tranças longas

Tocadoras de alaúde em seus bailes intermináveis
Donzelas que se valia a pena lutar e correr risco
Flautistas pastoras de rebanhos de brancos carneirinhos

O outro poeta bebe e se embriaga com suas musas

Que possuem cáries e contas no final do mês pra pagar
Que às vezes nem se depilam direito e suam muito
E que não possuem nunca a idade que falam

O outro poeta não percorria eternos labirintos

Com seus intermináveis fios através de corredores
Onde um monstro de bovino cabeça ruge alto
Porque os monstros guardam em si um amor

O outro poeta ginga entre vielas e becos

Tem pesadelos com incursões dos homens da lei
Sente verdadeiro frisson pelas liquidações do dia
E apóia o candidato que fez a última carreata

O outro poeta é um cidadão mais que comum...

Oremos por ele...

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