quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Chuva de Estrelas (Aceno de Loucos)


Os loucos bailam à baila na rua
Qual é a tua? Qual é a tua?
E falam palavras incompreensíveis
Mas as mais sensíveis as mais sensíveis
Não quero mira e nem mais flores
Multiplicam-se incontáveis ardores
E a calçada não é mais a mais fria
A cela acabou ficando apenas vadia
Embaralhou-se todo o meu baralho
E carece que não dê mais trabalho
Nem mesmo saberei mais o é pensar
E estou apenas no meu meu delirar
Antes antes antes de qualquer ante
Em outra encarnação fui bandeirante
E de noite qualquer rua é assombrada
Desliguem esse som chega de balada
Raspei a cabeça mas não fiz santo
Os meus xingamentos todos em esperanto
Chovem e chovem mais estrelas!
Que até o cego agora pode vê-las!
Assim como o surdo escuta sussurros mil
Engraçado que é sério e ninguém nunca viu
E aquela cantora que um dia já foi famosa
Viva a rosa que não mais existe na rosa!
Sequestrei todas as rimas e não vou devolvê-las
Chovem e chovem mais estrelas!
Com qualquer pedaço de pão faço carnaval
O prato do dia é gardernal! É o gadernal! 
In vino veritas! Este é aquele o meu latim
Me dá um cigarro aí ai pobre de mim
O maior dos poemas escrito somete em braile
A mente se esqueceu de qualquer um detalhe
Chovem e chovem mais estrelas!
Até eu que não existo ainda posso vê-las!

Insaneana Brasileira Número 85 - Lettera

Andando por aí... Sou eu! Sim sou eu sim! Que vejo novos ângulos que saem da boca... Sacou? Hum... Deveria! Deveria antes que o monstro se vire contra quem o criou! Criador papá de Criatura! E tem gente que até pra rir o faz politicamente corretamente. E vende idéias de procedência mais que duvidosa. Mais um dia! Mais uma dor! Mais uma fúria abotoando o paletó! E tudo se acaba no tabuleiro de pedrinhas. E eu não sei? Claro que sim. Claro que não. E quase todos os sangues possuem a mesma cor. Eu faço o que quero em grandes tempos idos. E à respeito daquilo? Era um segredo que todo mundo já sabia. Minha amada. Quanto eu queria voltar no tempo e te desamar. Seria menos algo pra você. E eu escreveria quanto bem pudesse. Mas é o assim que nos flui lentamente da ferida. E dói mais do que parece... Chega de desculpas! Errei e tá errado! Foi má intenção sim. Mas uma má intenção boa... Eu queria a espada do guerreiro e os peixinhos do aquário. E olha que eles nem dourados eram. Eu sei cada detalhe e nem me lembro mais de nenhum detalhe. E nem qual era o nome do filme que eu vi e chorei. Eram teclas e muitas delas. E mais coisas ainda que cabem no coração. Aviso aos navegantes. O mar está em falta. E as ondas estão paralisadas. Aquilo que eu quero faleceu semana passada. E nada mais há como um bom sono sem previsões de acordar. Tudo uma grande farsa como os sonhos vendidos lá na esquina. Com célebres recheios. Eu sempre os quis. Mas agora depende da ignorância do freguês. E de mais vários quesitos abolidos neste nosso carnaval. Ah! Sempre amanhece enquanto ainda estamos com sono. É bom dormir sempre mais um pouco mesmo perdendo a hora. E às vezes ver o dia acordar aos poucos. Notícias sempre haverão. E o que mais quisermos. É assim. O pior é previsível e acontecível também. Eu li em páginas consideráveis. Eu continuo como antes. Triste como antes. Escrevendo páginas que nunca serão lidas...

domingo, 27 de setembro de 2015

Vidros Quebrados


Os meus vidros se quebraram
Já caíram pelo chão!
Um dia os amantes se amaram
Já se acabou a paixão!

Acabou tudo! Tudo caiu!

As torres que eram altas
As pessoas e suas faltas
E o sonho que nunca se viu!

Os meus vidros se quebraram

Podem cortar meus pés!
Um dia os amantes se amaram
Hoje se amam ao invés!

Acabou tudo! Tudo ruiu!

Os castelos feitos de areia
E as noites de lua cheia
E o muro que agora caiu!

Os meus vidros se quebraram

Podem até me cegar!
Um dia os amantes se amaram
Agora não podem nem se olhar!

Acabou tudo! Tudo engoliu!

Como os cigarros fumados
Que agora no chão são jogados
E a fumaça que logo subiu!

Os meus vidros se quebraram

Cortaram as minhas mãos!
Um dia os amantes se amaram
Hoje não amam mais não!

Os meus vidros se quebraram...

sábado, 26 de setembro de 2015

Não Tem Um Minuto


Não tem um minuto que comecei à chorar e as lágrimas já secaram como que por encanto. Toda dor por pior que seja acaba acostumando o corpo e quando a gente reclama é mais por força do hábito. Sem carpideiras - nada feito. O cego aprende à tatear e tudo vem ao alcance de suas mãos. 
Não tem um minuto que comecei à correr e as pernas já pesam chumbo e param no meio do caminho. Todo medo por maior que esteja dentro de nós acaba se esvaindo diante da possibilidade de alcançar nossos sonhos. Tudo é vício - tudo embriaga. O condenado esqueceu da morte e que penderá no cadafalso.
Não tem um minuto que o grito saiu de minha garganta e agora já emudeceu. Era a coragem que também foi embora e há mares e muitos deles pra se navegar. Tudo muda - como os ventos. E o furacão também vira brisa.
Não tem um minuto que a face era bela e as rugas acabaram chegando. É tudo que pertence ao tempo. É tudo presente dele. Às vezes presente de grego e sempre uma nova caixa de Pandora. Quem de nós pode se reconhecer? Os espelhos só mostram estranhos.
Não tem um minuto que a festa havia começado. Estavam acesas - todas as fogueiras. E a sua luz brilhava em nossos olhos que iam até longe. Mas que hoje não passam das lentes. Mas que amanhã se fecharão para sempre. É a sequência natural de todas as coisas.
Não tem um minuto que o menino brincava - se divertia. A calçada era seu mundo à parte. Mas até as casas passam como um cenário que muda numa grande teatro. Quem fez a peça? Quem são os atores?
Não tem um minuto que o dia começou e já está terminando. Tudo é muito rápido e como é. Uma sucessão de estrelas na frente dos teus olhos. E muitos e muitos códigos pra decifrar. Quem há de saber quantos enigmas se escondem na barra do longo e curto manto do tempo????

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Zumbis Modernos


Cadas quais com seus infernos
Com seus dilemas mais internos
Com seus poemas mais modernos

Com as roupas da nova estação

Com o pau duro sem o tesão
Com a sensatez sem ter razão

É o mal com o seu refino

Cada um com o seu destino
E o seu destino é mais cretino

Cadas quais por aí vão vagando

Com suas medidas de até quando
E cada uma morte vão comemorando

Com suas roupas de quase nudez

Com a sua grandiosa mesquinhez
Com a sua hora e a sua quase vez

É o mal  com o seu destino

Cada um esperto e cada um ladino
E o seu refino é mais cretino!..

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Teorema dos Pés


Pés bonitos, pés feios, de todas as cores e tamanhos,
Pés grandes, pés pequenos, pés conhecidos e estranhos
Pés que dançam no carnaval, outros que vão na estrada
Pés novos que muito andarão e pés velhos como o nada

Pés mais solitários, pés que são acompanhados pelas mãos,

Pés que vivem doentes, pés que ainda andam por aí, sãos,
Pés que bailam leves quase e que o chão mal vão pisar,
Pés que pisam bem pisados e o mesmo chão sabem marcar

Pés que passam desapercebidos, outros chamando a atenção,

Pés decididos do carrasco, outros que tiveram a condenação,
Pés de vento, pés de chuva, pés de moleque, pés diversos,
Pés dos anjinhos que foram cedo, pés que são tão perversos

Pés com seus sérios compromissos, pés dos mais vadios,

Pés que pisam nas brasas, pés que visitam os dias mais frios,
Pés que não fazem barulho, pés que causam até tremores,
Pés femininos, pés infantis, pés senis e pés dos senhores

Pés que andam no assoalho, pés que estão lá no telhado,

Pés livres, pés quase que livres e até uns pés amarrados,
Pés com espinhos, pés com furos, pés finos e com calos
Pés que servem de arrimo e outros que servem de regalo

Pés, muitos pés, os meus pés, os teus pés e até os nossos

Pés motivos de alegria, de tristeza, de saudade ou remorsos,
Pés que cambaleiam, cambaleando da mais pura emoção
Nossos pés, pés e pés que um dia não vão tocar mais o chão...

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O Outro Poeta

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O outro poeta nunca viu um castelo de perto
E nunca subiu em torres que iam dar nos céus
Ele não possuía sequer espadas e lanças
E nunca usou uma daquelas armaduras pesadas...

O outro poeta viveu em escuras sombras

E em arranha-céus que iam dar muito lá em cima
Metal e vidro sem o sentimento das pedras
E sua grande arma consumia todo o tempo do mundo...

O outro poeta nunca usou ginetes cor de marfim

Que levantavam poeira e que iam adiante
Por terras que nunca viu muito além dos sonhos
E que eram povoadas de dragões e grandes serpentes...

O outro poeta conhecia aos automóveis antigos

E ainda seu brilho de metal sob os mil sóis
As ruas de terra e seus vilões feitos de poeira
E ainda as casas que sempre desejou em fantasias...

O outro poeta não tinha virgens rosadas de tranças longas

Tocadoras de alaúde em seus bailes intermináveis
Donzelas que se valia a pena lutar e correr risco
Flautistas pastoras de rebanhos de brancos carneirinhos

O outro poeta bebe e se embriaga com suas musas

Que possuem cáries e contas no final do mês pra pagar
Que às vezes nem se depilam direito e suam muito
E que não possuem nunca a idade que falam

O outro poeta não percorria eternos labirintos

Com seus intermináveis fios através de corredores
Onde um monstro de bovino cabeça ruge alto
Porque os monstros guardam em si um amor

O outro poeta ginga entre vielas e becos

Tem pesadelos com incursões dos homens da lei
Sente verdadeiro frisson pelas liquidações do dia
E apóia o candidato que fez a última carreata

O outro poeta é um cidadão mais que comum...

Oremos por ele...

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Na Outra Porta


Eram dias em que tive medo
Em que a morte vinha mais cedo
E eu nem podia mais me olhar
Eram dias em que a poesia
Acabou de acabar com meu dia
Nada mais tenho à declarar...

E nesses dias eu errei a porta

Mas quem é que se importa
Se eu sofri por ter que errar?
Se o erro é um lugar-comum
E nos bolsos não há nenhum
Nada mais podem me roubar...

E vou me perdendo num labirinto

Lamento muito é o que eu sinto
Um ar pesado pra me sufocar
Eu me esqueci de toda a história
Mas se não me falha a memória
Nem eu posso mais me matar...

Se da tristeza agora eu não ligo

É porque já encontre meu abrigo
Daqui ninguém vai então me tirar
É o abrigo daquilo que sonho
Que me tirou um medo medonho
Agora resta apenas eu sonhar...

domingo, 20 de setembro de 2015

Insaneana Brasileira Número 84 - Perigo(s)


Os cravos são escravos. Há que veja. Não queremos mais esculavros. E sim mais cerveja. É agora em Darvos. Que veio a nossa veja. Os estigmas estão prontos. Tá na mesa. Eram dez em pontos. Um pano cor de cereza. E eu nem te contos. Apenas me besa. Andevo até mancando. É a sina. E sigo ao chorando. E a menina. Estamos bem chegando. Lá de cima. Quem tem que tá rodando? Pintou clima. Pintou está tan pintado. E como aqui chegou. Um palavremiado. Que se acorrentou. Encavernado. História historiou. Certo e errado. Milíngua já entravou. Dum mesmo lado. É canoa encanoou. Num pasmado. Não há perigo mais certo que o errado. Amadrinha amadrinhou. Tudo é cor. Esprangeuja espranguejou. O meu amor. O meu drink no Inferno. E eu fui e eu era mais moderno. Eu ando sem as calças do meu terno. O sono acabou. Ó Padre Eterno! Em mil exclamações - nada falo. E quem dera mil poções - e um só regalo. Não venha na hora certa. A forma mais extrema é deserta. Não quero. Não quero. Não quero. Fazer certos maboleios de cada-cada e assim ser. Eu sou o que não sou e é isso que talvez eu sou. A expressão mais exata da inexatidão. E seus pentelhos são os mais artísticos possíveis. Eu gosto à beça. Da peça. Da remessa. Da paressa. Olha homessa. Saborosso gosto de angu. Esplendorosso rosto do aribu. A fome canina faz a rina de coisas aqui guairdadas em mi. Si. Si. Si. Canções aldentes que nem esparguete. E a semente é secret. Secret archive. Secret segredo. E o medo. Tamboril em normas mais que restritas. Ela sabe de coisas sem necessidade alguma. Não suma. Fique aí mesmo parado. Do meu lado. Tá tudo errado. E bem explicado. Catrevo. Me atrevo. Um cometa careta. Que tetra. Mutreta. Aperta o alerta. Aponta a ponta da seta. É a metade da meta. Não se atreveçe a lua. Não atravesse a rua. Estamos e nada estamos. Embora queiramos a sua. As montanhas coçam. Enquanto possam. Sou honesto. E nem presto...

Foi Tempestade


Foi tempestade ou não foi, 
Se foi tristeza eu não sei,
Tudo que vai já foi embora
Até as lágrimas que chorei

Foi uma dor mais doída,

Foi uma tal uma febre terçã,
Eu já não tenho mais nada,
Nem ontem e nem amanhã

Foi um engano na rota,

Foi a entrada na contramão,
Eu saindo de meu rumo,
Eu já não faço questão

Foi jogo de cartas marcadas,

Se foi tristeza eu não sei,
Tudo que vai já foi embora
Até as lágrimas que chorei...

sábado, 19 de setembro de 2015

Insaneana Brasileira Número 83 - Loucura por Loucura

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Loucura por loucura - eis aí. Semear nos campos de Marte sementes incandescentes de pura fantasia. Isso foi a janta de ontem e seu quase-almoço. Inventar é preciso. Respirar é quase um detalhe. E eu mudo de cor e tom em cada instante como um cameleão loucamente são. A memética que o diga. Todo desprovido de lógica como o deve ser. Todo despido de ética como olhar pela fechadura e abrasar de desejo. Os alquimistas nunca chegaram e pelo visto tomaram a condução errada. Um palavra só basta pois nunca entenderemos mesmo. Devagar também é calma. E os absurdos absurdamente acabam acontecendo de uma hora pra outra. Eu escolho as escolhas e faço isso a hora que quiser. Não há nublado forte o suficiente para tirar esse meu sorriso há muito petrificado em tons de susto. Aqui ó!  Meu polegar e meu indicador se unem num desaforo sem par. Aqui ó! A hora do almoço está bem atrasada e a fome quase que passou. São perfeições poéticas que caíram no chão e mesmo assim não quebraram. A vida faz muitos arranhões que nem assim sangram tanto. É mera impressão que ardeu no instante único da queda. Nada mais do que isso. Nem mais e nem menos. A intenção era outra e bem outra com certeza. Mobília bonita numa casa meio feia. Molduras que com o tempo acabam perdendo seu bem dourado. As fotografias é que tiveram alguma boa intenção. O resto muda e muda muito e bastante mesmo. Foi semana passada mas essa semana passada tem anos e muitos deles empilhados como caixas vazias. É apenas uma página que não existe. E um colapso de tempo que não sabemos se valeu ou não a pena de ter vivido. É o zunzum de milhares de abelhas num pesadelo daltônico. Num esforço faraônico. De encontrar algumas rimas fuleiras pro biotônico. Caetano que o diga. E diga de forma solene como deve ser. Porque a fama amolda qualquer barro que quiser. Não é o meu elogio que vale alguma coisa. Mas milhares de flashs esparramados na noite mais que brilhante. Eu o sei e eu não o sei. Cabe à cada um o seu violejo. Mesmo quando nem temos noção do que é isso. Meio dia e meia noite brincando de guerra de travesseiros. Com direito ao ar tonalizado de brancos flocos. Como aquilo que se prevê no jogo de tarot da taróloga tarada que me encanta só pelo que não vejo. Vamos todos na pensão da Maria Balalaica mesmo que isto seja um caso de arqueólogo pra lá. Que dobre a esquina e não seja mais visto nem ouvido. Mas eu sei! E algum sobrevivente deste apocalipse talvez o saiba mas isso esteja em seu porão de memórias! Ah! Se eu sei! Faço os improvisos mais bacanas que um mortal pode conseguir. Eu o faço! E de mancheias pouco me lembro do que que é isso. A ponte do ponto Sete foi perdida e não mais recuperada. Mas não importa tanto como o carro importado que terei. Um luxo só. E com direito às masmorras de meu pensamento quase torto. Eu me calo diante de vossa bazófia ó salvos de meia-tigela! Não quero fazer as pazes com ninguém. E quando digo ninguém é ninguém mesmo. Nem o rosto bonito que desejei com febre escapa de minha ira mais que duradoura. Vão rezar no monte seus porra! Quem sabe o cara de barbas torpes entorpeça a visão e mande sua culpa pra casa do caralho! Não tenho medo de inferno algum. Eu já frequentei o tapera e tinham garrafas escondidas nas mochilas. Eu sou! Não tenho culpa se meu programa falhou... Se o vírus veio pela conexão... E se a conexão estava lenta demais... As caixas de creme dental davam bons apitos transitórios. Mas eu só conheci aquela marca...

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Insaneana Brasileira Número 82 - Sandice por Sandice

Sandice por sandice eu quero todos. Este gosto é particularmente travoso e entorpece os dentes que me restaram. É um luxo só. Dizeres antigos enterrados e bem enterrados como só eles puderam ser. Agora sim. A modernidade nos pregou em solenes paredes para nunca mais sairmos de lá. Ora bolas. Ora essa. Morremos atrasados e isso basta por enquanto. Eu quero todas as bandeiras hasteadas nos varais lá nos fundos do meu quintal. Meu quintal não. Meus quintais. Como a melhor coisa do mundo inteiro. Me façam dengos. Eu quase que morro em cada respiração ofegante que teimo em ter. Eu te adoro e nem ao menos sei quem és. Eu te venero como por quem rezei em dias que já me esqueci. Verás então as sombras do medo em uma dança digna de desenho animado. Quem bate em tão altas horas? Sou eu. O frio da nova ideia que acabou de chegar. Por que ris? Porque a piada acabou de ser contada . E rimos mesmo que seja por puro compromisso. Por que choras? Porque a bula recomenda medidas quase que extremas. E a maioria dos olhos possuem rios e rios. A toda nudez é minha. E eu não abro mão das minhas boas maldades. Quero que quero e quero ainda bem mais. Com todos os superlativos que um almanaque velho pode proporcionar. Dores e dores com todos os apetrechos possíveis. Como numa cirurgia em que o instrumentador acaba de chegar de porre. Toque um samba aí. Qualquer um serve. Mesmo que faltem letras pra todas as palavras. Eu sou o xis da questão. E o ipsilone se houver algum espaço. O quartinho está ocupado. E só sobrou a vaga na garagem. Mas não importa. As luzes de todas as varandas conspiram pelo menos pra algum alheio consolo. Pode parecer que sim e pode parecer que não tudo ao mesmo tempo. Tido e mantido por cravos que nem os da cruz. Eu sou o vento, E vou até devagar quando eu quero. Uma nova bala foi lançada no mercado. E vários doces que fazem cumplicidade. Viva o rei! Viva o frei! Eu não sei. E nem sinto tanto a agulha invadindo a veia e queimando tanto que mais. Estou rindo fazem várias horas e ainda quero mais. Sandice por sandice eu quero todos. Este gosto é particularmente travoso e entorpece os dentes que me restaram. É um luxo só...

Eu Duvido - Número 2


Eu duvido
Duvido da sorte duvido da morte
Duvido da arte duvido da parte
Duvido do bem e duvido do mal
Duvido do insano e do normal

Tudo é lícito e tudo é proibido

Tudo foi por acaso e faz sentido
A fera se soltou não adianta correr
E eu só quero é viver...

Eu duvido

Duvido da chuva duvido do sol
Duvido da reza duvido do futebol
Duvido do vento e do temporal
Duvido da solidão e do carnaval

Tudo é bonito e tudo é tão feio

Tudo nos extremos tudo no meio
O poder massacra não adianta chorar
E eu só quero é cantar...

Eu duvido 

Duvido da confiança e do medo
Duvido da estrada com armadilhas
Duvido do tarde e duvido do cedo
Duvido também de milhas e milhas

Tudo é querido e tudo é indesejado

Tudo nos salva e tudo nos faz perder
A guerra ainda nos tem marcado
E eu só quero é correr...

Eu duvido

Duvido de tudo sem pena e sem dó
Duvido de tudo du-vi-deó-dó...

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Eu Duvido - Número 1


Duvido de todas as estatísticas mesquinhas
Que os poderosos contam em seus dedos cheios de anéis
Nada é tão preciso que se façam as continhas
Xô xô longe de mim capitães barões coronéis!!!!

Duvido de todos estes sonhos de consumo

Que já vêm dentro da latinha prontos pra servir
São as mesmas multidões todas elas sem ter rumo
Dormindo confortavelmente na cama do faquir!!!!

Duvido de todas as promessas em tons solenes

Aquelas que vêm com seu kit completo de maquiagem
Que fazem questão de seus emes e de seus enes
E estão fazendo qualquer coisa por pura sacanagem!!!!

Duvido de toda a cara e de qualquer uma boca

Da notícia que já era velha em sua primeira mão
Não existe mais cerveja e a comida é tão pouca
Que não dá pra cobrir essa minha obturação!!!!

Duvido de todas estas lendas que são tão caretas

Quem fez estas regras? Papel aceita o que se escreve
Ambos usam asas tanto os anjos como os capetas
E é só colocar lenha que qualquer caldeirão ferve!!!!

Duvido de cabelos bem arrumados e impecáveis

De roupas bem passadas tendo aquele seu belo vinco
De datas pra comemorar lindas e incomemoráveis
De castelos de cartas feitos com o maior afinco!!!!

Duvido dos filósofos com todo os seus sofismos

E também de heróis com suas maravilhosas batalhas
De histórias feitas do mais puro dos todos cinismos
Podem ir embora levem logo as suas tralhas!!!!

Duvido da vida e também duvido da morte

Duvido também de quem não cogita e quem não duvida
Tanto dos ventos vindos do sul quanto os do norte
Vai embora me deixa em paz xô sua enxerida!!!!

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O Tolo

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O tolo não tem dolo.
Vai ao talo seu regalo.

O tolo acredita no que a mídia diz.

Ele pensa que pensa na perfídia de ser feliz.
Ele come só aquilo que foi determinado.
Ele nunca pode olhar pra qualquer lado.

O tolo só faz rolo.

Vai ao chão sua razão.

O tolo acredita no que o poder fala.

Quando alguém grita mais alto ele se cala.
Só conheço a ponta do rabo do gato de fora.
Tem todas as coisas do mundo menos hora.

O tolo só dá bolo.

Vai ao céu seu réu.

O tolo acredita naquilo que é correto.

Ele não acredita em nada que seja secreto.
Vejam como ele sabe dançar tão bem.
Nunca se sabe quando é que a morte vem.

O tolo não tem consolo.

Vai arisco pro seu risco.

O tolo é tolo porque quer que seja assim.

Não sabe a medida do começo e do fim.
Ele próprio é e será a fera de sua fera.
Enquanto suave o chão já lhe espera...

O tolo não tem dolo.

Vai andando por aí a sumir...

domingo, 13 de setembro de 2015

Urgente!!!!


Precisam-se de girassóis azuis-turquesa
Para colocar no vaso na cabeceira da cama
De um menino doente que sonhou com eles
Acho que foi noite passada...
Podem ser daqueles bem pequeninos
Que crescem no país dos sonhos 
Quando os olhos estão bem fechados
Porque o paciente precisa dormir...

Precisa-se um bravo cavaleiro belo príncipe

Para namorar a menina feia de olhos sonhadores
Cujos cabelos brilham mais do que o sol
Ou qualquer outra estrela que tenha existido...
Não precisa ter percorrido terras tão distantes
Mas deve saber fazer alguns versos bonitos
Que falem de alguns tempos agora idos
E um tanto quantos cheios de passageira paixão...

Precisa-se de uma amada que não tenha medo

De enfrentar os meus ciúmes mais bobos
Porque nunca tive quem me amasse realmente
E por isso desconheço do perigo disto tudo...
Eu a beijarei em cada instante que lembrar disto
E que minha mente esteja sóbria o bastante
Para fazer uma festa que não termine nunca
Com fogueiras que nunca mais se apaguem...

Precisa-se de um carnaval com novas cores

Para fantasias nunca antes vistas ou vestidas
Um carnaval que tenha um bloco
Onde desfilem todos os amores perdidos...
Sim somos nós os eternos foliões
Que bêbedos dormem pelas calçadas de um mundo
O nosso mundo há muito já esquecido
E acho que isso foi anteontem...

Precisam-se de novos sonhos...

Apenas isso - novos sonhos!

sábado, 12 de setembro de 2015

O Enterro Nosso de Cada Dia

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Cada dia um novo erro
É o nosso diário enterro
Cada dia uma mancada
É um pulo para o nada

Cada dia uma nova luta
É a nossa fatal derrota
Cada dia uma vida bruta
É o luto que ninguém nota

Cada dia uma nova ilusão
É morreu eu nem sabia
Cada dia parou o coração
É que acabou o nosso dia...

Insaneana Brasileira Número 81 - Favelas, Favelas & Favelas

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Favela! Labirinto interminável de seres e de coisas... Caos personificado num livro de poemas sem ter versos  merecidos... Mercadorias de duas naturezas transcendentais expostas... E a vida não valendo um tostão! 
Favela! Amores escondidos pelos banheiros... E o pão mais maldito feito de curtas ilusões... O meu coração se acelera por conta do risco e do medo e traz recordações que eu não queria ter!
As lajes estão cobertas com sol. E os domingos tonteiam todas as testas que puderem pegar... Os sambas tocam por si mesmos... E as novidades dos passinhos são as novidades... Queremos todas... Até as que forem zumbis em estado de evidente putrefação!
As crianças aos montes com seus pés em mil tons de cinza... A cerveja em quantidade mais do que evidente pra nos porrar... É o sono... A depressão porque tudo vai bem... O medo porque é o segundo dia do mês... A porta-bandeira quebrou a perna!
Favela! Brinquedo na mão dos imperadores... Desenho de negras nuvens sem temporal algum... E um frio de mais de quarenta graus à sombra... Sem ar... Sem ar... Até eu queria respirar!
Favela! Histórias de vida como em quadrinhos... Em que o sangue é apenas mais um exagero de tinta vermelha que um bom detergente limpa do chão... Mais um corpo na cama da rua... E milhares de pontas de cigarro!
Favela! As roupas bem curtas de vidas mais curtas ainda... E as cabeças raspadas de não-feituras... Nem tudo se resolve na roça... A coisas difíceis de impedir qual curso de rio... E é minha alma que treme e não meu corpo só!
A história acaba de ser recontada de forma diferente... E as curvas são mais sensuais e bem mais perigosas... Como as de onde Senna morreu... Só que a morte é bem mais certa... E não vai passar na televisão... E mais um canto e mais um canto e só!
Há várias manchas nos rostos de diversas tribos... E a bondade escapole de seus compromissos... É noite mesmo quando está claro e frio no verão mais quente... Podes crer my brother!
Favela! E a vida não valendo nem um tostão!!!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Carpideiras Usam Gadernal

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Carpideiras usam gadernal
E eu pensei que era o tal...

Pensei que a vida era uma coisa boa

E cada um navegando na sua canoa
Nesse mar que chamamos de mundo
E que pode acabar em um segundo...

Carpideiras usam gadernal

E todo extremo é parcial...

Pensei que chorar pelo menos valesse

Alguma coisa sem um outro interesse
Mas até chorar não passa duma farsa
Lá vem a morte esquece e disfarça...

Carpideiras usam gadernal

Criamos leões no quintal...

Pensei que podia pensar poderia

E pensar algum valor me valeria
Pois está tudo mundo tão contente
Desconhecendo que está doente...

Carpideiras usam gadernal

Beijinho beijinho tchau tchau...

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Eu Gosto, Eu Não Gosto

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Eu gosto de dias de sol, onde os passarinhos dançam entre nuvens e galhos e pulam no chão. Eu também sou um passarinho...
Eu não gosto de dias de chuva, onde o amarelo do barro e dos dias antigos entristece meu coração de antes. Eu fui aquele menino triste...
Eu gosto de todo e qualquer carnaval, inclusive aqueles que não brinquei pois minha alma brinca sempre e sempre. Mesmo sendo pierrot sem colombina...
Eu não gosto de enterros e principalmente dos enterros das paixões que apesar de consumir ainda me faziam tão bem. A paixão que acaba nos dando vida...
Eu gosto das calçadas em que sentava com os brinquedos novos e tudo se tornava uma festa só. Quantos sonhos também são assim...
Eu não gosto dos caminhos escuros que andei, havia cansaço e nuvens de poeira quando cada dia era na verdade uma noite. Tudo que se perdeu por lá não voltará...
Eu gosto dos risos sem motivo e dos sorrisos que só a ternura pode fazer, é tudo um jardim mágico de pássaros dourados e rosas azuis. E o dono do jardim sou eu...
Eu não gosto de lutos sem motivos que deixam todo ar em volta cinza e nada mais tendo encanto. São dias de cabeça baixa e sem alturas...
Eu gosto, eu não gosto, eu gosto, eu não gosto e aqui estou...

sábado, 5 de setembro de 2015

Teoria do Sal

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Menos mal. Em ondas mais ou menos decrescentes. Vamos perdendo os dentes. Vamos perder geral. E tudo pode ser transcendente. Menos os nossos parentes. Mataram o meu quintal. É tudo e nada diferente. É água benta e aguardente. Tudo no meu carnaval. Panelas anti-aderentes. Somos os mais pra frentes. Tudo se resolve com sonrisal. E no final um cachorro-quente. Se é que existe final. Palavras tão frequentes. Estamos todos doentes. Só não há nenhum grau. 
Menos mal. Com sensações de euforia. Acabou o nosso dia. Etecetaretal. Até que agora eu tomaria. Uma boa dose de gadernal. É nosso dia de folia. Esquecemos o vendaval. Eu sabia e assim mesmo não sabia. Como tudo era igual. E o brinquedo que não quebraria. Era noite e era dia. Mais que sensacional. Mas o motor teve sua avaria. E cadê meu cacau? Era um final ou pelo menos uma fantasia. Que já chega ao final. Ninguém aqui me amaria. Era profissional.
Menos mal. Estamos todos aí. Já foi e já era e babau. A vida não vai colorir. Tou com vontade de rir. Que ideia sensacional. Tiraram o pingo dos is. Sumiram até com meu xis. Avisa que é promocional. Vamos beber e cair. O inferno é logo ali. Em gênero e número e grau. Rei Momo já virou um faquir. É tudo um eterno devir. Me tornei um marginal. Minha filosofia é comer e dormir. Se eu progredir viro animal. É vírus daqui e dali. Pra melhorar meu astral.
Menos mal. A febre está abundante. É branco nosso elefante. Chega a ser surreal. Chove em cada instante. Tem até lamaçal. Lá vem uma notícia importante. Vai aumentar o barbante. Acabou o sisal. E o pregador itinerante. Gosta mesmo é de pau. E aquela minha amante. Ela curte um sonrisal. E eu sou mais um ignorante. Mas vou tomando mingau. Esse farrapo é tão elegante. Já trabalhei no mirante. Era num tempo fatal. Vamos todos avante! Ponha o farnel no embornal. É tudo tão delirante. Parece até um casal. 
Menos mal. Menos sal. Tão igual...

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Samba-Enredo Sem Avenida


Eu nunca fiz tanta questão
De sofrer e chorar na despedida
Falta alma e falta  inspiração
Samba-enredo sem avenida

Eu chorava até no verão

Pobre nuvem que está caída
O trem não está na estação
Samba-enredo sem avenida

Eu coloquei num caixão

Tudo que me sobrou da vida
Não existe mais explicação
Samba-enredo sem avenida

Eu ainda sinto a aflição

Quando toco na minha ferida
Algo entre o sim e o não
Samba-enredo sem avenida

Eu flutuo em nuvens de algodão

A guerra inda não está perdida
Acabou-se tudo resta a paixão
Samba-enredo sem avenida...

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A Disputa com Os Urubus


Vamos felizes e vamos disputando
Cada um junto com o seu bando
Tem comida e tem roupa no capricho
Tem tudo em qualquer monte de lixo
Tem brinquedo usado urso machucado
Tem papel à beça sonho desmanchado
Tem ouro bijuteria e tem até a sorte
Tudo misturado vida e também morte
Tem juízo e também faltou a razão
Corpos vencidos e crianças de montão
Tem velhos carcomidos e vagabundos
É um mundo em tantos e tantos mundos
E vem aí a maior das maiores aflições
Vem chegando aí novos caminhões
Tem gente daqui e tem cabra da peste
Tem montanha maior que o Everest
Tem réu confesso e tem réu primário
Tem mãe de família e tem ex-operário
Escadas quebradas utensílio de cozinha
Tempo pra tudo nessa vida mesquinha
A galinha preta que era do despacho
Qualquer lugar da terra virou Gramacho
Qualquer etapa do caminho é o final
E não há prevenção pois não há mal
Não há lei nem governo só quem manda
Vamos todos dançar essa nova ciranda
Existem muitas novas formas de arte
E qualquer um desastre já faz sua parte
E em qualquer sopro a terra já treme
É tudo apenas um grande vídeo game
Vamos felizes e vamos disputando
Cada um junto com o seu bando
Tem comida e tem roupa no capricho
Tem tudo em qualquer monte de lixo
É a maior disputa maior que a fila do SUS
Vamos competir e ganhar de todos urubus!

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...