sábado, 5 de abril de 2025

Pássaro Pousado No Fio

Em muitos fios por aí,

Ventos frios, mesmo em dias de calor,

Em uma solidão feita de muitos,

O que passa os que passam lá embaixo?

A maioria das respostas não tem pergunta...

Os postes são as novas cruzes,

Acabam trafegando por eles - desenganos...

Ficar sereno, quieto feito o morto,

Talvez seja a única das saídas possíveis...

A festa acabou e não tem outra,

Eu sou o alvo de muitos tiros,

A mira para muitas pedras e gatos...

Em muitos fios por aí...

Cada fio é apenas um rio,

Um rio sem água e sem seca também,

Um dia tudo isso acabará...

Os fios, os postes, as ruas, as casas,

Acabarão todos os bichos e homens, 

É tudo só uma questão de tempo...

Só sobrarão lembranças estáticas,

Como estou agora aqui - pousado...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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