O vídeo que foi pausado pelo meio.
A inocência que nunca mais teremos.
As flexões verbais que nos mandam.
A erva daninha se alastrando no jardim.
O que ainda não morreu dia morrerá.
O saco de balas comprados antes da matinê.
As curvas famintas vindas antes das rugas.
Os lápis de cor descansando mudos.
O giz parado quase como um cigarro.
Nada mais era que o sonho noite passada.
O bulliyng que acabou enlouquecendo ela.
A normalidade sempre perdoa a crueldade.
Os jornais agora saem correndo pelas ruas.
Ele dormiu bêbado na porta da igreja.
O velho ventilador agora exige explicações.
Novas palavras inventadas para inutilidades.
A importância de não ser mais importante.
As entrelinhas das estrelas agora apagadas.
Toda a dificuldade possuía uma boa intenção.
Queriam me levar para morar fora da galáxia.
Qualquer baião-de-dois agora dá para três.
Compre nosso novo creme para enfeiamento.
Dom Quixote agora só comerá em fast-food.
Ainda sobrou um pouco de doce no amargo.
Namastê para você seu grande filho-da-puta.
Quanta fofura tem aqui nessa barra de ferro.
Os vampiros fizeram uma fila banco de sangue.
O dentista tem todos os seus dentes cariados.
Vamos brindar com um copo de querosene.
Qualquer doença acaba adoencendo no final.
Mentes rasas com gargantas bem profundas.
Seu passatempo favorito é beber até desmaiar.
Borboletas grafites agora são os novos pets.
Por uma coxinha o cara mata até a mãe dele.
Enfiar o dedo na tomada agora é uma terapia.
Os guaranis agora gostam mais de guaranás.
Toda arte se não for abusada não tem sentido.
Ela deitou no chão e só levantou no dia anterior.
Só gosto de domingos que caírem nas segundas.
Ontem eu pedi socorro para a Maria do Socorro.
O inferno é um bom lugar para comemorações.
Tenho mais grilos na cabeça do que o mato.
Ano passado eu queria um bife bem passado.
O intestino delgado agora está bem grosso.
A pedra foi jogado na água e não se molhou.
Meu estômago é quem dita as minhas regras.
Somos suspeitos para até falar desta suspeita.
A riqueza pode nos ensinar só o que é o vício.
Daqui até aí minhas asas já estão cansadas...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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