quarta-feira, 16 de abril de 2025

Kafkiana

Há uma barata que decidiu morar no meu quarto

Não fui eu que a convidei, elas que decidem isto

(Quando falamos em ter sangue de barata, estamos certos

Possuem a felicidade de não terem medo, apenas correm)

Deve ser uma barata sábia, conhece todo o quarto

Até os cantos que nunca estive e que, afinal, nunca irei...

Ela é nojenta como todas as outras baratas?

Sim, sem dúvida, isto faz parte de sua natureza

Nojenta, cascuda, cheirando à barata, roendo tudo

Mas não esqueçamos, como humanos somos bem piores

Já viram alguma barata matar outra por dinheiro?

Esconder o que ela é numa rede social?

Ou as baratas de um país atacarem outro sem piedade?

Pobres seres, originários da mesma fonte do que nós...

Não fizeram grandes obras de arte, nem destruíram

Não possuem casas, mas também nem as derrubam

Não usam roupas e não possuem vergonha de sua nudez...

Fique por aí, minha cara e digna barata, inseto nocivo

Só não pouse em meu rosto antes deu estar em meu caixão...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

 

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