Réquiem é coisa pra comer, tio?
Não, minha querida, é pra escutar...
Os mortos não comem, mas escutam...
Assim como você ao Pietro perguntar:
Tia, cadê a minha mãe?...
Quem fez essa maldade como você,
Minha criança grande?
Quem encurtou seus dias por aqui?
Estava dormindo no meio das flores,
Flores bem menos maldosas
Do que aquelas do jardim
Que estava sentada e não lhe defendeu...
Os passarinhos devem ter fugido,
As crianças devem ter se calado
Enquanto você caía para a vida
E se levantado para um outro tempo,
Um tempo que não tem tempo...
Os malvados um dia pagarão por isso,
Os malvados sempre pagam...
Réquiem é coisa pra comer, tio?
Não, minha querida, é pra chorar...
(Para Camilly - in memoriam - extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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