Os discos voadores agora fazem Uber
E a tradição virou o novo prato do dia
Serenamente entramos em desespero
Porque agora as bundas estão em falta
Nossos deuses agora andam conosco
E quem não tem celular é mais um ateu
Faltam-me dentes para engolir a água
Quanto mais estou sério é que vou rindo
Enquanto chicoteio as minhas palavras
A respiração pertence agora às putas
Quanto mais formos medíocres é melhor
Esperamos que a comida estrague logo
Algoritmos agora são os nossos piolhos
E a minha apatia grita em altos brados
Só fugiremos se conseguirmos criar asas
Mas até os aviões possuem e também caem
A moda esfrega seu sexo bem na nossa cara
Não importando qual o gênero da hora
Muitos assassinam seus sonhos sem sonhar
Enquanto vou sendo um merda qualquer
Bem menos que um drone ou pet de rico
A jovem mãe de família fuma sua maconha
Enquanto espera o dia do bolsa-família
E o Falso Profeta agora chora de comoção
Lindos cadáveres em suas redes sociais
Água podre agora higienicamente embalada
Requintes de crueldade para os requintados
Cachaça para sustentar a semana inteira
Trabalhar só para dizer que trabalhamos
Porque os capitalistas adoram nosso jejum
Muitos cozinham restos em latas de tinta
Agora pagaremos pedágio para a luz do sol
O Inferno nunca precisou nem precisará de Dante
Basta meia verdade para provocar um desastre
Esta sua roupa está lindamente tão horrível...
(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário