quinta-feira, 17 de abril de 2025

Falência da Estética

Os discos voadores agora fazem Uber

E a tradição virou o novo prato do dia

Serenamente entramos em desespero

Porque agora as bundas estão em falta

Nossos deuses agora andam conosco

E quem não tem celular é mais um ateu

Faltam-me dentes para engolir a água

Quanto mais estou sério é que vou rindo

Enquanto chicoteio as minhas palavras

A respiração pertence agora às putas

Quanto mais formos medíocres é melhor

Esperamos que a comida estrague logo

Algoritmos agora são os nossos piolhos

E a minha apatia grita em altos brados

Só fugiremos se conseguirmos criar asas

Mas até os aviões possuem e também caem

A moda esfrega seu sexo bem na nossa cara

Não importando qual o gênero da hora

Muitos assassinam seus sonhos sem sonhar

Enquanto vou sendo um merda qualquer

Bem menos que um drone ou pet de rico

A jovem mãe de família fuma sua maconha

Enquanto espera o dia do bolsa-família

E o Falso Profeta agora chora de comoção

Lindos cadáveres em suas redes sociais

Água podre agora higienicamente embalada

Requintes de crueldade para os requintados

Cachaça para sustentar a semana inteira

Trabalhar só para dizer que trabalhamos

Porque os capitalistas adoram nosso jejum

Muitos cozinham restos em latas de tinta

Agora pagaremos pedágio para a luz do sol

O Inferno nunca precisou nem precisará de Dante

Basta meia verdade para provocar um desastre

Esta sua roupa está lindamente tão horrível...


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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