domingo, 20 de abril de 2025

Primeira

Quando escrevi a primeira palavra

Não consegui parar mais...

Palavras são cúmplices que nos salvam

De dias cruéis e tão mais comuns...

Palavras são mais que artifícios

Para que nossos prédios não desabem...


Quando bebi da primeira dose

Não consegui parar mais...

Minha embriaguez não possui limites

E eu mesmo que construo minhas fronteiras...

Minha embriaguez é a minha mágica

E ela vai me protegendo de feios espelhos...


Quando dei a primeira tragada

Não consegui parar mais...

Fiz de todas as nuvens do céu

A minha única e real fumaça...

Vou rindo de tudo que posso

E às vezes até do que não...


Quando dei a primeira caminhada

Não consegui parar mais...

Deve ser isso que chamamos vida

Seja em que língua que for...

E a nossa última caminhada

É aquilo que chamamos morte...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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