terça-feira, 29 de abril de 2025

Poesia Gráfica LXLIII

S É T I M O   D I A

S É T I M O  M Ê S

S É T I M O  S E L O

S É T I M O  S E T E

S É T I M O  G R I T O


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MORTE E DANÇA

MORTE E TRANÇA

MORTE E CANSA

MORTE E MANSA

MORTE E PANÇA

MORTE E LANÇA


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A PRIMEIRA MOSCA

A PRIMEIRA ROSCA

A PRIMEIRA TOSCA

A PRIMEIRA FOSCA


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CALALHO! PUTA QUE PALIU!

TUA CALÇA CAIU

TUA MÃE NÃO VIU

HOJE É DOIS DE ABLIL!


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MANOEL FERNANDO DOS SANTOS

JÚLIO PEREIRA  AGUIAR DE LIMA

FABRÍCIO LORRAN GOMES DA SILVA

JOSÉ RICARDO FERREIRA DE MATOS

AGUINALDO ALFREDO DE CAMPOS

HERMES DE SOUZA FELICIANO DE ABREU

E POR AÍ VAI,,,


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EU NÃO SOU MALUCO

EU NÃO SOU CADUCO

EU NÃO SOU MALUCO

EU NÃO SOU MACUCO

EU NÃO SOU MALUCO

EU NÃO SOU SURUCO

EU NÃO SOU MALUCO


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SE ESSA RUA SE ESSA RUA FOSSE MINHA

EU MANDAVA EU MANDAVA LADRILHAR

COM UM MONTE DE PÉ DE GALINHA

PARA O MEU PARA O MEU AMOR VOMITAR


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AGORA RESTA O ARROZ DA FESTA

O QUE É BOM É O QUE NÃO PRESTA

GANHEI PORRADA NO MEI DA TESTA

QUERO NAQUELA E QUERO NESTA

 

Solilóquio de Uma Multidão

Hum! Vou cantar que nem boi doente

Eu não tenho nada e nem parente

Tava lá atrás nem olhei pra frente

Pois é tudo igual se é diferente...


Hum! Comprei uma cara de madeira

Dei um chute no rabo do Zé Pereira

Não tem nem água na geladeira

Quando eu penso é que sai besteira...


Hum! Quero um salgado com travessura

Era quase de manhã lá na mata escura

Pois o cara veio cheio de frescura

Até o que está curado não tem mais cura...


Hum! Cocei meu saco quase um panda

Eu só bato pandeiro na tua banda

Sou cavalheiro nem quero demanda

É creme chinês feito na Holanda...


Hum! Bebo uma daquelas só no barril

Eu me caguei e ninguém viu

Só tem janeiro mas não tem abril

Quase que eu fui pra puta que pariu...


Hum!...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).


 

Ieu Quiero Oilhar Ia Tuia Buinda

Ieu quiero oilhar ia tuia buinda

Quiero siim, quiero nom, quiero siim!


Tu é linda que nem vinagre

Só peida por um milagre

Caixinha cheia de vazio

Quanto calor tem nesse frio!


Ieu quiero oilhar ia tuia buinda

Quiero siim, quiero nom, quiero siim!


Fica linda quando é zarolha
Parece aquele chá de rolha
Meleca feita com capricho
Acharam a vaquinha no lixo!

Ieu quiero oilhar ia tuia buinda

Quiero siim, quiero nom, quiero siim!


Estefi se rasga quase todinha
Engole um monte de bolinha
Vai se atirar lá na Brasil
Fumando cigarro de bombril!

Ieu quiero oilhar ia tuia buinda

Quiero siim, quiero nom, quiero siim!


Eu só invento quando não invento
A cara dela parece um cimento
Lambisgoia mais feia que a porra
Ah como eu gosto de uma zorra!

Ieu quiero oilhar ia tuia buinda

Quiero siim, quiero nom, quiero siim!


Minha mais suave aquarela
Faz mais de mês que ficou banguela
Eu só uso terno pra ficar pelado
E meu jabuti só anda de lado!

Ieu quiero oilhar ia tuia buinda

Quiero siim, quiero nom, quiero siim!


Só começa quando se acaba
Eu quero uma cana bem braba
Faz de conta que viu e não viu
Vamos cantar na puta que pariu!

Ieu quiero oilhar ia tuia buinda

Quiero siim, quiero nom, quiero siim!


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Alguns Poemetos Sem Nome N° 341

Por me faltar gestos

Ou não ter palavras

Só então me resta

Olhar os teus olhos

Como um pirilampo

Admira uma estrela...


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Não, eu não sou o soldado

Que entrou em fileiras por maldade,

Malvada é a vida,

Malvado é o mundo,

Eu sou o soldado que quer voltar pra casa...


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Não é que eu não goste do amor,

Todos os poetas gostam,

Não é que eu não admire a beleza,

Todos os poetas admiram,

Não é que eu abomine o riso,

Todos os poetas gostam dele...

Eu falo muito da tristeza

Porque ela vive falando de mim...


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Eu sou meu próprio Universo. De um extremo ao outro. Todos os detalhes. Eu sou o meu próprio Mundo. Os países que lá existem. Alguma paz, todas as guerras. A minha própria pintura. Pois não? Nela estão todas as matizes. A própria essência - da inspiração à ideia, da ideia ao esboço, do esboço até a realização e, finalmente, a obra que permanecerá num simples canto. Eu sou os meus dias...


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Ando em um labirinto feito de palavras. Não sei mais onde começaram, nem onde terminarão. Muitas delas me acariciam. Mas muitas delas acabam me ferindo. As palavras são desse jeito mesmo. Algumas berram, outras são tímidas. Umas vivem nas praças, outras nem do quarto saem. Só sei que abri as janelas e fechei as portas...


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Toda saudade é faca,

Fere quando ataca

Todos os medos são nossos,

Doem até os ossos

Toda paixão é louca,

Mesmo demasiada é pouca

Todo velho é menino,

Nunca envelhece o destino...


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 Porque tentei e tentei tanto

E após aquele cansaço

A pobre alma se fez em cacos...


Porque tentei e tentei tanto

E após aquele fracasso

Acabou todo e qualquer barato...


Porque tentei e tentei tanto

E após aquele espaço

A fruta envelheceu mas não madurou...

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Carliniana LXIX ( Sobras Interiores )

O nada que tive hoje

Não é o mesmo nada de amanhã...


Eu quero te ver desesperado

Como quem tentou errar

E acabou acertando todas...

Aquele meu amor quase eterno

É o moleque que sorri sem motivo

Trazendo qualquer estandarte...


Pisei em cima das flores

Com estes meus pés de nuvens...


Eu quero te ver tão calada

Como quem fixa os olhos 

E acaba adentrando no espelho...

A minha maldade é só bondade

Que nem eu mesmo sei

Como é um labirinto em linha reta...


Entreguem para o velho cão

Para roer seus próprios ossos...


Eu quero me ver gargalhando

Como um desespero mais poético

Que esqueceu de fazer versos...

Quantas ruas ainda teremos

Para sangrarmos os pobres pés

Antes que esta noite eterna chegue?...


Se quer comer alguma coisa

Encha seu prato com as sobras...

(In) Continuação 3

Rios indo na direção oposta

Mares com medos das marés

Descer a ladeira até o topo

Andar tendo asas nos pés


Ter medo do próprio medo

Não ver seu rosto no espelho

Atravessar feliz no tiroteio

Ficar surdo à um conselho


Tocar a viola sem cordas

Pedir moedas sem vê-las

Ser o Recruta Zero

General de cinco estrelas


Heróis correndo da raia

Sapatos andando sozinhos

Festas cobertas de luto

Confortável cama de espinhos


Faróis somente de dia

Senhas esquecidas agora

Torturas feitas de fama

Dar um chute na escora...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 26 de abril de 2025

(In) Continuação 2

Qual cadeira ficará até o final no jogo?

Qual ar vai nos faltar para irmos ao nada?

Estaremos cobertos de razão com mentiras?


A maçã afinal nunca foi nem será mordida

O verme desistiu e não passeará na lua cheia

Nossos dedos só irão servir para nos apontar...


Qual foi a asa que acabou falhando no voo?

Qual aviso que nos deram da pane do motor?

Existe alguma diferença entre rosa e vermelho?


O mercado agora está em absoluto silêncio

Os mortos sempre se esquecem de levar moeda

Quem é contra de quem é a favor levante o dedo...


Quem já viu olhos mais primitivos que estes?

Toda vez que roubo também acabo sendo roubado?

O famoso tem noção da merda que está fazendo?


A velhice do meu sapato não significa mais nada

Em termos absolutos acaba ficando tudo relativo

Cada frase vai aumentando até não poder mais...


Brincadeira de gato e rato acaba dando samba?

Toda bebedeira merece ter sua própria calçada?

Por que bons e maus acabam com a mesma frase?


A nova moda agora é fazer turismo num gulag 

Eu sapateio sempre nos melhores cacos de vidro

Ele vive pedindo para ganhar um soco na cara...


O churrasco de suas belas carnes já está pronto?

A minha dor só funciona quando dou bom dia?

Vamos fazer uma live action de múmias senegalesas?


O amor que tu me deste nunca foi nem será de vidro 

Estou planejando nunca mais fazer plano nenhum

Todas as pílulas agora só possuem trinta centímetros...


Qual cadeira ficará até o final no jogo?

Qual ar vai nos faltar para irmos ao nada?

Estaremos cobertos de razão com mentiras?...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 24 de abril de 2025

(In) Continuação 1

O vídeo que foi pausado pelo meio.

A inocência que nunca mais teremos.

As flexões verbais que nos mandam.

A erva daninha se alastrando no jardim.

O que ainda não morreu dia morrerá.

O saco de balas comprados antes da matinê.

As curvas famintas vindas antes das rugas.


Os lápis de cor descansando mudos.

O giz parado quase como um cigarro.

Nada mais era que o sonho noite passada.

O bulliyng que acabou enlouquecendo ela.

A normalidade sempre perdoa a crueldade.

Os jornais agora saem correndo pelas ruas.

Ele dormiu bêbado na porta da igreja.


O velho ventilador agora exige explicações.

Novas palavras inventadas para inutilidades.

A importância de não ser mais importante.

As entrelinhas das estrelas agora apagadas.

Toda a dificuldade possuía uma boa intenção.

Queriam me levar para morar fora da galáxia.

Qualquer baião-de-dois agora dá para três.


Compre nosso novo creme para enfeiamento.

Dom Quixote agora só comerá em fast-food.

Ainda sobrou um pouco de doce no amargo.

Namastê para você seu grande filho-da-puta.

Quanta fofura tem aqui nessa barra de ferro.

Os vampiros fizeram uma fila banco de sangue.

O dentista tem todos os seus dentes cariados.


Vamos brindar com um copo de querosene.

Qualquer doença acaba adoencendo no final.

Mentes rasas com gargantas bem profundas.

Seu passatempo favorito é beber até desmaiar.

Borboletas grafites agora são os novos pets.

Por uma coxinha o cara mata até a mãe dele.

Enfiar o dedo na tomada agora é uma terapia.


Os guaranis agora gostam mais de guaranás.

Toda arte se não for abusada não tem sentido.

Ela deitou no chão e só levantou no dia anterior.

Só gosto de domingos que caírem nas segundas.

Ontem eu pedi socorro para a Maria do Socorro.

O inferno é um bom lugar para comemorações.

Tenho mais grilos na cabeça do que o mato.


Ano passado eu queria um bife bem passado.

O intestino delgado agora está bem grosso.

A pedra foi jogado na água e não se molhou.

Meu estômago é quem dita as minhas regras.

Somos suspeitos para até falar desta suspeita.

A riqueza pode nos ensinar só o que é o vício.

Daqui até aí minhas asas já estão cansadas...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

 

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Carliniana LXVI I I ( Mentirosas Verdades )

Alguém me ama pelo que eu sou

Eu estava calmo na hora do gol...


Mentira! Para cada dez versos

O poeta faz no máximo um que sente

Os outros são meras acrobacias

Para que ele se sinta contente...


Me ovacionam por aquilo que digo

Falar a verdade não oferece perigo...


Eu olho toda e qualquer uma bunda

Como se não fosse nenhum pervertido

E aceitar qualquer moda ridícula

É sinal de bom senso e faz sentido...


Vamos tentar enxergar além do muro

Mesmo que isso seja perigoso e inseguro...


Faça chuva ou mesmo ainda faça sol

Tudo estará sobre nossas pobres cabeças

E mesmo correndo nunca escaparemos

Das mais cruéis de todas as sentenças...


Alguém só me ama pelo que eu tenho

E afinal de contas nem sei de onde venho...

Carliniana LXVI I ( Doces ou Atravessuras? )

Voarei do mais alto morro que houver na minha cidade

Falarei a maior das mentiras dizendo que é felicidade

Abrirei a gaiola pra que fuja esse pássaro saudade...


Doces ou atravessuras?

Estarei por aí nessas noites escuras?


Gritarei enquanto tantos ficam completamente calados

Emprestarei meu manto pra que possam jogar dados

Abrirei meus braços enquanto muitos estarão cruzados...


Doces ou atravessuras?

Teremos mais doenças pra tantas curas?


Irei andando de um ponto à outro deste meu país

Ficarei cego e acharei que um dia já fui feliz

Passarei por um tiroteio e vou escapar por um triz...


Doces ou atravessuras?

Quem irá pular destas mais altas alturas?


Agora os caçadores acabaram virando alvos

Não há mais salvação nem pros que estão salvos

Agora até os que praticam a bondade são malvos...


Doces ou atravessuras?

Acabamos fazendo apenas outras loucuras?...

Enfim...

Enfim...

Uma nuvem cobriu o sol 

Isso foi bom ou não?

Não sei...

Afinal, nunca sabemos de nada...


Enfim...

A conta foi feita certa

Outras também vão ser?

Não sei...

Temos mais errod que acertos...


Enfim...

O verdadeiro amor chegou

Quem tem certeza disso?

Não sei...

Mesmo assim que seja bem vindo...


Enfim...

O medo acabou indo embora

Será que foi para bem longe?

Não sei...

Se a morte for com ele será melhor...


(Extraído do livro "Leonardo e O Chão" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Vale Quanto Reza

Vale quanto pesa

Vale quanto reza

Vale quanto preza...


Chinela de couro cru

Vermelho que é azul

Nortista vindo do sul...


Come o que não tem

Come o que não vem

Come o que é além...


Rainha da bateria

A sobrinha que é tia

Nossa geladeira vazia...


Santa Inquisição

Santa masturbação

Santa perturbação...


Voo rasante no escuro

Sambar em cima do muro

O prato do dia é pão duro...


Porrada da polícia

Porrada de carícia

Porrada sem malícia...


Cana de fundo de quintal

Limpar a bunda com jornal

O rato agora é que faz miau...


Cigarro sem nicotina

Cigarro sem rotina

Cigarro sem estricnina...


Rei Momo agora faz regime

Falar correto agora é crime

Peidar na rua é tão sublime...


A ciranda que desanda

A ciranda que desanda

A ciranda que desanda...


O vivo baixou num terreiro

A nova igreja é no banheiro

Deus não é mais brasileiro...


Vale quanto pesa

Vale quanto reza

Vale quanto preza...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Ela

A cara dela de deboche

Algumas tatuagens sem lugares definidos

Os meus tiros dados no escuro

Sem me lembrar quais os tempos idos


Quero o corpo e quero a alma

Sou mais um paciente sem trauma


O jeito dela sem jeito

O amanhã que parece ontem e igual

A uma rotina sem rotina

O sangue ferve sendo isso tão normal


Teus olhos estão fora de lugar

Isso é comum não podemos evitar


O Cão que dorme ao teu lado

É o mesmo que não pode me morder

Eu coloquei minhas asas novas

E é ele que não poderá mais se socorrer


Ela e ela e ela

Por que até as dores me fazem lembrar de você?


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 20 de abril de 2025

Primeira

Quando escrevi a primeira palavra

Não consegui parar mais...

Palavras são cúmplices que nos salvam

De dias cruéis e tão mais comuns...

Palavras são mais que artifícios

Para que nossos prédios não desabem...


Quando bebi da primeira dose

Não consegui parar mais...

Minha embriaguez não possui limites

E eu mesmo que construo minhas fronteiras...

Minha embriaguez é a minha mágica

E ela vai me protegendo de feios espelhos...


Quando dei a primeira tragada

Não consegui parar mais...

Fiz de todas as nuvens do céu

A minha única e real fumaça...

Vou rindo de tudo que posso

E às vezes até do que não...


Quando dei a primeira caminhada

Não consegui parar mais...

Deve ser isso que chamamos vida

Seja em que língua que for...

E a nossa última caminhada

É aquilo que chamamos morte...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Falência da Estética

Os discos voadores agora fazem Uber

E a tradição virou o novo prato do dia

Serenamente entramos em desespero

Porque agora as bundas estão em falta

Nossos deuses agora andam conosco

E quem não tem celular é mais um ateu

Faltam-me dentes para engolir a água

Quanto mais estou sério é que vou rindo

Enquanto chicoteio as minhas palavras

A respiração pertence agora às putas

Quanto mais formos medíocres é melhor

Esperamos que a comida estrague logo

Algoritmos agora são os nossos piolhos

E a minha apatia grita em altos brados

Só fugiremos se conseguirmos criar asas

Mas até os aviões possuem e também caem

A moda esfrega seu sexo bem na nossa cara

Não importando qual o gênero da hora

Muitos assassinam seus sonhos sem sonhar

Enquanto vou sendo um merda qualquer

Bem menos que um drone ou pet de rico

A jovem mãe de família fuma sua maconha

Enquanto espera o dia do bolsa-família

E o Falso Profeta agora chora de comoção

Lindos cadáveres em suas redes sociais

Água podre agora higienicamente embalada

Requintes de crueldade para os requintados

Cachaça para sustentar a semana inteira

Trabalhar só para dizer que trabalhamos

Porque os capitalistas adoram nosso jejum

Muitos cozinham restos em latas de tinta

Agora pagaremos pedágio para a luz do sol

O Inferno nunca precisou nem precisará de Dante

Basta meia verdade para provocar um desastre

Esta sua roupa está lindamente tão horrível...


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Estética da Falência

Manhãs tão tristes como tardes e noites...

Ah! E não nos esqueçamos das madrugadas!

A velhice acabou chegando sem cumprimentar.

Quem somos nós? Os mais tristes artistas,

Os clowns da ignorância, falidos vilões...

O leão rola na lama, mas as pulgas sabem nadar...

Nem todos os copos do mundo nos bastam...

Todas as drogas levam ao mesmo poço 

E para se esconder nenhum poste é suficiente...

Nem tudo o que se aprendeu é o mais certo.

Não adianta se abrigar sob os escombros!

As tempestades acabam vindo mesmo à revelia...

A fumaça sobe sempre em direção ao nada...

Consigo ser mais ridículo ainda do que sou?

Consigo beber até não cair no chão? Vomitar?

Algum dia dormi em paz comigo mesmo?

Sou o mesmo que olha no espelho todos os dias ou não?

Não sabemos se tudo valeu ou nada existiu...

Se a morte é o castigo para todos ou uma dádiva...

O cão tenta morder a sua própria cauda

Enquanto os incensos acabam invadindo o ar...

E o sábio não possui resposta alguma

Principalmente para as perguntas que não fizemos...

Quer um café? Pena que não tenho nem isso!

Mas se quiser recordações tenho centenas, milhares talvez...

Arrume direito essa camisa, venha para cá logo...

Ainda há muitos e muitos caminhos pelo sol!...


(Para L.L.P., extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

 

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Kafkiana

Há uma barata que decidiu morar no meu quarto

Não fui eu que a convidei, elas que decidem isto

(Quando falamos em ter sangue de barata, estamos certos

Possuem a felicidade de não terem medo, apenas correm)

Deve ser uma barata sábia, conhece todo o quarto

Até os cantos que nunca estive e que, afinal, nunca irei...

Ela é nojenta como todas as outras baratas?

Sim, sem dúvida, isto faz parte de sua natureza

Nojenta, cascuda, cheirando à barata, roendo tudo

Mas não esqueçamos, como humanos somos bem piores

Já viram alguma barata matar outra por dinheiro?

Esconder o que ela é numa rede social?

Ou as baratas de um país atacarem outro sem piedade?

Pobres seres, originários da mesma fonte do que nós...

Não fizeram grandes obras de arte, nem destruíram

Não possuem casas, mas também nem as derrubam

Não usam roupas e não possuem vergonha de sua nudez...

Fique por aí, minha cara e digna barata, inseto nocivo

Só não pouse em meu rosto antes deu estar em meu caixão...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

 

Facilidade

Comece a dançar como um rato...

Comece a cagar como um gato...

Suba no fio feito um passarinho...

Tente enfrentar o mar mesmo sozinho...

Fale toda a merda que vier na mente...

Faça com que o igual se torne diferente...

Chore desesperado como um contente...


Enfie um punhal dentro da orelha...

Caia sentado em cima da casa de abelha...

Puxe briga com o cara mais valentão...

Vá ao banheiro e faça coco só no chão...

Peça comida e jogue fora e coma o prato...

Mande seu patrão ir passear de quatro...

Entre num tiroteio como se fosse teatro...


Beije na pata de um cachorro louco...

Presencie um temporal e peça um pouco...

Tire uma meleca e guarde pra mais tarde...

Receba logo o seu diploma de covarde...

Coloque no pé esquerdo o sapato direito...

Se perder tudo aí sim fique satisfeito...

Se perguntarem quem matou bata no peito...


Só segure a cobra se segurar pelo rabo...

Só faça uma oração se for para o Diabo...

Quando tomar uma só beba de copo cheio...

Se entrar na contramão não pise no freio...

Quando for pedir perdão só peça rindo...

Quando for embora diga que está vindo...

Quando o problema chegar diga bem-vindo...


Se estiver sem grana peça o mais caro...

Se for no concurso vá sem um preparo...

Pule de cabeça dentro de uma poça d'água...

Se te perguntarem diga que só guarda mágoa...

Beba num copo descartável que já foi usado...

Só acenda um cigarro se for do outro lado...

Só use um casaco novo se estiver manchado...


Comece a dançar em um enterro...

Comece escolher logo pelo erro...

Vá lá na esquina para catar coquinho...

Tente enfrentar o mar mesmo sozinho...

Fale toda a merda que estiver no fundo...

Perca sua vida em menos de um segundo...

Tudo que é fácil não pertence ao mundo...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Poesia Gráfica LXLII

FUTUM DE ROUPA SUJA

FUTUM DE MEIA SUADA

FUTUM DE DIAS SEM BANHO

FUTUM DE BARRACO VELHO

FUTUM DE COMIDA ESTRAGADA

FOTO DE ROUPA LIMPA NA REDE SOCIAL


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O HOJE É O AMANHÃ ATRASADO

O AMANHÃ É O ONTEM ADIANTADO

O DE COSTAS É O DE FRENTE DE LADO

O SÃO É O DOENTE SARADO

O RAIVOSO É O AMANTE DESAMADO


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DESCENDO O MORRO

 DESCENDO O MORRO

  DESCENDO O MORRO

    DESCENDO O MORRO

      DESCENDO O MORRO

         DESCENDO O MORRO


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COLÉ MANÉ?

COLÉ SEU ZÉ?

COLÉ CHULÉ?

COLÉ QUALQUÉ?

COLÉ BEBÉ?

COLÉ PAPÉ?


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NÉ MOLE NÃO!

NÉ MOLE PÃO!

NÉ MOLE SÃO!

NÉ MOLE CÃO!

NÉ MOLE BÃO!

NÉ MOLE VÃO!


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POIS A CANTORA FAMOSA

TANTO CAGA QUANTO GOZA

POIS O CANTOR FAMOSO

TEM O COCO HORROROSO

POIS A CANTORA FAMOSA

POR DINHEIRO FICA PROSA

POIS O CANTOR FAMOSO

TAMBÉM É UM MEDROSO


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FICOU PELADO NO CARNAVAL!

TINHA CU E TINHA PAU...

FALOU MERDA PRA GERAL!

TÃO IDIOTA NÃO TEM IGUAL...

SE VENDE POR QUALQUER CACAU!

O DINHEIRO É SEU GENERAL...

terça-feira, 15 de abril de 2025

É A Mesma Dança

É a mesma dança, o mesmo passo,

É essa mesma monotonia,

Mesmo alegre, se tem compasso,

Carnaval no lixo ou na Bahia,

Se tem dinheiro ou não tem nada,

Pula na fogueira ou na água fria,

Se tem carinho ou tem porrada,

Bolso cheio, geladeira vazia...


É o mesmo parto, a mesma morte,

Saiu pelado ou de fantasia,

Escapou ileso ou teve um corte,

Berrou demais ou teve afasia,

Desmaiou no meio da sala,

Foi honesto com sua patifaria,

Ficou em casa, mas fez a mala,

Sempre prometeu, nunca cumpria...


É o mesmo enfeite, a mesma chaga,

Falou verdade ou só mentia,

Acendeu a vela, rogou a praga,

Comeu do resto, mijou na pia,

Deu um susto no cara morto,

Escreveu um livro e nada sabia,

Era um navegante sem ter porto,

Pai de família da mesma putaria...


É a mesma dança, a vida...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

Nai Teirra du Naida, Nu Dia du Impossive

Muriola com cerveija é bão! Vaile mais que um milhão! Sairdinha cum tuibarão? Isso vai dair confuisão... Feiliz ié u gaito! Qui naum preicis...