Quando berimbau é gaita,
Quando assopro é vento,
Quando fome é baita,
Quando festa é momento...
Quando a bailarina gira,
Quando a viola chora,
Quando a morte vem e tira,
Quando tira o que veio agora...
Quando a vontade teima,
Quando a birra vem e grita,
Quando a maleita queima,
Quando a ferida é aflita...
Quando a comida falta,
Quando toda ética falha,
Quando é folha sem pauta,
Quando rotina é batalha...
Quando sexta é segunda,
Quando trampo é sacrifício,
Quando o pé vai na bunda,
Quando viver é artifício...
Quando chão molhado escorrega,
Quando o sofrimento é pleno,
Quando qualquer praga pega,
Quando remédio é o veneno...
Quando o andar é a ginga,
Quando a carícia é bruta,
Quando a água é a pinga,
Quando a estrada é luta...
Quando enfeite é remendo,
Quando enterro é festança,
Quando duvido estou crendo,
Quando o mestre é criança...
Quando o teu beijo é tapa,
Quando a trama é traiçoeira,
Quando a chance escapa,
Quando não tem maneira...
Quando berimbau é gaita,
Quando essa brisa é vento,
Quando paixão é baita,
Quando o fim é o momento...
(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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