terça-feira, 28 de novembro de 2023

Lilai

Combinação perfeita de impossibilidades

O Paradigma 64 em brancas nuvens

Janelas mais exuberantes por agora

Eu nunca sei se sei de alguma coisa tal

Espero esmerar-me em francos abismos

Onde estão as feiras de antanho?


O azul pode ter inúmeras nuances 

E o vermelho o segue em seus passos leves

Façamos silêncio para não acordar o tempo

Seu sono é bem mais leve que uma pluma

Que venha o calor de que tanto gosto

Alguém viu o sonho que estava por aqui?


Tanto na selva quanto na cidade estou só

Nem mesmo eu consigo rir de minhas piadas

Meus elogios são um tanto mais estranhos

Meu amor é um amontoado de excentricidades

Como rastros que encontrei pelo deserto

Será a tristeza dos camelos contagiante?


Dois dedos de prosa podem salvar o dia

Não avisto mais sinais de fumaça com novidades

Os cabelos verdes dele tingidos de papel crepom

Há muitas regras que serão ignoradas agora

Todos os fetiches estavam na barra de tarefas

Minhas tatuagens poderão criar até vida?


Conheço apenas uma e somente uma cor

Veja como está lindo esse sol na cor lilás...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 26 de novembro de 2023

Verdade Apagada

Estava tudo lá... No meio dos riscos e dos rabiscos de giz barato comprado aos montes... Não comi casca de queijo alguma, mas andei caprichando nesse meu esquecimento tão medíocre. London é logo ali na esquina, não sou bardo algum digno de nota mesmo que seja negativa...

Eu tentei vários sinais... A falha faz parte de qualquer plano de nossos acertos... Enquanto minha boca masca chicletes aos montes, a mente descansa pelo menos um pouco. Toda desculpa é um farrapo jogado no quintal baldio que todo bairro quase miserável tem...

Escrevo em muros vãs amores... O efeito da frase acabou errando o alvo e fui eu que me machuquei. Na carta que não recebi veio o perfume que você nunca usou. Minhas mãos são rudes o bastante para destruir qualquer flor que for colher...

A tia fez cara feia... Minha cara se avermelhou e eu saí praguejando todo o universo... A velha Olivetti foi meu carrasco e algo perdido foi aquela minha sentença. Viver é uma sina mais que dolorosa, mas espero cumpri-la até a última das gotas...

A cor sempre foi azul... Rosas de impossíveis tons tem sua existência garantida em mim... Eu não sei soltar pipas, mas aprendi a voar com todas elas. Podem me dar alguma nuvem e eu desenharei nelas mais do que fizeram nas paredes das pirâmides...

Suavemente falta-me quaisquer suavidades... A fogueira está quase pronta para queimar meus velhos restos... As velas se consomem num quase silêncio de sepulcros. As tatuagens que possuo esperam o momento exato de poderem voar...

A corda do instrumento acabou de romper... Som ou ruído, agora tanto fez e tanto faz... Há muitos olhos que enxergam, mas são cegos demais para executar qualquer ação. O ouro acaba enrijecendo todas as mãos que toca, não importando quais são...

Estava tudo lá... No meio dos riscos e dos rabiscos do batom barato na boca da puta comprado aos montes... Não comi a minha esperança alguma, mas andei caprichando nesse meu esquecimento tão pedinte. London é logo ali na esquina, não sou bardo algum digno de nota mesmo que seja mentira...

sábado, 25 de novembro de 2023

Poema das Dez Horas

 

A parábola das parabólicas,

O ar viciado em boas maneiras,

O meu celular queimou quase agora,

Acabou-se o mundo na velha cantiga de roda.


Faço estrelas sob encomenda,

Desenhei uma reta toda em curva,

A hortelã alastrou-se pela nossa horta,

Minha maldade tem vários ataques de vertigem.


Aranhas calculam suas teias,

O vento quase apagou a pobre vela,

Cuidado com o dedo enfiado na tomada,

As tranças dos cabelos dela desmancharam-se.


Tive alguns lindos pesadelos,

A sorte insólita de alguns principiantes,

Mares nunca dantes navegados agora não mais,

Minha inocência mergulhou num profundo abismo.


Eu mastigo sérias palavras,

A dor acabou virando lugar-comum,

Aqui jaz tudo aquilo que um dia eu quis,

Se bateram palmas foi apenas por um engano.


Os prazeres agora enfartaram,

Meça o tempo com aquela régua ali,

Quem chegar primeiro perde a corrida,

Eu rezo contrito implorando coisa alguma.


Doses homeopáticas de ilusão,

Vazio cheio de toda coisa nenhuma,

Eu não me apiedo nem de mim mesmo,

Queria poder ficar acordado depois das dez...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Poesia Gráfica LXXIX

E N G R E N A G E N S E N F E R R U J A D A S

D I A S E M R O T I N E I R O S C H O R O S

T E C N O L O G I A D O S E S Q U E C I D O S

N O T Í C I A S D E I G U A L O B V I E D A D E

E U A G O R A S O U O T E M P O R A L


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P O E S I A D E A L G U N S D E N T E S

O L H O S T O R T O S E M S O S L A I O

T O D O T E M P O V I R A N D O A L G U M

D E S C O B R I M O S O F O G O

E N C O B R I M O S M A I S U M L U T O

T E M O S F A L S O S E L O G I O S

E P R O F E C I A S Q U E F A L H A R A M


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S E I S M E I A D Ú Z I A

S E I S D O Z E A O M E I O

S E I S M E I O R E L Ó G I O

S E I S M A I S Q U E C I N C O

S E I S Q U A S E S E T E

S E I S A M Ã O M A I S U M D E D O

S E I S M E T A D E D O A N O

S E I S A S E M A N A P A S S O U

S E I S S E I S 

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ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO

SÓ NÃO VAI

QUEM JÁ MORREU


ATRÁS DO JÁ MORREU

SÓ NÃO VAI

O TRIO ELÉTRICO


ATRÁS DO SÓ NÃO VAI

QUEM NÃO ELÉTRICO

FOI O TRIO MORREU


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I N T E L I G Ê N C I A A R T I F I C I A L

I N T E L I G Ê N C I A S U P E R F I C I A L

I N T E L I G Ê N C I A N Ã O O F I C I A L

I N T E L I G Ê N C I A I N E S S E N C I A L

I N T E L I G Ê N C I A P A R A O B O Ç A L

I N T E L I G Ê N C I A A R T I F I C I A L


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T O D A S A S T R I B O S

T O D O S OS E S P E L H O S

T O D A S A S V A I D A D E S

U M I N T E R V A L O D E M I N U T O S

E U E N L O U Q U E Ç O 

M A I S D O Q U E D A C O N T A


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N A D A D E N O V O N O F R O N T

N A D A D E N O V O N A F R O N T

N A D A D E N O V O N A F O N T

N A D A D E N O V O N A P O N T E 


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Idade Mídia (Versão em Vídeo)


 

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Não Tem Sol?

Não tem sol? Eu faço um...

Não tem motivo para a festa? Eu arranjo um...

Necessitamos com urgência

Que algum carnaval chegue logo

Para colocarmos nossas fantasias...


Não tem sol? Eu mando buscar...

Está em falta no mercado? Dá-se um jeito...

A alegria que ele nos dá

Acaba afugentando toda tristeza

Para lugares muito longes daqui...


Não tem sol? Isso é bem fácil...

Lembra de alguma canção? Cante aí...

Enquanto isso faço um na areia

Daqueles que já chegam sorrindo

E que nunca irão falhar vez alguma...


Não tem sol? Eu faço um...

Ou então tiro esse aqui de dentro do peito...

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Poema Sem Borboletas

Elas não estão mais lá...

Se um dia estiveram, faz muito tempo...

Nem minha memória guarda mais isso...

Deve ter sido um tempo bom... Nem doía...

Antes da tempestade, sim senhor, antes dela...

A morte estava mais longe, estava sim...

Haviam muitas e muitas noites,

Umas só de medo, outras só de encantos...


Elas não estão mais lá...

Com suas asas de fada, já foram embora...


Tudo acaba partindo...

O tempo não tem paciência, não tem nenhuma...

Todas as flores logo acabam morrendo...

Mas suas cores continuarão imersas nos olhos...

Seu aroma fará um bailado invisível no ar...

Poderão ir até em um jardim mais bonito?

Qual? Num jardim feito de brancas nuvens,

Para onde vão todas as borboletas um dia...


Elas não estão mais lá...

Mas meus olhos tristes ainda lhes procura...

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Um Poema


Só existem duas opções:

pra cima ou pra baixo...


A vida tem dois caminhos:

os sonhos morrem ou envelhecem...


A morte é uma flecha certeira:

sempre acerta o seu alvo...


Por isso (e não mais que isso)

coma cada momento feito um faminto,

Aproveite cada ternura

como uma moeda que o mendigo ganhou,

Ria sem motivo algum

(até o desespero vale se é engraçado),

Dance sempre que puder

(principalmente em nuvens

e nunca se esqueça do carnaval)...


O bem e o mal são irmãos gêmeos,

cuidado! a escolha é sempre difícil...


Enxergue sempre poesia

(mesmo se não a ver de imediato)

pois ela sempre estará lá...


Não se arrependa de nada,

sobretudo aquilo que fez por amor...


Vista sua melhor roupa,

a outra que será definitiva não possui escolha,

Mostre aos verdadeiros amigos

o valor que possuem enquanto pode,

Seja louco porque só a loucura

pode mostrar a nossa verdadeira natureza,

Seja sempre honesto e leal

para não correr perigo consigo mesmo...


Nunca tenha medo de nada,

só o medo pode possuir ele mesmo...


Só os olhos possuem beleza

e podem dá-la ao que quiserem...


O silêncio é a maior das eloquências

e a sinceridade a maior das estratégias...


Só existem duas opções:

pra cima e pra baixo...

E o meio? Nunca existiu...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Pinga Moderna

Eu vi periquito quase verde, vi sim!

Tava ali no boiteco tumando uma, tava!

Vi tumbém Rodolfo caindo redondo

Na porta da padaria, bem na porta!


Doce fragilidade sem sabor de velhos capos

E capotes já fora de moda em chuvosos dias...


Mercedes bebeu até cair, até cair!

Vremeia que nem cereja, tomando celveja!

Naquela ruinha do lado da Adelaide

Em tempos idos, até que um tanto bons!


A miséria que vive berrando desesperada

Como os porcos que vão para sua matança...


Iara mijou sentada, sim, mijou sentada!

A calçada é um lugar qualquer para tal façanha!

A morte não é nada, mas a vida é menos ainda,

Principalmente para os que não tiveram nada!


Sonhos são vagalumes bulindo na zoiarada

Uns demai e outros demeno, mai sempre...


 A cana desceu goela abaixo que nem tombo

Mas só fez essa porra, só essa porra! ...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Poema Tirado de Uma Notícia de Jornal Caralho Nenhum

Benevides Bunda-Grande não era carregador de nada porque na biboca onde ele morava nem feira tinha, que dirá livre.

Uma noite ele chegou com as fuças cheia de pó do ruim

Passou mal e foi levado ao UPA mais perto que tinha

Estrebuchou

Gritou feito gato envenenado

Se cagou todo

E depois ficou parado com os olhos revirados e bateu as botas...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Marimbondo Suado

Fui na Vila Nova de Gaia lamber sua saia

Fui num chá beneficente arrancar um dente

Desisti de um coito pra ir comer um biscoito

A pobre da mosca acabou perdendo a rosca

Fui passear em Barcelona e dormi sob a lona

Eu quase não saio porque quase sempre desmaio

O quadrado do marimbondo é quase redondo

Os bezerros à vezes também cometem seus erros

Uma mosca de banheiro ali para o cavalheiro

Um autógrafo do Gautama ali para a dama

Temos churrasco de gato com certo anonimato

Um copo de namastê pronto para você beber

Fui num safári em Copacabana que foi bacana

Seu Cazuza estava com a mente tão confusa

Preciso de um prego para pregar na parede meu ego

Meu remorso quase que teve mais um troço

Villa-Lobos deu algum dinheiro para os bobos

Para o glutão o escritório é no seu refeitório

Todos os alhos são aparentados com os bugalhos

Todas as carpideiras possuem boas maneiras

Estava esperando na janela um jeito de dar trela

Só bebo mate se tiver pelo menos vinte e quatro quilates

Até Neneca um dia já sentou numa boneca

A nossa inocência é composta de 100% de indecência

Fazemos um patê de jiló do tempo da minha avó

O defunto não quis nem mais puxar assunto

Três mais quatro é dezesseis desde a morte de Inês

Fui na Nova Guiné para bater um papo com seu Zé


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Vinho Tinto No Canavial

Caneca bem grande

Meleca maior ainda

Selos e estigmas caem bem

Aos patos os sapatos

Aos gatos os ratos

Na tapera tem lua cheia

O saltimbanco comeu o tamanco

Fui beira de rio ali

Joelhos esfolados no vidro

Almeirão e jujubas

Beijo de língua no cartão de crédito

Na fila acaba o medo

Enfia o dinheiro no rabo

Marcela lê a tabela

Burburinhos e ameixas

O conde tá aonde?

Felícia usa botas

Eu queria ser anime

Toda perfeição erra

O mar também é céu

A raposa lava lenço

A Joeli é logo ali

O difícil é mais simples

Use Paco Enrabane

Cego que nem vidro

Justo que nem chulé

Discurso de peidos

Tico-tico é dois

Como mais que vomito

Nunca dormi acordado

O fantasma fuma havana

Envelope de galope

Na sexta feira tudo

Pago mico com pix

Hugo pegou as chaves

Sinhá batuca agora

Essa merda é minha

Violão de corpo 

Vade retro retroescavadeira

Pirão de molho é

Tone matou a sede

Tenho saudades de eu

Narciso bebeu cana

Escaparam por uma letra

O bofe comeu bofe

Batam palmas pro idiota

O ofício dos ossos

Madruguei gorinha mesmo

A bruxa foi de drone

O Chico tem butico rico

Canto e choro e decoro

Cortina de papelão

Meia pelo meio

Pelanca de carne dá cheiro

Engano de corno

Boi deitado é boi

Dois dedos de chá

Acabou a bisteca

Fui no canavial

E enchi a cara de vinho...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Sob O Céu Sobre Gaza

A maldade onipresente...
A crueldade onisciente...
A covardia onipotente...

As bombas desabam dos céus
Como pássaros tão atingidos
E milhares de pedaços pequenos
De sonhos são desfragmentados...

A destruição onipresente...
A carnificina onisciente...
A mortandade onipotente...

A carne não resiste a morte
Enquanto os metais brilham
Na mão de demônios risonhos
Que também terão o seu final...

O genocídio onipresente...
O fratricídio onisciente...
O malefício onipotente...

As crianças não poderão brincar
Agora jazem sobre os escombros
Não importa de qual lado são
Soldados são sempre malvados...

A ganância onipresente...
A intolerância onisciente...
A desesperança onipotente...

Mas ainda assim surgirá das ruínas
A esperança repleta de sã teimosia
O frio não pode matar a semente
Como Fênix das cinzas ressurgirá...

A ternura onipresente...
O amor onisciente..
A paz onipotente...

Diálogo de Porra Nenhuma I

Perrone tartamudeia nos ouvidos da Juricéia

Histórias de ninar da ante guerra:

Estamos marcados por nossas feridas

Assim como leões fidalgos de quintais ibéricos

E isso consiste nossa sina mais irrisória.

Possibilidade de nos baterem palmas temos,

Mas estamos pendurados no gran abismo

Com essas cordas de violino desaproveitadas!

E ela languidamente responde em gestos:

Pode ser que sim, pode ser que não, depende.

Os inventores de farsas um tanto canibalescas

Agora ladram feito pitbulls adestrados e sensíveis

Na arte pictórica de bailar em folhas de alumínio.

E o que será de nós? - Pergunta ele em libras.

Não, sei, desconhecido de quase meio minuto -

Responde ela enquanto pensa como doidivanas.

Olhe quantos camelôs travestidos de narcisos

Agora nos sobrevoam enquanto cospem cerejas.

A vida é apenas um boliche e somos os pinos...

Desde que Tesla foi beber um chá e não voltou

Os milharais estão cheios de milho e só,

Os corvos apreciam um bom maxixe húngaro.

E Perrone franzindo suas sobrancelhas de abelha

Habla em tom mais do que enigmático:

E então onde, ó amada, comeremos coxinhas

E beberemos nossos refrescos de anis com sal?

- Não faço ideia, ó venturoso desventurado,

Quixote de inúmeras promoções dos Desapegos,

Essa pergunta é assaz liliputiana qual pó de arroz,

Espinhas de peixe poderão surgir aos montes

Para desagrado dos barões que viraram ossos...

Então façamos um trato, minha cara tão cara,

Não nos importaremos mais com vulgaridades

Tais como são expressas pelo Marquês de Lebichano,

Plantemos hortaliças em nuvens de crepom caseiro

E vendemo-las com nozes quadradas de além-mar.

Sim, meu querido, juro pelas botinas do meu pai!


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Possibilities

E o teto canta canções silenciosas

de uma chuva quase sempre ou quase nunca

em que passos de gatos são acompanhamentos

de um certo luxo que nos é desconhecido...


A praça dá discursos cheios de solenidades

que os cães aplaudem com real entusiasmo

principalmente quando não são domingos

e as folhas dão saltos suicidas para o chão...


Vejamos a filosofia ensinada dos pássaros

que tentam engolir de uma vez o infinito

enquanto o sol exibe sua nudez estonteante

de um tempo incalculável que tudo segue...


Eis ali a água do mesmo mar de medo e amor

cumplicidade da tela de incontáveis peixes

e de mistérios de tempestades que gritam 

suas inúteis palavras de ordem como poemas...


Eis aqui minha alma que geme e apenas isso

como o paciente que em mesmo estando terminal

não desiste de ficar berrando na escuridão

pelo teu amor que nunca tive e nunca terei...

domingo, 19 de novembro de 2023

Silêncio Gritante de Uma Velha Fotografia

Todos os males do mundo

numa caixa sem Pandora,

Abriram-na

e jogaram a chave fora...


A parede está caindo

já caiu até a escora,

Eu já vou indo

está chegando a hora...


Todos os feitiços que existem

nada mais me apavora,

A saudade é apetite

e tudo e todos devora...


Um papel jogado no lixo

é isso que é agora,

O vento carrega pra longe

leve logo sem demora...


Todos os males do mundo

numa caixa sem Pandora,

Sou eu na fotografia

porque jogaram fora?...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 18 de novembro de 2023

Toda Vai



Toda tristeza que é,

Toda tristeza que vai,

Todo foguete que sobe,

Toda estrela que 

                          c

                          a

                          i...


Toda saudade que fica,

Toda esperança que vai,

Toda lembrança que mata,

Toda lembrança que

                                 e    s    v    a    i  .   .   .


Toda paixão que fica,

Toda paixão que vai,

Toda alegria que se esconde,

Toda alegria que                               sai...

Perfect!

Eu guardei uma pedra em mim

E não era no rim...

Era uma pedra de saudade...

Ah! Mas que maldade...


Guardei histórias contadas,

Mesmo com lentes embaçadas...

Inúmeros carinhos mortos,

Que foram a outros portos...


O meu pássaro morreu cantando

Estava esperando...

E a espera era tão irritante...

Nossa! Tão interessante...


Guardei lembranças rasgadas,

Tantas fantasias adulteradas...

Becos sem nenhuma saída,

Chamaram isso de vida...


Eu guardei uma pedra em mim

E não era no rim...

Era uma pedra de maldade...

Ah! Mas que saudade...

Poesia Gráfica LXXVIII

N O N A D A 

O N D E V A I D A R A E S T R A D A ?

S  E M V O G A I S S Ó C O N S O A N T E S

E N G O L I A L G U N S I N S T A N T E S

N E M V I D E O N D E V I R I A M 

S Ó S E I Q U E M E F E R I A M

N O N A D A

E S T Á A N D A N D O O U P A R A D A


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A C I D A D E A L T A 

A C I D A D E F A L T A

A C I D A D E M A L T A

A C I D A D E M A T A

A C I D A D E P A U T A

A C I D A D E A L T A


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E A N Á U S E A D O P O E T A É A M A I S I N S U P O R T Á V E L E L E Q U E B R A P A L A V R A S E S M I G A L H A L E T R A S C O S P E N O S V E R S O S C A G A N A S R E G R A S N Ã O H Á M O T I V O N E N H U M P A R A C O M E M O R A R Q U A N D O I R E M O S M O R R E R R E S P O N D A L O G O...


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A S E R P E N T E Q U E R I A S E R P E N T E

A V I O L A M A I S N A D A V I O L A

S I M P L E S M E N T E S O U S I M P L E S

O B A I L A D O N Ã O T E M L A D O

A C A R T A M E D E S C A R T O U

T E M T A B A G I S M O N E S S A T A B A 


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A I I I Q U E S O N O O O

A I I I Q U E S O N O O 

A I I I Q U E S O N O 

A I I I Q U E S O N 

A I I I Q U E S O 


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S O P E M L A T A

L A T E M S O P A 

O B J E T O A B J E T O

E S T A D O S I N F I N I T O S

O V E R M E E A C A R N E

A C A R N E E O V E R M E 

O A R I N V A D E A N A R I N A

U M E S Ó


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V i r e i m á q u i n a s o u m á q u i n a

T u d o q u e e u s o u e u e u é 

N a d a f a l t a n o m e r c a d o

P o i s q u e o m e r c a d o é a f a l t a

V ã o o s d e d o s f i c a m o s a n é i s


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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Avis Rara XXXI (O Topo do Cadeia)

O topo da cadeia

A pedra virando areia

A sede sem saciedade

A natural maldade

O sexo sem algum cio

O vazio, o vazio...


O topo da cadeia

O lobisomem sem lua cheia

Inventaram a novidade

O envelhecer na cidade

O perigo aqui no Rio

Tanto frio, tanto frio...


O topo da cadeia

O destino só cambaleia

Fantasias qual mortalha

Um beijo no fio da navalha

Estamos fechados para balanço

Me canso, me canso...


O topo da cadeia

A verdade agora é só meia

O tiro pegou na testa

Foi uma grande festa

A cor da moda é o lilás

É lá atrás, é lá atrás...


O topo da cadeia

Está na hora da ceia

E a mais bonita poesia

É apenas uma comida fria

Deixaram lá na geladeira

Que besteira, que besteira...


O topo da cadeia

Na cadeia, na cadeia...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Cena Morta

Quis fazer aquela cena...

mas os soldados já apontavam

seus fuzis em minha direção

mal dava tempo de um cigarro

e um fundo musical de gaita

antes de soarem os estampidos...


Posso desenhar uma marina?

a cena de tantos peixes mortos

nessa areia suja chamada praia

acaba me dando alguma náusea

enquanto chegam alguns urubus

como clientes de um self-service...


Talvez o motor dê problema...

e meu carro indo em contramão

ocasione uma colisão tão normal

como toda tragédia sempre foi

e nem seja digna do telejornal local

onde aparecem outras banalidades...


As cores estavam todas faltando...

a parede continuaria sempre suja

com todas as suas frases idiotas

e números com propostas obscenas

ali pareceria com o mundo todo

e seu aroma de urinas e fezes...


Não consegui fazer nenhum feitiço...

todos os que tentei então falharam

sobretudo os para voltar todo tempo

em que algumas coisas que desprezei

e que agora sinto toda falta do mundo

mas agora o impossível tomou conta...


Quis fazer aquela cena...

mas a cortina já tinha descido...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Sem Blues Nem Piedade

Por mais que tente...

A sujeira cresce sob a unha

e os fios teimam em crescer

no meu pobre e magro rosto...


E eu não posso evitar

que minhas necessidades vitais

se tornem meus carrascos...


Eu perdi meu sono...

E no meio desta madrugada

as mesmas dores de sempre

ou talvez outras bem piores...


Morte - esquecida ou lembrada

acaba dando na mesma coisa

é mais um banquete de vermes...


Tentar dormir de novo...

Mesmo isso não mudando em nada

amanhã será apenas mais um dia

sem lâmpada e sem inseto nenhum...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Isso Tudo É Pouco

Isso tudo é pouco...

Manhãs de quinta-feira com cara de sábado

Chicletes recém mascados e reciclados

Chimangos e maragatos dançando cirandinha

O carnaval dos porcos só tem porcaria

A meia dela tem um rasgo quase imperceptível

Toda sardinha tem um quê de tubarão

O babá acabou se babando todinho todinho

Renata só gosta de comer biscoitos de nata

Eu consigo fumar charutos com meus pés

Comprei um elefante novo pra criar no quintal

Esse vampiro tem uma severa alergia a sangue

Uma letra somente faz toda total diferença

O cara até transformou água em vinagre

Cacareco saía por aí queimando gasolina

Atabaque de pobre é só no balde de tinta

E a comida do pinguço é na lata dessa

Adolfo agora só consegue tomar titique

Hoje a tarde está mais quente que o Alasca

Eu estou delirando igual a todos os dias

Não sei onde estão minha capa e minha cartola

Pimenta nos olhos dos outros é pimenta

Os meus ossos todos ainda estão doendo

E as lentes dos meus óculos arranhadas

Vamos apostar quem chega por último

Só seremos felizes quando estivermos em nuvens

Isso tudo é pouco...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...