quarta-feira, 12 de maio de 2021

Paulinho Dançando Na Frente do Nada

 

Tá bom demais. Sedas rasgadas que nunca existiram. São festas muitas com a desgraça humana toda em pedacinhos. Nunca uma espiral foi tão precisa em seus golpes sem mãos. É quase um poema todo esse nom sense. Abismos sem cor, mas totalmente coloridos. Dá gosto não ver. E quando meus pesadelos me atacam, saem correndo pois sou vem pior que eles. Eu sou a queimadura da água que esfriou e a carícia de um fogo quase eterno. Muitas teorias foram feitas à meu respeito, mas nem uma delas me explicou por um simples segundo. Não sei onde ando, esqueci de perguntar aos meus pés. Porra, sô! A madrugada passou por aqui e esqueci de assediá-la. Enquanto os gatos dormem seu predador sono, os ratos rezam solenes por mais um tantinho. Minha elegância de andrajos comove o mundo, mas todos estão ocupados em suas redes sociais. Coloquei flores para todos os meus mortos, alguns deles até sorriram. Em nuvens cinzas escrevi um testamento que só pode ser lido pelos cegos. Não sei de mais nada tem quase meio século, a razão virou-me as costas na hora do gol. Não é para entender, o ator já agradeceu as palmas antes de cair de lá de cima. Alto de altas alturas. Nem os pombos se preocuparam com as mandigas que fizeram. O brilho das velas acesas atraem gregos e profanos. Quase assim e quase não. Por um triz que o veneno não entrou em minhas veias. O mundo é uma laranja que caiu do pé antes de ficar madura. Letras e gostos não fazem rir mais. Passou de moda, sim, senhor. Aqui faz muito frio quando não faz calor. E os bárbaros querem nos massacrar com suas flores. O carro está enguiçado, mas anda, quebra um galho danado para a metafísica mais importante. O beijo não houve e o que eu queria é o que eu menos tive. A fila anda, anda, anda, mas acabo não chegando minha derradeira vez. Nem sei o que poderia ser, só sei que me encharco as águas de todos os turvos brejos e saio sem perigo algum. É uma grande farsa que as letras arquitetaram para que ninguém percebesse as armadilhas do contrato. Os filósofos engoliram em seco, não há mais esfinges perguntando amenidades. Eu sei tudo, especialmente, o que nunca tive noção alguma. Poderia ter sido melhor ou pior. Dependendo do senso de humor de quando o destino chegou por aqui. O mapa se rasgou com o vento e caiu n'água. Juro por Nossa Senhora que era mentira e eu que menti mesmo. Não sou bom e nem sou mau, ser ridículo pode ser uma sina ou uma arte, um tiro certeiro ou uma sorte inusitada. Fiquem em silêncio absoluto que eu quero dançar...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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