quarta-feira, 12 de maio de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome Número 101

Pobre relógio 

mais entediado do que eu

Tic-tac tic-tac

Olhando os dias que morrem

passivamente

Testemunha de todos os crimes

Boca quase calada

Não pode falar ou gritar

só repetindo feito louco:

Tic-tac tic-tac...


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 Nada e nem ninguém conhece o vento

Mesmo achando que sabe, não sabe

Nada e nem ninguém o detém

Os moinhos de Quixote que o digam

Nada e nem ninguém namora o vento

É ele que fala todas as juras de amor

Nada e nem ninguém assusta o vento

Ele nas madrugadas acorda os mortos...


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Não consigo evitar de ser rude

Um dia a ternura feriu-me

Até que perdesse meu fôlego


Nada impede que eu chore

Choro por cada sonho morto

Repousando no ataúde do peito


Impossível não mais lembrar

Dum tal arremedo de felicidade

Que enganou o menino um dia...


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Café em várias doses

Manhãs sem algum medo

(A noite passada já basta)...


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Guardei os menores versos

para a tristeza que veio

Não houve convite

mas assim mesmo ela chegou

Sente-se logo, tristeza

temos muito que conversar...


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Um inseto insiste em volta da lâmpada...

Morrerá ou virará a própria luz?

A flor insiste de colorir ao seu dia...

Até quando a morte não confiscará sua cor?

As nuvens brincam como fossem crianças...

Até que se cansem e caiam nos chãos?

Um apaixonado escreve suas cartas...

Serão lidas ou serão jogadas fora?

Um inseto insiste em volta da lâmpada...

Será que esse inseto será eu mesmo?...


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Um teto sem telhas

Onde a água escorre.

Um chão sem paredes

Ali o vento invade.

Uma porta sem chave

Entre quem quiser.

Uma janela sem encanto

Não mais o que ver.

A vida é simples casa

que o tempo desabou.


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Aves sem nome disputam lugar

Com flores inconfessas...

Onde está o jardim?

No chão ou no céu?

Eu nunca fui sábio

Para decifrar enigmas

E nem bravo o bastante

Para enfrentar eu mesmo.

Esperar a luz se acender

Ou o sol se apagar é parecido.

As águas que passam por aqui

Ainda andam em outros lugares...


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