sábado, 8 de maio de 2021

O Nosso Selo de Cada Dia

Esplendorosamente pequenos ao ponto de passarmos desapercebidos, nenhum alarido é suficiente para que tal regra seja quebrada. Insetos pensantes, num delírio fora de todo e qualquer esquadro. O impossível é a regra a ser seguida, mas até que tudo cesse...

Cansados após todo descanso, numa disputa para ver quem tem as olheiras mais profundas. A noite passada, passada está, mas seu registro está feito nas besteiras que cometemos, mesmo quando tentamos seguir à risca todas as instruções da bula...

Ouço algo que me ensurdece e mesmo quando tento tapar meus ouvidos, meu desespero não acaba adiantando de nada, todo esforço é inútil, o destino nos deixando uma marca ou outra. Toda teimosia teve o seu alto preço e castelos, na verdade, acabam sempre caindo de algum jeito...

Toda e qualquer fila acaba sendo ocupada, o seu tamanho não tem importância alguma, todo tempo é gasto com elas. Alguns de nós, ou quem sabe, a maioria, acaba tendo pressa de mostrar sua idiotice das formas mais originais possíveis...

Estamos presos em cercas de arame farpado, até quando a guerra não parece estar declarada, mas está e isso tem tanto tempo, não percebemos. Cada sonho é um novo soldado que jaz morto no grande front e não houve tempo nem para mandar uma carta de despedida sequer...

Os pássaros já estão entediados com seu próprio canto, as nuvens se recusam de fazer desenhos no papel do céu, o movimento das águas se tornou apenas um mecânico reflexo. Novos abismos para pularmos, os velhos acabaram saindo de moda, a vulgaridade acabou empatando a partida...

Apenas nomes se possuímos alguma sorte, apenas números se a fera nos alcançou antes que a corrida fosse iniciada. Somos apenas uma lembrança malfeita enquanto o esquecimento faz sua lição de casa, a parcela de arrependimento de alguém que acabou dando em nada...

Como fosse a nossa última carta sob a manga, lancemos nossa loucura em cena, essa mesma loucura que morre num arremedo de cru pelos pecados que não cometeu. Todo nom sense acabou nos estendendo sua capa para que não pisássemos molhando nossos delicados pés...

Cada centímetro de nossa pele já ocupado está, cada milímetro talvez e não damos conta de tal façanha, todo ar expirou seu prazo de validade e ainda estamos mortos, mesmo faltando nossa certidão de óbito, até aí meros enganos. Não como retificarmos tais equívocos...

Um ferro em brasa queima nossa pele, mas mesmo assim rimos de tal dor e pedimos até bem mais do que isso. Um cheiro de carne queimada se mistura com milhares de odores, mas estamos confundidos, as ruas estão sujas o suficiente para isso. E sem saber, andamos exibindo este nosso selo de cada dia, mesmo tão patético... 

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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

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