Não me importo em ser o último desde que seja o primeiro. As suas feições me fazem tremer ao mesmo tempo que rio, como um rio que nem se cansa e nem para. Esqueceram as vírgulas lá trás e eu como um autômato bato palmas para minhas próprias misérias. Vesti uma armadura de seda e papelão suficientemente forte para os meus desamores, sejam eles quais forem. Sofrer pode até ter alguma vantagem nesse itinerário de labirinto.
Eu sou aquele que faz discursos numa língua morta para que todos entendam que o silêncio pode valer algumas moedas. A minha nudez constante acaba me causando náuseas e até aquilo que me esqueci com sofreguidão. Sua terra é muito fria, acenda-me uma fogueira e eu entrarei nela, será minha cama pelas noites em que aqui ficar. Eu não me importo de desenhar novos símbolos pelas cavernas de meus inconfessáveis desejos. Está tudo quase perdido e consumado.
O pássaro fugiu da gaiola, mas acabou voltando. De manducará pra lá toda a sina é lilás, mas sem repetições. Desde quando o pintor se feriu com excessivas cores que nenhuma água parou em terras. Descubra isso e até ganhará um doce. Ai, meu caramba! Não há mais coquinhos e nem extremas-unções para os vivos. O meu computador enlouqueceu de confissões e desejos inconfessáveis. Não há mais pão, só não. Tanto berro, quanto encerro.
De Pirituba pra cá é chão muito. Nem uma broa sobrou pra contar história. Pabulagem pura e acabou tudo. Sou do tempo que centavo era centavo. E as caixas grandes de madeira funcionavam depois de muita calma do freguês. Manoel já foi embora e Fernando foi junto, até nunca mais. Peço todos os dias que a genética tenha funcionado. De mim vou só mesmo, está muito é bom.
A quenga bebeu cachaça toda e nem tonteou. Foi isso? Ria que nem muíé do catiço e quase trepou na mesa e deu discurso e apontou dedo nas fuças de quem tivesse pigarro. Esteira pronta, ninguém quer deitar, sai todo mundo de fino sem fazer barulho no sapato. É assim que se vai e fica no mesmo lugar.
Respiro com dificuldade mais de metro, é só sair alguma redondilha que o verso cai de maduro. Nem quero mais saber de saber nada. Os fuxicos todos acabaram-se e na mesa acabou a loura. Nem pé, só pó e assim caminha o caminho. Minha cabeça dói que nem Judas, mas mesmo assim nem ganhei. Ventana nunca foi ventania, ventarola, muito menos.
No barturê, no Berdiar fiz até o que não podia...
(Texto extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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