Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta se inspira
Faço versos por aflição
Eu ando em todas as ruas
Elas enchem meu coração
Os poetas têm musas e lutas
Só tenho juras de maldição
Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta tudo embeleza
Eu só me lembro da escuridão
E de muitas palavras amargas
Que saem e caem no chão
Assim quis o destino
O espinho feriu minha mão
Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta vive amando
O amor só me deu traição
Passei por muitos invernos
Eu não conheço mais o verão
O tempo passou tão depressa
É o trem chegando na estação
Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta sabe metrificados
O instinto é a minha razão
Todos eles sabem voar
O meu sonho está no porão
Eu gritei palavras de ordem
Mas isto foi tudo em vão
Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
Ele gostou dos meus rabiscos
Mas isto foi pura ilusão
Gostou dos passos silenciosos
Dos meus ardis de ladrão
E teve pena dos meus sonhos
Os sonhos de um velho bobão
Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não...
(Extraído do livro "Jullyano e As Nuvens" de Carlinhos de Almeida)
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