segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Somos Modernos

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Somos modernos. Somos eternos. Somos os ternos. Construídos com a mais alta tecnologia. Somos o dia. O prato do dia. A notícia em primeira mão. A comoção nacional. A primeira opção. O mais novo cigarro. E o carro.Vindo na contramão. Somos os pães. As manhãs. Os mais honrados cidadães. O novo vídeo de mil polegadas. A tela. A janela. A estrada sem pegadas. Somos o riso pré-fabricado. A saudade sem distância. O início. O vício. A ânsia. A sandice. A velhice. Sem infância. A comida pré-congelada. O cartão de dados. Dados infinitos. O clamor desesperado. Mas sem gritos. Há mais números. Menos nomes. Na verdade e meia. A piedade alheia. Gestos matando fomes. Somos cantores. Somos atores. Não temos dores. Elas ficaram no Plano de Saúde. Fiz o que pude. Eu faço tudo. Sou bem mandado. É o veludo. Pro caixão ficar forrado. Somos a moda. Somos a foda. Medidas contraceptivas. Várias mortes vivas. Milhares de olhares. Muitos bares. E malabares. É a nova novidade. Legítimo artificial. Menos mal. Eu tento ser sempre igual. Somos modernos. Somos eternos. Não somos ternos. O terno saiu de linha. O trem saiu da linha. Erva daninha. Vamos falar outro idioma. Com todas abreviações. Não sabemos fazer a soma. Mas todas inovações. Corretamente políticos. Apocalípticos. Politicamente corretos. Alguns insetos. Formigas pensantes. E falantes. Quantos mirantes. Mausoléus cheios de movimento. Somos modernos. Somos eternos...

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