Era força, era crença,
Mania, doença,
Praga ou bença,
Mas no fundo era
Mais que tudo a espera
De dias felizes,
Quase no abismo,
Quase no achismo,
Sem limites ou crises.
Era o verso pra ser imperfeito,
Paciente sem jeito,
Latente em meu peito.
Era rosa, margarida,
Mais que um ritual,
Era tal e qual
Como se fosse vida.
Era força, era medo,
Muito tarde, muito cedo,
Ir embora ou ficar,
Era hora, sem demorar,
Tanto faz rir ou chorar.
Era uma canção antiga,
Uma razão amiga,
De rasgar bandeiras,
Ultrapassar fronteiras
Sem arredar o pé,
Era e foi e é.
Era a chuva sem molhar,
Era ir e mesmo assim ficar,
Um fim sem terminar.
Era verso, era nada,
Bonita e mal arrumada,
Era a câmera no desfoque,
Era samba, era tango, era rock,
Pra acordar da vizinhança,
Gemido de amantes, choro de criança.
Esqueçam a métrica,
Estrangulem o bem falar,
Sobreviva só a estética
Do mau-jeito de amar.
Era riso, era riso,
Era improviso
Sem ter a viola,
Era dádiva, era prêmio, era esmola,
Era o doce comido na calçada,
Era o mago, era a bruxa, era a fada,
Era também o cientista, o alquimista,
Era a nota bem guardada
Bem no peito do artista.
Meu cigarro está aceso,
Morre aos poucos no cinzeiro,
Na fumaça vai o peso
Do meu amor primeiro.
Era força, era crença,
Mania, doença,
Praga ou bença,
A mais feia, a mais bela,
Era ela! Era ela!
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