Não é assim, Não se engane. Não precisa ser cruel. A vida já faz seu papel. São desnecessárias tocaias. O que tem de acontecer. Assim o será. As tempestades não são cegas e os raios não caem no mesmo lugar. A solenidade dos funerais não disfarça o desespero e nem tapar os ouvidos acaba totalmente com o barulho.
Toda dor há de doer enquanto doerá. Quando água não mais houver, cessará. Vamos tentar rir porque passou. A velhice veio da novidade. A solidão veio da cidade. A graça já acabou. Respirar cansa. Enlouquece a esperança. Tudo se torna lugar-comum. A praga não pega. A vida é que nega. Depois de algum tempo tudo explode - bum!
Não é assim. Os dias não possuem heróis. E nem vilões também. Salvar pode ser cruel. Dependendo do que vem. Os passos somem das areias. E nas noites das luas cheias. Ninguém se transforma em ninguém. É a vista que engana. E toda alegria do final-de-semana, simplesmente não tem.
Os soldados não são eternos. Nem os ricos com seus ternos. Nem carrões, nem mansões, nem castelos. Os feios um dia foram belos. É apenas um jogo. O correr do tempo apaga o fogo. Arrefece a brasa. O pássaro não voará mais mesmo com asa. Os pés andaram, mas não andam pelo caminho. Quem morre, morre sozinho. Mesmo que no mesmo lugar, no dia e na hora, alguém mais ir embora.
Não é assim. Mesmo com medo inevitável. Tudo foi formidável. A loucura, a lucidez. O que não fizemos e o que se fez. Os silêncios e os gritos. O perene e o finito. Tudo acaba, tudo cessa. Não precisamos ter ao menos pressa. Tudo terá um seu fim. Caem as folhas dos galhos, morrem as flores do jardim. Até as pedras viram pó. O fio perde o seu próprio nó.
A memória é coisa fraca. Até seu corte perde a faca. A noite perde seu encanto. Nada é pouco e nem é tanto. Palavras cruéis ou acalanto. As antíteses cessam, os versos perfeitos tropeçam. A modelo tropeçou na passarela. Não gostaram do fim da novela. O Hit acabou esquecido. Nunca mais será ouvido. O convite foi esquecido.
Não é assim...
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