Toda impossibilidade é possível
os milagres são figurinhas repetidas
ainda não inventamos outra forma de azul
as surpresas se acabaram e os rios estão mortos...
Com simples gestos impensados
erramos nossos tiros...
O corpo se confunde com a roupa
todos os dois envelhecem para morrerem
a roupa será rasgada e o corpo apodrecerá
todos os dois restarão apenas nas suas fotografias...
Quando o tempo acaba esfriando
não temos como fugir...
Minha mente está embaraçada
como um novelo dentro de um labirinto
perdi a noção se agora é noite ou se ainda é dia
até meu nome já está fora da lista de sobreviventes...
Não há mais nenhum vidro para quebrar
na hora do incêndio...
Minhas palavras fugiram para longe
devem estar correndo atrás de sonhos mortos
que são apenas saudades do agora já inexistente
incrível sucessão de algumas improváveis imagens...
Tudo parecia que teria um final feliz
todavia não teve...
A vida tem bem mais de mil promessas
a grande maioria delas para não ser cumprida
o corpo dói por qualquer um motivo que seja banal
enquanto a alma deseja não ter cometido pecado algum...
Todas as bênçãos tornam-se maldições
quando não queremos...
As notas estão todas dissonantes
os poetas acabaram bebendo e demais
o sangue é frio que nem a noite que está caindo
eu pensei em acender uma fogueira e não deu certo...
Outros versos poderão ser escritos
mas não serão os meus...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Se Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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