sábado, 14 de agosto de 2021

Hambre

Me gusta, quanto custa? Palavra e meia, sons e (in)definição. Sinais mágicos para todas as bobagens que nunca foram a escola, falta-lhe diploma. Origens sem origem, mágica inusitada em uma imedida cançoneta de alguns livros. Algumas histórias sem pé, mas com cabeça e aí o vice-versa até funciona se houver combustível no tanque. Faço ou não faço? 

Te quiero, como no? Vestido de veludo carmim cheguei quase agora meio século, quando as coisas eram apenas coisas e os lápis eram setas apontadas para o desconhecido. Uma chave entre muitas para nos acalentar. Não posso esquecer da capa, das botas e do chapéu com plumas de fênix. Rimos da piada sem graça?

Hablas o grita? Em ser humano, dois loucos. Desesperos comprados nas melhores lojas do ramo. Miséria à granel, apatia por atacado. Os soldados tremem em sua farda amarelo-noturno, última invenção capitalista com toques de um gourmet famoso em terras desconhecidas. Não apuremos mais o apuro, o tempo bate o pé na bunda nesses tempos quase difíceis. O mundo nunca foi uma laranja?

Donde estamos? Num carnival fora de hora, fora de esquadro como sempre, onde mendigos profetizam um dia após o outro o mais óbvio que estiver ao alcance das mãos. Panos sujos e rasgados para o leito de nascido de um inferno qualquer. A múmia do faraó começou a sambar. É histeria coletiva ou hábito?

Que es el pecado? A minha boca encheu de água, mesmo se tentações não tive. Nada mais é importante há além da porta que fecha nossa percepção, não tenhamos dúvida sobre isso. Dei corda no relógio toda vez que teimei em me cansar um pouco mais, essa é a verdade. Tudo é apenas uma questão de alçarmos nuvens cada vez mais altas. Por onde tenho andado?

Todavía hay flores en el jardín? Cavo com as mãos a minha despedida, ela é processo lento, até agora. Continuarei tão místico como qualquer cético, contraditios à parte. A minha libido dribla toda a estatística possível. Fantasmas são fantasmas, somente isso basta. Posso faltar ao meu funeral?

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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