Toda poesia, encanto mesmo sem encanto, estrela sem e com brilho, pedaço de vidro, diamante...
Eu queria mais um dia, somente um, além daqueles já falecidos, em poeira indecifrável que nem ela mesma sabe onde nos leva, se leva. Os castelos caíram já faz muito e mesmo assim medo temos de todos eles...
Toda poesia, gelado sem frio algum, desejo mais indesejado, fogo vivo, gelado..
Eu queria sentir a vida como um absinto, entorpecer-me até desfalecer, vendo estrelas que nunca existiram, e, finalmente dormir. O menino envelheceu desde antes e mesmo assim continua chorando como sempre...
Toda poesia, vida sem vida alguma, fuga sem velocidade, óbvia evidência, enigma...
Eu queria dançar na praça mesmo ela estando vazia, os meus domingos foram embora no mais triste deles, nem todas as surpresas são boas. A ternura me persegue como pedinte de grandes olhos e mesmo assim fere-me até não poder mais...
Toda poesia, olhos cegos que ainda enxergam, marés que sobem sem movimento, anjo malvado, querubim...
Eu queria beijar tua boca feito vampiro, mesmo que a vítima fosse eu, nenhum sangue circula pelas minhas veias, mas o coração pulsa, maldito pulsar, ainda me traz desejos. A esperança ainda sabe nos matar sem piedade alguma...
Toda poesia, Himalaia de alguns centímetros, pesadelos que quero mais, reza contrita, praga...
Eu queria deslizar nas páginas de um livro, palavra por palavra, invadindo outras mentes e outros corações, rio louco e caudaloso, sedento de mar. Imprevisíveis previsões à galope sem montaria...
Toda poesia, tudo de quase nada, todas as terras em uma só, vida teimosa, morte...
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