Olho as mãos
pensando naquilo que fizeram
boas e más ações
que humano fiz...
Olho os pés
e tantos os caminhos que foram
às vezes chegaram
e outras não...
Só não olhos meus olhos
(evito os espelhos)
testemunhas vivos
dessa minha tristeza...
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O que procuro?
Brancas nuvens com o cinza já desaparecido
Em que possa dormir tranquilamente
Onde nada me atrapalhe como sempre
E amanhã consiga até sorrir...
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Talvez consiga, talvez não,
dar uma senhora rasteira no tempo
e trazer alguns sonhos de volta
(alguns vivos e não tão longe)
aos que morreram prometo
alguns mais belos epitáfios
e seguir em paz adiante...
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É uma grande farsa, isso sim,
dizer que o amor
acaba fechando todas as feridas
é mentira, é mentiras,
existem amores tão descuidados
que acabam abrindo muitas outras...
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Eu nunca serei o maior
não me preocupo com isso
se um dia me preocupei
já até esqueci...
Eu só quero ir
sobre a garupa das palavras
para reinos bem distantes daqui...
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A poesia é bem viva
bem mais viva do que eu
Os versos quando choram
numa hora seu choro cessa
Enquanto meu nunca cessa
mesmo quando finjo sorrir...
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Muitas cenas, muitas delas,
da improbabilidade de meias e óculos,
tudo roda e rodopia,
opostas e apostas ao mesmo instante,
diferença num quase lilás,
o fogo caiu no chão e se quebrou,
estado da matéria espiritual,
não mais recorto e nem mais recordo,
a dor é assintomática,
o suicida segurou forte na vida,
alguns estigmas foram então embora,
muitas cenas, poucas delas...
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Num baú guardo minhas tristezas
Enquanto muitos nada notam
O choro é apenas individual
As lembranças são nossas cicatrizes
Não conhecem outras almas
Riam enquanto choro nessa caverna
Que construí em meu peito
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