Poesia estranha essa,
que dorme em calçadas
depois da desesperada noite de ontem...
Poesia tão rude essa,
que fala do desamor
e acaba dispensando todos os sonhos...
Estranha, calada, incomum,
que nem sente o sol
que invade o mundo e aquece a carne...
Intranquila, quase insone,
que dispensa artifícios
para que a beleza não exista mais....
Poesia quase bêbada,
mas o álcool passou,
aliás, como tudo assim passa...
Poesia quase drogada,
invada os pulmões
e a mente se confunda mais ainda...
Poesia quase cega,
que não vê os fantoches
que ainda se dizem seres humanos...
Poesia tão apática,
não sente suas dores
para não sentir nem outra dor...
Poesia estranha essa,
que dispensa os versos
e cospe em toda a real estética...
Poesia mais que feia,
que tem olhos tortos
para um destino tão malvado...
Poesia debochada,
puladora de abismos,
desprezando qualquer um perigo...
Poesia mais suja,
que veste seus andrajos
para poder se exibir ao mundo...
Poesia quase nua,
despida de uma moral,
destruidora de todas as regras...
Poesia mais barata,
como a puta decadente
faz da rua o seu próprio prato...
Poesia mais insana,
nunca sabe onde parar,
mas vai andando e andando...
Poesia tão intranquila,
que mata e mata,
sem que ao menos eu perceba...
Poesia tão estranha,
que ainda não percebeu,
que o poeta morreu faz tempo...
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