Num castelo sem paredes
Refugio-me até quando não sei...
Os sonhos desfilam um à um
Até que minhas vistas cansem...
Assim como tenho medo da tristeza
Acabo tendo medo da alegria...
Andamos em cima de certos muros
Como gatos que se desequilibram...
Todos os finais que foram felizes
Mesmo assim são apena finais...
O meu desespero acha graça
E me prende numa cela sem porta...
As minhas mãos se esvaziaram
E os meus dedos enregelados estão...
A brevidade é mais um infinito
Que passou e nem percebemos...
O ódio e o amor estão desfilando
Para que encantemos com sua nudez...
As folhas mergulham pelos chãos
E anunciam sua própria morte...
Eu acendo meu próximo cigarro
Como quem faz um funeral...
Os fantasmas agora passeiam
Livremente dentro do quarto...
Até a poeira já está cansada
De tentar me trazer sua companhia...
Estou mudo como quem grita
Uma ideologia baseada em fatos...
Quero apenas uns rostos menos
Para evitar este meu tédio...
O nada vem vindo em largos passos
Para condecorar-me sem medalhas...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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