quarta-feira, 28 de julho de 2021

Paradigma do Nada

Num castelo sem paredes

Refugio-me até quando não sei...

Os sonhos desfilam um à um

Até que minhas vistas cansem...

Assim como tenho medo da tristeza

Acabo tendo medo da alegria...

Andamos em cima de certos muros

Como gatos que se desequilibram...

Todos os finais que foram felizes

Mesmo assim são apena finais...

O meu desespero acha graça

E me prende numa cela sem porta...

As minhas mãos se esvaziaram

E os meus dedos enregelados estão...

A brevidade é mais um infinito

Que passou e nem percebemos...

O ódio e o amor estão desfilando

Para que encantemos com sua nudez...

As folhas mergulham pelos chãos

E anunciam sua própria morte...

Eu acendo meu próximo cigarro

Como quem faz um funeral...

Os fantasmas agora passeiam

Livremente dentro do quarto...

Até a poeira já está cansada

De tentar me trazer sua companhia...

Estou mudo como quem grita

Uma ideologia baseada em fatos...

Quero apenas uns rostos menos

Para evitar este meu tédio...

O nada vem vindo em largos passos

Para condecorar-me sem medalhas...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).


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