quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Pois Todo Tempo É Pouco

Todo tempo é pouco,

muito pouco...

Para ir ao encontro de coisas simples,

para os gestos mais singelos,

para beijos escondidos,

para uma ternura sem limites...


Todo tempo é pouco,

muito pouco...

Para rir das coisas mais engraçadas,

para alcançar as nuvens,

para cantar junto aos pássaros,

para repetir juras antigas...


Todo tempo é pouco,

muito pouco...

Para colocar barquinhos na água,

para intermináveis brincadeiras,

para decifrar alguns enigmas,

para exercitar a velha inocência...


Todo tempo é pouco,

muito pouco...

Para trazer novamente a paz,

para agarrar todos os sonhos,

para contar todas as estrelas

e para dizer que a amo sem limite algum...


Todo tempo é pouco,

muito, mas muito pouco, mesmo...


(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Isso Aqui Não É Nada

Várias janelas abertas no navegador

Por certo uma grande e falsa esperança

Que nada alcança, que nada alcança

E só aumenta essa minha triste dor...


Cada dia esperando o que não acontece

Um sucesso ignorado sem nunca chegar

Uma fumaça que subiu e sumiu pelo ar

Ou uma não escutada e desesperada prece...


Vários poemas que são escritos tão à toa

Mentiras que eu não quero mais dizer

Uma vida após essa que eu não posso crer

Uma alegria que não tem sido nada boa...


Um sono precioso que acabou sendo roubado

Uma madrugada que eu poderia ter dormido

Que não faz sentido, não faz nenhum sentido

Assim como não faz tentar sonhar acordado...


Isso aqui não é nada, nada, não mais é nada

E eu não sei nem mesmo se posso chamar vida

Esse sangue que escorre sem ter uma ferida

Ou se foi apenas uma grande e feia mancada...


(Extraído da obra "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Gut-Gut Maneiro III

São dois irmãos show de bola:

Praga-de-Mãe e Mãe-de-Praga...


Sabão é sabão

E se não fosse sabão não seria Sabão

O cara ganha muito dinheiro

Ou no penico ou no banheiro

Gente famosa tem fama

Quem não tem bebe lama...


São dois irmãos show de bola:

Vale-Nada e Nada-Vale...


Cascão é cascão

E se não fosse cascão não seria Cascão

O cara só bebe coca-cola

Ou mais coca ou mais cola

Gente famosa tem fama

Quem não tem cai da cama...


São dois irmãos show de bola:

Tudo-de-Ruim e Ruim-de-Tudo...


Lambão é lambão

Se não fosse lambão não seria Lambão

O cara só bebe pinga pura

Ou da clara ou da escura

Gente famosa tem fama

Quem não tem come grama...


São dois irmãos show de bola:

Puta-Merda e Merda-Puta...


Piolhão é piolhão

Se não fosse piolhão não seria Piolhão

O cara só come se for resto

Você não presta ou eu não presto

Gente famosa tem fama

Quem não tem faz é drama...


São dois irmãos show de bola:

Não-Presta e Presta-Não...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Gut-Gut Maneiro II

Pluct plact zoom, só vai rezar bebum...


Neneco só toma no caneco

Aninha vem chupar a minha

Desgraça pouca é desgraça

Tou vivo só de pirraça...


Caleco só mora no boteco

Aninha agora já virou galinha

Meleca boa é meleca

Não raspe a sua xereca...


Maneco só corta cabelo reco

Aninha tá cheirando farinha

Qualquer guerra é guerra

Todo rico comerá terra...


Nhenheco só gosta de teco

Aninha tá gorda feito sardinha

O ditador é que dita a dor

Do rabo sai peido e coco...


Piteco só tem um treco

Aninha é mestra na saidinha

Todo dente é quase aldente

Estranho também é parente...


Pluct plact zoom, pobre vai tomando no bumbum...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Gut-Gut Maneiro

Ah! A maldita é tão bendita

Como qualquer um pode ser e é...

Vocês querem bacanal? Vocês querem bacanal?

Acabei de sair da boca do vulcão!

Vem passando o carro do ovo, freguesa...

Mais barato que o tal barato total...

É tão legal... Coma e passe mal...

Estrebuche aí no seu quintal...


Oh! Eu só uso óculos de pernilongo

Se não for desses não tem papo certo...

É biscoito ou é borracha? É biscoito ou é borracha?

No nosso circo você só consegue chorar!

Vem passando o carro do peixe, freguesa...

Mais barato que o tal barato total...

É tão legal... Ele morava no Vidigal...

Mas fez um passeio mais infernal...


Ih! Quero os pelos da sua xoxota

Ou então vou ficar pelado no meio da praça...

A vovó é do pó? Ou o pó é da vovó?

Essa vida se melhorar vira merda!

Vem passando o carro do doce, freguesa...

Mais barato que o tal barato total...

É tão legal... A chinoca foi pra Portugal...

Inventei o açúcar com gosto de sal...


Uh! Finalmente vem aí o feriado da quinquilharia

Para a satisfação da nossa libido sem tesão...

Vende mais porque vende? Ou vende porque vende mais?

Carolina foi ser enterrada na esquina!

Vem passando o carro da xepa. freguesa!

Mais barato que o tal barato total...

É tão legal... Hoje tem filé de bacurau...

Eu fico mais louco pra ser normal...


Oi! Lançamos um novíssimo jogo de xadrez

Em que ao invés de peças usa minas terrestres...

Pisaram na pata do pato? Ou no pato da pata pisaram?

Vem passando o carro do peido, freguesa!

Mais barato que o tal barato total...

É tão legal... Tomar uma cana com gardenal...

Aqui tem anjo que só pratica o mal...


Ei! Mostrar o rabo em sua rede social

Causa frisson em todos os punheteiros de plantão...

Eu arranco teus olhos? Ou teus olhos arranco?

Vem passando o carro do tiro, freguesa!

Mais barato que o tal barato total...

É tão legal... Te jogar de cara num lamaçal...

A gente só passeia quando cai temporal...


Olha só o gut-gut maneiro! Filho-da-puta...


(Extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

Alguns Carnavais (Miniconto)


Se me lembro? Me lembro de alguns, a mente anda meio fraco, coisa normal com o tempo que passou depressa, mas que foi muito. Estávamos em Campo Grande, eu, mamãe, minha avó, meu tio. Subimos a escada, com medo, certamente. Uma foto preto-e-branco como nos anteriores. Depois, outro com titia brigando pela máscara roubada do meu primo pela janela do ônibus. Mais em frente, eu dormindo no jardim em Santa Cruz, não pude nem mesmo ver o desfile. Mais na frente, algum de pessoas nuas em cima do carro, que loucura! Após isso, cumprimentar o morto sem saber que estava. E o carnaval da procura, na Sete? Outros antes, outros ainda e outros, alguns até de parque, tão bonitos... O mais tristes de todos, como deveria adivinhar? Se me lembro? Me lembro é de muitos...  

No Máximo

No máximo forte

Com aquela fraqueza de antes

Quando balões coloridos

Enfeitavam o nosso ar...


Sem chorar

Não desperdicemos lágrimas

Porque tudo acaba passando

Tanto bom quanto mau...


Talvez gritando

Como quem colhe as rosas

Sem olhar para espinhos

Porque isso não adianta...


Vamos cantando

O tempo passa tão rápido

Mesmo quando as pedras

Fingem isso ser o inverso...


Não tive nem tempo

Só pude caminhar sereno

Com as mãos nos bolsos

Em direção à um rio...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 30 de novembro de 2025

Alguns Poemetos Sem Nome N° 362 *

Meu destino? 

Alegre e triste como todos os outros

Em todos os lugares e em todos os tempos

De todos os modos e todos os jeitos

Até onde puder chegar e onde der 

Minha vida?

Até que a morte venha substitui-la...


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É que todo segredo é assim:

Foi feito para ser revelado

Existe para ser descoberto

Sua máscara vítrea sempre cai

 A curiosidade reina em todos

E afinal, o que é isto?...


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A tarde caiu no chão...

O sol foi dar seu passeio...

De azul para o cinza

E de cinza para o negro

Alguns instantes...

Acordem postes...

Vamos trabalhar pirilampos!


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Os rios não cansam...

Os ventos possuem estranha mania

De não parar sua dança...

Os lagos possuem extrema preguiça...

As nuvens só querem brincar...

E as veias gostam de imitar os rios...


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Minha memória anda fraca...

Está cheia de muitas reticências...

Esqueci de apagar o sol

E mesmo quando é noite

Fica aceso dentro de mim...

Esqueci de esfriar o calor

E continua sendo verão

Mesmo em dias tão frios...

Minha memória anda fraca...

Era mesmo pra deixar de te amar?...


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Aonde flores

Existirão amores,

Aonde sejas

É o que desejas,

Aonde dói

É o que constrói,

Aonde aonde

É o que esconde...


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O tempo não acabou

Mas os segundos sempre têm pressa...

Como águas... Águas...

Num grande rio para o mar...

Os relógios mergulham

Em águas profundas ou não...

Nada mais o poeta quer...

Do que alguns versos mais simples...

Laetitia Morbida

Sobrou uma moeda

De troco pelo que não paguei

Sorri no canto da boca

Daquilo que não achei graça...


Esperei pelo barco

Que talvez nunca retornasse

Depois da tempestade

Que acontece diariamente...


Comemorei o título

Do time que eu não torço

E fiz um carnaval

No dia dois de novembro...


Dormi no temporal

Durante a noite inteira

Mas não acordei 

Para me ver eu indo...


Me fiz escravo

Destes ideais copiados

E fiquei ferido

Por todos meus espinhos...


Acabei corrompido

Tal qual um político

Não sei a medida

Dos meus desperdícios...


O carrossel parou

No meio da brincadeira

E eu não sabia mais

Para onde iria então fugir...


Tudo é tão mórbido

Mesmo se não foi antes

E até a nossa alegria

Pode ser enfim desse jeito...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 29 de novembro de 2025

Nem Divina, Nem Humana, Nem Comédia

Nem passarão, nem passará...


Ando com a cabeça baixa

Por estas ruas quase vazias

Como quem vai ao próprio funeral

Sem muita pressa de chegar lá...

Onde estão os velhos brinquedos?

Foram substituídos por vãs miragens

E agora não há mais como reclamar

Porque o tempo nos engoliu...


Nem cantarão, nem cantará...


Respiro quase sufocado

As verdades mais empoeiradas

Assim como em velhas relíquias

Prontas para serem jogadas fora...

Para que serve alguma coisa?

Serve apenas para se fazer obsoleto

E ir ficar em velhas gavetas

Ou ainda em mórbidas prateleiras...


Nem dançarão, nem dançará...


Festejo não sei o quê

Até um tempo que não sei quando

Pelo motivo de apenas viver

Como qualquer um pode e faz...

Quem é o alvo e qual é o tiro?

A última moda é agora absurdo

Todo choro se faz bem vindo

Desde que não divina e nem humana

Porque nunca existiu comédia...


Nem voarão, nem voará...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Um Poema de Janela Aberta

Janela aberta...

Manhã desperta...


Sinal evidente que o dia principia,

Temperatura alta ou ainda bem fria,

Cabeça com sonhos e a alma vazia...


Janela aberta...

Rua deserta...


No céu canta esse solitário bem-te-vi,

Falando de coisas que eu nunca nem vi,

Que qualquer hora dessas terei de partir...


Janela aberta...

Hora incerta...


Os primeiros barulhos vão então surgindo,

Bocas escancaradas de fábricas vão rugindo,

Sonhos de todos os homens vão então sumindo...


Janela aberta...

Alma alerta...


(Extraído da obra "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Alguns Poemetos Sem Nome N° 361 *

É uma valsa, um tango, um samba-canção,

Qualquer uma música qualquer,

Só, por favor, não parem...

Viver é dançar, mesmo se estando só,

Aqui no chão ou nas nuvens, tanto faz...


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Sentir teus cabelos é algo místico,

Sinto como o mago junto da fogueira,

Numa noite bem escura de ritual...

Beijar tua boca é algo trágico,

Eu perderei a noção de qualquer tempo,

Beijarei até o final de todos os tempos...


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Não há montanha mais alta que a minha tristeza,

Todavia, não há abismo mais profundo que a alegria...

Mesmo o palhaço chorando faz os outros rirem,

Mesmo que caia o pássaro tentará ir nas nuvens,

Mesmo que a lembrança fuja eu tento agarrá-la,

Mesmo que o coração pare meu sangue continua...


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Ela não deixou rastro nenhum na areia

(Deveria estar flutuando e eu nem notei)

Ela não deixou nenhuma prova do crime

(Esse crime de matar-me indo embora)

Ela não deixou nenhum ferimento em mim

(Cantou com total silêncio de seus olhos)

Ela não deixou sinal algum de coisa alguma

(Mas como bicho consigo seguir seu perfume)...


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Acabou de passar um carro de som

Aqui bem na minha rua,

Aquela voz satisfeita mesmo com nada.

Nunca se sabe quem vai comprar...

Será que ele aceita o trabalho

De ir bem na tua porta aos gritos

Pra te acordar e dizer que te amo?


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Nunca se sabe o que se quer

(Na verdade, nunca saberemos,

Dona Cecília tinha toda razão...)

Toda cor tem sua hora certeira

Atinge nossa retina e acabou...

Não saberemos aonde iremos -

Para o céu onde estaremos sós?

Ou para o inferno de quem amamos?...


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Eis que o vento que cessou está voltando

As velhas histórias continuam contadas

Os versos que perdi ontem achei no chão

Havia uma brasa acesa e a fogueira acendeu

A palavra dada será de uma vez cumprida

E os meus olhos vão brilhar de felicidade...

O Porco e O Sapato

Solo de cadeiras em papel de acrílico delirante

Explicações plausíveis em idioma algum 

Eu me pintei de azul para parecer com um nada

E preencho meu alguidar com bruxedos mil

O porco usa sapato ou o sapato é feito dele?


Estonteante musa bem mais vulgar de todos

Que balanceou as cadeiras e as mesas também

Eu mereci uma medalha por minhas más ações

Enquanto degustava biscoitos de polvilhos vis...


Posso tossir no mais completo dos silêncios

Como se a múmia do faraó sorrisse em desdém

Ele ainda continua um apreciador de coxinhas

O porco tem sapato ou o sapato tem ele?


Escolher um nome para figuras mais antigas

É como incinerar aquele seu sinal de trânsito

Que impede que nuvens passeiem pelos céus

Com a vermelhidão de carnes mais que brancas...


Ele merece um bom soco de arrancar os dentes

Simplesmente por tão simples mais que assim

Enquanto mostrarei aquele meu dedo do meio

O porco calça sapato ou é calçado por ele?


Quem manda para a puta-que-pariu que vá junto

Daremos um punhado de nozes aos desdentados

A tarefa mais difícil do mundo é ser o debochado

Enquanto roemos com insistência os nossos ossos...


Sorvete de baunilha para os soldados armados

Pilhagem diretamente ao vivo no jornal da tarde

Faça chuva ou não faça existe sempre nosso sol

Eu quero ir pra lugar nenhum mas estou sem grana

O porco usa sapato ou o sapato é feito dele?...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Carliniana CXXII ( O Chão Nosso de Cada Dia )

Meu copo cheio, quase transbordando

Só sei onde ando, mas não sei até quando...


Meu chão é seco, minha boca também,

Lamento o mal, mas lamento o bem,

A fera vem e não adianta mais correr,

Tudo aquilo que vive, vai um dia morrer...


Uma dor no peito, quase uma mágoa

Dessa que enchem os olhos com água...


Esse chão é pedra, caco de vidro, espinho,

Me deixe por aqui, vou pra lá sozinho...

Meu Instragram

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Carliniana CXXI ( O Vão Nosso de Cada Dia )

Não pense

Dispense...


Nem todas as flores florescem no jardim

Absurdos e mentiras pra você e pra mim

No fim do túnel estava todo tão escuro

E não havia mais nada além deste muro...


Não cante

Encante...


No nosso peito só cabe muita esperança

E na nossa mente só existe vaga lembrança

De um tempo que havia uma só primavera

Porque não havia chegado esta nossa fera...


Não grite

Limite...


Saí pela madrugada mas eu queria era o dia

Fiz cara séria mas o que queria era fantasia

E uma pintura em tons que já se esmaeceram

Enquanto todos os medos ainda permaneceram...


Não desespere

Espere...


Não posso assim me perguntar talvez mais nada

Todo o meu medo é como cair do alto da escada

Mesmo que não vejamos é assim que acontece 

A alma sofre e o nosso corpo junto também padece...


Não se iluda

Se cuida... 

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Carliniana CXX ( O Não Nosso de Cada Dia )

Um piano tocando sozinho uma música silenciosa

Quase uma orquestra sozinha em praça pública...


É o louco gritando!

Cuidado para que não rompa correntes!

É o pássaro se debatendo!

Uma hora ele acaba fugindo da gaiola!

É o palhaço chorando!

Qualquer momento acaba saindo a pintura!


Um cego pedindo esmolas num canto de uma praça

Eu insisto em carnavais porque todos morrem...


É o amor sendo impossível!

Eu vou cair no chão mas assim mesmo me levanto!

É a paixão sendo dominada!

Vamos segurá-la pelos cabelos e não largá-la mais!

É a quimera sendo afugentada!

Nunca mais queremos ver sua cara enquanto vivos!


Qualquer paixão impossível pode então acontecer

Desde que haja alguma loucura suficiente para isso...


Eis o nosso grito de guerra!

Até quando a pomba da paz venha pousar sobre nós!

Cada dia é sempre mais um!

Mesmo se erramos na conta ou não tivermos mais dedos!

Existem muito mais nãos do que existem sins!

Mas é o que temos por agora e quase sempre teremos!...

domingo, 23 de novembro de 2025

Carliniana CXIX ( O Destino das Coisas )

Frases caprichadas escritas no banheiro sujo

O cal por cima apagará toda a inspiração


Até aquilo que queremos o tempo acaba levando

Os ventos é que podem dar todas as cartas

Quando acaba o jogo o próximo será um outro

Os dias só nos conhecem quando morrendo


Um mosquito que foi esmagado numa parede

É uma obra de arte como outra qualquer


Tudo depende de quais serão os olhos enxergando

E mesmo assim continuará ainda esta dúvida 

Nada mais lindo do que uma rosa quando nasceu

E nada mais mórbido do que quando murchou


Nem todo excesso de sal pode ser tão salgado

Assim como certos doces são até amargos


Aquela paixão pode até nos acordar na madrugada

Enquanto o desejo pode ser nosso fiel aliado

Bem e mal são apenas os dois lados de um espelho

E o fogo que queima também é o que protege


Alguém deve ter falado que o destino é só brincadeira

Mas deve então ser uma brincadeira de mau-gosto...

sábado, 22 de novembro de 2025

Carliniana CXVIII ( Mistura Misturada Entre Palavras e Ideias )

Por que o giz não era usado até o último toco?

Eis-me aqui feito uma nuvem que vai girando

Sem parque nenhum e nem ao menos carrossel

Bando de borboletas em bando pelo raro ar

Milhares de quilômetros quase ao nível do mar


Acontece de ventar e vermos pernas que não queremos?

O carro do sorvete passou e não tinha alguma moeda

Perdi o ônibus porque olhei para o outro lado agora

O celular despertou e ainda assim o meu sono venceu

A ingratidão agora vem como um brinde da casa


O político corrupto merecia um infarto fulminante?

Eu digo que gosto do que não gosto mas eu gosto

Me arrependo de não ter dado nenhum beijo na boca

Porque aquele tesão era por demais inocente para

Levaria trinta segundos para engolir meio minuto


E se atrás da porta não existir mais coisa alguma?

Maldade e bondade acabam sempre se acabando

Coloque logo ali sua caixa dentro daquela caixa

No supermercado nunca houve nada que fosse super

Mas aquilo que não se pode comprar acaba virando


A mente somente se mente quando é só semente?

Vá ver se eu estou lá na esquina e venha me dizer

Espero notícias minhas já bem antes de ter nascido

E todo tempo de espera é uma caixinha de surpresas

Cuja a única surpresa é estar totalmente vazia


Posso beber um gole dessa sua cerveja agora?

Somente um gole que seja o copo todo inteiro

Para matar até aquelas mágoas que nunca tive

Eu não fui a mosca que caiu em sopa alguma

Muito menos na Coca-Cola que o menino bebeu...

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Poesia Gráfica LXLV *

GIZ  BALSÂMICO

TECIDO DE LAVA

BALAS DE COMA

AÇÚCAR  SALGADO

MEL DE COBRAS

LEITE EM PÓ GASOSO

ESTEIRA NUTRITIVA


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RESPEITEM MEUS CABELOS BRANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS FRANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS MANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS BANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS FLANCOS

RESPEITEM MEUS CABELOS BIANCOS


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TUTI TUTI  NO PURUTI?

AH! LEMBO BEMBO NO POREMBO...

A CASA CASA NA NASA ASA?

HUM... QUEKO LECO NO BOTECO...

PICO PICO NO BUTICO?

YÉ? TACO TACO NO BARRACO...


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NUM RESISTI. CAIU OS DENTE.

NUM INSISTI. SAI LÁ PARENTE.

NUM FOMENTEI. AITRÁS VEM GENTE.

NUM COMENTEI. TAIVA BEM DIFERENTE.

NUM TELO. NUM QUELO. NUM NUM...


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ENBOQUEIA A POESIA.

MASTIGUEIA A POESIA.

ENGOLEIA A POESIA.

ARROTEIA E POESIA.

DIGEREIA A POESIA.

PEIDEIA A POESIA.

CAGUEIA A POESIA.


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PEÇAS INDUSTRIALIZADAS

MÍDIA INDUSTRIALIZADA

FALA INDUSTRIALIZADA

RANGO INDUSTRIALIZADO

URINA INDUSTRIALIZADA

MERDA INDUSTRIALIZADA

PEIDO INDUSTRIALIZADO

VIDA INDUSTRIALIZADA

INDÚSTRIA INDUSTRIALIZADA


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DESENVOLVA UM PROJETO

DESENVOLVA UM CONCRETO

DESENVOLVA UM OBJETO

DESENVOLVA UM DECRETO

DESEVOLVA UM DISCRETO

DESENVOLVA UM ABJETO

DESENVOLVA UM DEJETO

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

A Verossimilhança das Coisas

Blusas que não dizem nada

Bicos que acabam dizendo tudo

No modernismo mais vintage de todos

Cada passo que foi dado

Poderia ser gasto com gestos simples

Como contar estrelas ou grãos de areia

Coxas que reclamam beijos

Transporte imediato de tanta saliva

Para os porões de certa inconsciência 

Idade Média que chegou

Meu computador fala de coisas

Que nem mesmo eu acabo entendendo

Cigarro aceso pelo olhar

Quem me dera poder sair por aí

Como qualquer pássaro vagabundo sai

Ou chutar algumas latas

Como as que não existem mais

Mas ainda são meio que folclóricas

Este calor quase invernal

Faz nossos esqueletos sambarem

Em cima de lajes que nunca existem

E um novo tango grego

Traz a frisson de montanhas de queijo

Que fumegavam em certas cidades do sul

Procuro o que não conheço

Como uma formiguinha num dique

Clamando por uma qualquer multidão

As escolas não me ensinaram

Como deve ser fácil apagar ventos

Num breve idioma que também desconheço

Faça logo essa bendita conta

E me dê qualquer um desses resultados

Melhor que mascar chicletes de sabor anis

Verbos fumegantes serão servidos

Por essas tardes com cara de manhãs

Em que a priori nada existe mais a priori

Data vênia essa minha modéstia

É grande como o pico do monte Everest

E bem mais confortável que qualquer sardinha

Há muitos peixes nestas águas

Que afinal não foram e nem nunca serão

Como certas televisões feitas de algum papelão

Vejamos qualquer cena de novela

Como quem faz as várias teias da aranha

E desfila em muitos labirintos quase obscuros

Os últimos afinal serão os primeiros

Sem que isso seja garantia mais garantida

Que tipo haja algum empate técnico... 


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Pois Todo Tempo É Pouco

Todo tempo é pouco, muito pouco... Para ir ao encontro de coisas simples, para os gestos mais singelos, para beijos escondidos, para uma ter...