terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Carcaré (Arroz do Chico)

Mandrago preso, mandrago solto,

Pelo de gato, salto alto, mar revolto,

Meu sutaque francês de jeito argentino,

Dou um pulo no pé do tamarino,

Estarbanco no meio do meu norte sul,

Sangue agora é gasolina azul,

O meu ferreiro agora é só rochê,

Ô mãinha me dá o de comê,

O culpado, cuspido, cagado foi Zaberê...


Tamanco manco, tamanco caco,

Faço folia, desculpa tia, feito macaco,

O cara agora canta o meu jantar,

Acendo vela pra ver no que quê dá,

O cavalo foi quem caiu do Napoleão,

Padre gago que me deu extrema-unção,

O cara bebe bem mais do que a puta,

Bode safado que me usa a força bruta,

Esse latido me deixou até meio biruta...


Cabrunco bom, cabrunco ruim,

Não é berne, nem é verme. é maruim,

Empanado se come até o da bosta,

Quem detesta é aquele que mais gosta,

Quem tem encanto é a encantaria,

Pobre tem fome de noite e de dia,

Mau fevereiro acaba virando março,

Do meu dicionário tentei tirar camarço,

Todo pesadelo foi apenas sonho esparso...


Carcaré, pega, mata e some,

Carcaré, nada vale nem o nome...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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