domingo, 31 de dezembro de 2023

É O Que Temos

Dor e necessidade

Dúvida e maldade

Solidão e voracidade...

É o que temos... É o que temos...


Um prato do dia

Anunciado em giz

Meu Deus! Quem diria...

Queria ser feliz...


Cor e dificuldade

Rotina e efemeridade

Estação e calamidade...

É o que temos... É o que temos...


Uma notícia na TV

Acreditar no inacreditável...

É ver para não crer...

Tempestade tão estável...


É o que temos... É o que temos...

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Eu Nem

 

Eu...

Eu nem vi...

Eu nem comi...

Eu nem tava aqui...

Eu nem tava ali..

Eu?


Não vi a lua

Não vi a rua

Não vi a tua...


Eu...

Eu nem ri...

Eu nem parti...

Eu não queria aqui...

Eu nem queria ali...

Eu?


Não vi a nua

Não vi a pua

Não vi a rua...


Eu?

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Desde O Tempo


 Desde que o tempo

Não era mais tempo

E fiquei sem tempo

Pois o relógio foi embora...


Inutilidade à vista!

Assistam sua tela como fosse um zumbi...


Não há mais regras para seguir...

Sou o palhaço de mim mesmo...

E meu próprio carrasco...

Por falar nisso...


A blusa se rasgou!

Os seios da noite estão agora de fora...


Não há mais margaridas algumas...

A agulha não ferirá mais o pano...

Eu prometo! Eu prometo!

Por tudo aquilo que não há mais...


O vidro se quebrou!

Está aqui um de seus cortes sem pena...


 Desde que o tempo

Era apenas sem tempo

E fiquei sem tempo

Pois o relógio foi embora...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Aquela

Aponto o dedo

Como quem dispara uma flecha

E o ar é meu cúmplice...

Olho disfarçando

Em milhares de anos assim será

Até a fogueira extinguir...

Faço mil planos

E a falha agora pouco importa

Eu apenas tentei...

Fecho os olhos

E a escuridão mais costumeira

Me levará embora...

Jogo a pedra

E ela cairá no fundo do poço

E não mais voltará...

Enxergo o sonho

Uma miragem neste deserto

Morrerei de sede...

Queima em mim

A fogueira que já se apagou

Culpado foi tempo...

Tento até desmaiar

Para não olhar mais nada

Mas isso é em vão...

Continuo palhaço

Sem saber fazer piruetas

Só restando chorar...

A maldade dos olhos

Arquitetam sua beleza cruel

E eu vou sofrendo...

Foi aquela... Aquela ali...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Fico Por Aqui (Miniconto)

Fico por aqui por enquanto. Com meus erros, meus desenganos, com minhas mancadas, com tombos que tive, com ilusões, com quimeras. Até quando não sei. Por mais que tentemos simplificar, a vida é como um novelo que o gato brinca, que os coincidências maltratam, idioma que não se pode entender. Mais de meio século, mais de meia vida, tudo tem sua hora, a bomba-relógio detona e não há mais o que fazer. Como o pássaro que não quer mais voar, fico por aqui por enquanto...

sábado, 23 de dezembro de 2023

Poesia Gráfica LXXXI

 

toda cor

cor nenhuma

todo amor

amor nenhum

toda dor

dor nenhuma

todo ardor

ardor nenhum


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o nome e a marca 

a fé o pau e a barca

a fome e o dinheiro

a casa o espeto e o ferreiro

o dezembro e o janeiro


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P A S S A Q U A T R O

P A S S A T R Ê S 

P A S S A D O I S

P A S S A U M 

N Ã O P A S S A . . .


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E L A N Ã O É 

E L A É 

E L A N Ã O É 

E L A É 

E L A N Ã O É

E L A É 

M O D O E F I M 

F I N A L 


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Mais um infeliz no mundo

mais um infeliz no Mundo

mais Um infeliz no Mundo

mais um infeliz No mundo

mais um Infeliz no mundo

Mais Um Infeliz No Mundo


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Q U A S E D O I S U M S Ó

Q U A S E D O I S U M D Ó

Q U A S E D O I S U M N Ó 

Q U A S E D O I S U M P Ó

Q U A S E D O I S N E N H U M


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D E S C A R T Á V E L

É

O

H O M E M 

R E S T O

P E R M A N E C E . . . 


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Ando

 

Ando como quem anda por aí,

Distraído,

                 talvez ferido...

A minha partida? Nem vi...


Vou por qualquer estrada,

Eis a minha alma calada,

Acabou o carnaval,

Acabou a alegria, 

Acabou a luz do dia,

Acabou e me fez mal...


Ando como quem anda por aí,

Distraído,

                sem sentido...

A minha chegada? Nem previ...


Vou por qualquer estrada,

Mesmo a que vai dar em nada,

Acabou o temporal,

Mas veio a manhã fria,

Está a alma vazia,

Estou passando mal...

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Não É O Vento

Não é o vento, é o tento,

vermelho, preto e lilás,

é preciso estar atento

antes venham temporais...


Não é o vento, é a sina,

malvada que nem capataz,

que só batendo, ensina

o que não se aprende mais...


Não é o vento, é a lenda,

que conta histórias reais,

de quando aquela prenda

alegrava nossos festivais...


Não é o vento, é a fama,

dada por redes sociais,

o riso é mais um drama,

para deleite de boçais...


Não é o vento, não é o vento... 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Deuses Quebrados


E a imagem cai de cima do andor

Rumo ao chão e ninguém nota...

E o tombo trouxe algum ardor

Mas é essa a nossa rota...

O revolucionário exibe sua revolução

Para poder encher sua conta...

O cara vai comer merda na televisão

Se ganhar aquela sua ponta...



Camisetas com slogans falhos...

Quem somos nós? Os espantalhos!


O cidadão cospe na cara do pedinte

E pela multidão é aplaudido...

É a mais nova exibição de requinte

Foder mais o que está fodido...

Eu danço infeliz nas poças de lama

No meu egoísmo torpe e barato...

Quanto custa esse teu programa?

Vamos brincar de gato e rato...


Notícias falando do desastre...

E do medo antes que alastre!


Eu tenho que comer o que não quero

Eu tenho que trepar com quem pago...

Tudo aquilo que sempre espero

É como um silêncio incontido e vago...

O corpo estirado por sobre o asfalto

A viatura foi que passou por cima...

Não existe mais nenhum sobressalto

O demônio tem nossa estima...


Nossos deuses estão quebrados...

Agora temos pedaços pra todos lados!


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Louca Noite Sem Sonhos

 

A luz se apagou...

Escuto os berros do meu silêncio...

Tenho medo do escuro

de minha própria alma...


Os mosquitos zunem...

São bombardeiros 

e os meus ouvidos são o alvo...


Carros e motos passam...

Devem levar a pressa de chegar

Na mesquinhez do fim

que todo ser acaba chegando...


Os pisca-piscas piscam...

Lembrando um natal

Feito de novas velhas modas...


Haverá algum pássaro noturno

sobrevoando nossas cabeças?

Os passos na escada

relembram velhas quedas...


Louca noite se sonhos...

O ar acaba me faltando

mesmo quando é demais...

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Cerejas, Pombos e Ardis

Como todo bom louco lembro daquilo que posso, o que não posso virou apenas mais uma marca que passa desapercebida no mercadinho da esquina. Muitos véus, mais nenhuma Isis, eis a nova artimanha impetrada pelos malvados de plantão. 

O sorriso bonito da menina da rede social esconde tanta tristeza. E a masculinidade do nóia de plantão esconde o riso de deboche de qualquer um. O grande lutador finalmente foi na lona...

Batam palmas! Batam palmas! Até que as mãos doam e os dedos inchados fiquem... 

Eu ontem fui em desespero para a praça: queria treinar com os pombos mais alguns voos. Honestamente estou com saudades das nuvens e ver as casas daqui pelo alto é um exercício até bem agradável. Sobrevoar o mar também é uma opção...

Manu, eu quero tu! Entre rosas e violetas de algum deboche que achei naquela pracinha perto da tua casa. Estava perseguindo borboletas, até que te encontrei...

Enfadado fado este. Guardar milhares de rostos até que todos eles sumam para nunca mais!

Nem os vidros coloridos me restaram mais... Muito menos aqueles doces de calçada, fórmulas mágicas na mão da velha tia em tempos que se faziam em séculos. Estou aqui e nem sei mais o porquê...

O menino brinca atentamente com o mesmo brinquedo que antes. Agora meu rosto é mais forte que todas as malvadas ventanias que despetalam algumas distraídas rosas. Toda perfeição é um espelho que acabará quebrando. Certamente veremos isso!

Esta boca não é de cereja, mas gostaria de mordê-la assim mesmo. Eu ainda sou o gato que espreita os pombos dos sonhos...

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Um Troço Qualquer (MIniconto)

O dia está como está (ou não está?). Com claridões da rua e alguns/muitos olhos fechados. Todos os cemitérios terão convivas e os coveiros no seu afã rotineiro. Sinos baterão em festejos ou despedidas. A terra dará e terá de volta. Enquanto isso, aqui mesmo, nessa minha cela, construída caprichosamente pedaço por pedaço, sinto tonteios e muita vontade de voar como talvez ontem ou milênios atrás... O dia está como está (ou não está?)... 

domingo, 17 de dezembro de 2023

Sempre Sempre

Palavra proibida que os moralistas engolem

(Pois faça isso e ele fará parte eternamente...)

Estética, pura estética, vinda ao acaso até aqui

(Arrumem estas fileiras, imediatamente, please!)

As conchas são um ossuário jogado na areia

As folhas caídas massacre de uma guerra atroz

Os cães na rua com seu eterno desamparo

Um passado muito remoto pode estar logo ali...


Sempre, sempre,

O meu amor e o meu ódio serão

Aquela mistura tão explosiva...


Carnaval que apareceu do meio do nada

(Surgiram tantos confetes e tantas serpentinas...)

Metamorfose, pura transformação insólita

(Alguém aí tem um conhaque para me dar?)

O livro antigo acabou de ser jogado fora

A declaração de amor apagou-se da parede

A canção se transformou em algum silêncio

Um réquiem foi para mim com certeza...


Sempre, sempre,

Eu tropecei e caí no chão,

Era o chão de mim mesmo...


O carro corre sem direção na mão errada

(Ninguém poderá prever algum acidente...)

A dúvida está cada vez crescendo mais

(Samba-canção, tango ou ainda um blues?)

A idade das pirâmides não chega a minha

O último suspiro do morto é meu pertence

A idiossincrasia faz parte do repertório...


Sempre, sempre,

O Universo cabe em meu peito,

Nunca esqueçamos das estrelas...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 16 de dezembro de 2023

Morte ao Estromo

Morte ao estromo,

ou se come vento

ou se come ruim...


Gato alérgico aos frutos do mar,

Cachorro vegano,

Morcego com nictofobia,

Ó se é!...


Tiro no bolso,

ou se rouba pobre

ou se é um deles...


Apatia agora virou moda,

Violência rotina,

Paz nunca foi servida,

Nunca não!...


Suíte na calçada,

ou se é dono do mundo

ou se é dono do nada...


Morte ao estromo,

ou se come vento

ou se come ruim...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Quando Leonardo Viu As Asas do Demônio Refletidas Na Poça de Água Na Frente de Casa

 


Compras mínimas

O essencial do essencial

Para que o não se torne algum

É aqui perto!

Bem perto mesmo...


A rua é hipócrita como qualquer outra

Com suas lâmpadas de natal...


Cerveja na geladeira

O essencial do essencial

Talvez a loucura seja apenas ilusão

Viva a vida!

Uma morte disfarçada...


Choveu ontem e tem uma poça d'água aqui

De repente vi suas enormes asas...


A lógica mais ilógica

O essencial do essencial

O velho demônio estava em casa escrevendo

Pensando em nuvens

Tome muito cuidado!

Os sonhos são malvados...


(Extraído do livro "Leonardo e O Chão" de autoria de Carlinhos de Almeida).


terça-feira, 12 de dezembro de 2023

MeiDeNoite

Palavras estranhas e monossilábicas...

O que será? Economizam-se as letras?

Os bacuraus declamam, as corujas comentam,

Os morcegos aplaudem entusiasmadamente

Enquanto os corvos apresentam o espetáculo...


Cheiro abafado e tão duvidoso...

Alguém urinou? Tem alguma brasa acesa?

Um corpo invade um outro humano corpo,

Os gemidos são sufocados por todo espaço,

Um grande cobertor negro cobre o hemisfério...


Temos pirilampos e projéteis metálicos...

Alguém tombou? É mais um corpo para o chão?

A lâmina falhou, mas o tiro acabou certeiro,

Amanhã o pequeno sino tocará novamente,

Chegou a hora da terra ter uma nova refeição...


Pequenas ilhas e um calmo desespero...

Quando começará a invasão? O sol é kamikaze?

O crime vai se repetir em todos os lugares,

Ele não tem máscara ou esqueceu em casa,

Meu demônio surgiu no meio da noite...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 10 de dezembro de 2023

De Folhas Mortas

Mortas agora,

sem minutos, sem hora,

Imóveis ao movimento,

não foi nada, só o vento,

o vento da esquina,

minha triste bailarina...


Mortas agora,

aqui dentro ou lá fora,

Silêncio ou cantoria,

eu não quero, só queria,

se um dia sonhei,

hoje eu não mais sei...


Mortas agora...

Quando caíram?...


(Extraído do livro "Escola dos Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

A Paranoia

O amargo do amargo do amargo...


Cigarro entre os dedos

Fumaça em rota de fuga

O desprezo como meta

A solidão - novo câncer...


A dor da dor da dor...


Papéis jogados fora

Toda rua é quase triste

E o medo faz parte

A madrugada - nossa alma...


A fome da fome da fome...


O sorriso de deboche

O coração sangrando

Andar sobre as brasas

Estou sendo seguido?...


O tiro do tiro do tiro...


A caçada na calçada

Rolaremos sobre vidro

Eis a dança da morte

Toda reta é uma curva...


O abismo do abismo do abismo...


Cigarro entre os dentes

Fumaça em rota de fuga

O desprezo como meta

A solidão - novo câncer...


O medo do medo do medo...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Todos Ares


Estas rosas

Esconderam-se inutilmente entrespinhos

Estas ruas

Mais do que histórias eram caminhos

Estas marcas

Lembram batalhas contra os moinhos...


O ar que me dá vida me leva para a morte

Encontrar certas coisas é questão de sorte

Muitas vezes chorar é para quem é forte...


Estas maresias

Me lembram de muitos dias que já passaram

Estes espelhos

Me falam de algumas solidões que expressaram

Estes delírios

Lembram de muitos silêncios que gritaram...


O ar que me leva para o sul leva para o norte

Encontrar certas coisas é questão de transporte

Muitas vezes chorar é para quem é forte...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).


quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Todos os Cliques do Mundo

Tudo aquilo que chamo

Não me atende

Todas as poses possíveis

Que só a apatia

Pode nos dar

Sinais dos tempos esses

O mesmo tempo

Puta velha tentando 

Esconder suas rugas

Com a maquiagem pesada

Nada me é mais ridículo

Do que tentar pensar

E acabar não conseguindo

Somos apenas isso

Arremedos pálidos

De um original malfeito

Sanduíche de Kriptonita

Duas fatias de pão de fôrma

Para meus magros dentes

Se tiver algo pra colocar

Dentro está mais que ótimo

Essa cidade é apenas um crematório

Piorado ou melhorado

(O freguês pode escolher)

Sou livre para me foder à vontade

Interpretando mal os sonhos

Ou dando palpites errados

Diminuam todas as fitas

A minha fantasia é só um luto

Que cismou de usar outra cor

O ventilador do meu quarto

Está coberto de poeira

E muitos objetos de igual forma

O rato não roeu porra nenhuma

E eu não fui mais em algum toque

Encher minha cara de cerveja

Há mais mortes pelas enfermarias

Pobres coveiros nem descansam

Eu usei muitas capas de toalha

Mas nunca fui um Super-Homem...


(Extraído do livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

O Gostar de Labirintos

Pule o muro,

esqueça o futuro,

dance no escuro...


São tantas coisas para se fazer,

Tantos gritos para gritar antes de morrer,

Pedir perdão pelo que fiz a você...


Puxe a faca,

siga a placa,

chute a barraca...


São tantas coisas para se fazer,

Tantos poemas anônimos para escrever,

Rir sem motivo até não mais poder...


Pulse a alma,

mate o trauma,

tenha calma...

Poesia Gráfica LXXX

N A R I Z D E B A T A T A

N A R I Z D E B A R A T A

N A R I Z D E R E N A T A

N A R I Z D E B R A V A T A

N A R I Z D E P I R A T A 

N A R I Z D E L A T A 

N A R I Z D E C A S C A T A


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N Ã O T E M O S V A G A

N Ã O T E M O S P R A G A

N Ã O T E M O S M A G A

N Ã O T E M O S S A G A

N Ã O T E M O S P A G A


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C O M O S I M 

C O M O N Ã O ?

C O M O A S S I M

C O M O E N T Ã O ?

C O M O V I M

C O M O V Ã O ?

C O M O F I M

C O M O S E N Ã O


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A F I T A N Ã O F A Z F I T A

A F O T O N Ã O T E M F O TO

A B O L A N Ã O E M B O L A

A C O L A N Ã O F O I N A E S C O L A

A M O L A N Ã O D Á E S M O L A

O A P I T O N Ã O U S A P I T O

O A G I T O N Ã O F O I N O E G I T O


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A M A N G A E S C O N D E U A M A N G A N A M A N G A E A C A B O U S U J A N D O A M A N G A . . .


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S O L U Ç Ã O I M E D I A T A

S O L U Ç Ã O B R A V A T A 

S O L U Ç Ã O E S C R A V O C R A T A

S O L U Ç Ã O C H I B A T A

S O L U Ç Ã O P R I M A T A

S O L U Ç Ã O Q U E M A T A


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P E C A D O S C A P I T A I S:

AVAREZA,

GULA,

INVEJA,

IRA,

LUXÚRIA,

PREGUIÇA,

SOBERBA,

NÃO TER LIKES.


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A Fonte A Ponte

 

A fonte a ponte

Absorção de cervejas importadas

E overdoses bem arrumadas

Chegou a  nova garçonete

Debochadamente masca chiclete

Enquanto olhos esbugalhados

Voam mais que preocupados

Invento um demônio a cada dia

Para nossa alegria


A ponte a fonte

A desnecessidade de pelos pubianos

O pesadelo disfarçado de todos os anos

O crystal agora enferruja

Já dizia a dita cuja

A nova droga da moda

Não é mão é dedo na roda

Lesmas e café da manhã

Toda vida é apenas vã


A fonte a ponte

Um anel cheio de dedos

Eu sei cultivar meus medos

A morte passeia em Copacabana

Com seu banquete de carne humana

Enquanto lá em cima no Vidigal

Escutei cantar um bacurau

O profeta tropeçou e caiu de boca

Entre os seios da nova louca


A ponte a fonte

O programa custa cem pratas

Com direito a impressões primatas

Encha o copo pelo meio

Tem algum bonito que é feio

Amanhã é um dia que não haverá

Que me diga a voz que não falará

O fósforo acendeu por si mesmo

Enquanto vou atirando a esmo


A fonte a ponte

Ninguém ficou ferido

Todos morreram...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Carcaré (Arroz do Chico)

Mandrago preso, mandrago solto,

Pelo de gato, salto alto, mar revolto,

Meu sutaque francês de jeito argentino,

Dou um pulo no pé do tamarino,

Estarbanco no meio do meu norte sul,

Sangue agora é gasolina azul,

O meu ferreiro agora é só rochê,

Ô mãinha me dá o de comê,

O culpado, cuspido, cagado foi Zaberê...


Tamanco manco, tamanco caco,

Faço folia, desculpa tia, feito macaco,

O cara agora canta o meu jantar,

Acendo vela pra ver no que quê dá,

O cavalo foi quem caiu do Napoleão,

Padre gago que me deu extrema-unção,

O cara bebe bem mais do que a puta,

Bode safado que me usa a força bruta,

Esse latido me deixou até meio biruta...


Cabrunco bom, cabrunco ruim,

Não é berne, nem é verme. é maruim,

Empanado se come até o da bosta,

Quem detesta é aquele que mais gosta,

Quem tem encanto é a encantaria,

Pobre tem fome de noite e de dia,

Mau fevereiro acaba virando março,

Do meu dicionário tentei tirar camarço,

Todo pesadelo foi apenas sonho esparso...


Carcaré, pega, mata e some,

Carcaré, nada vale nem o nome...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 3 de dezembro de 2023

Dança de Nuvens

Um, dois, três...

Compasso bonito, incomparável...

Três, dois, um...

Desabe esse céu, formidável...


De todos gostos e tamanhos, 

Tão comuns, raros ou estranhos,

Calmos ou simplesmente agitados,

Desenhos, signos, todos os lados...


Um, dois, três...

Aquela é passional, parece tango...

Três, dois, um...

Aquela é rosado, qual um morango...


Os céus são imensos, são vastos,

São misteriosos, não deixam rastos,

Estranhos castelos, passagens secretas,

Na imaginação de todos poetas...


Um, dois, três...

Que nuvem malandra, ela é bamba...

Três, dois, um...

As nuvens são carnaval, gostam de samba!

Hiato

Um vazio,

é fome, é frio,

é necessidade,

um rolé pela cidade,

quase não lembra, esquece,

tanto faz, se esfria ou aquece,

qual a direção, se sobe ou desce...


Um lapso,

é cuidado, relapso,

caiu, é só a queda,

deu um rasgo ou veda,

a menina abriu o portal,

houve folia sem ter carnaval,

eu danço tanto e esqueço do temporal...


Uma distração,

é uma corda, é um cordão,

é a roupa velha que se rasgou,

o título que ninguém comemorou,

a velha máquina estava meio parada,

a inspiração veio e deu uma acelerada,

talvez eu possa respirar e não fazer mais nada...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...