moralistas esmeraldas cinzas
expulsas do coro de anjos
faraós condenados à terem
suas almas pelo resto da vida
(e muitas mágoas também)
eu uso meus andrajos mais ricos
escondendo minha humana condição
a apatia matou mais que a morte
e há muitos mortos confundidos
(mortos nunca sonham)
sou o mais abstrato dos concretos
e preparo maçãs envenenadas
como um novo conceito edipiano
que estará na moda ontem
(todas elas chegam atrasadas)
as moedas são muito relativas
podem servir de abismo
como podem ser um redentor
que acabou vindo sem cruz
(todos os carrascos oram)
todos os dias acabam sendo meus
sobretudo aqueles que não queria
a borracha para apagar o destino
não vem no nosso material escolar
(e falta sempre no mercado)
pombos verdes vão caminhando
enquanto fazem seus chutes a gol
experimentando velhas receitas
o almoço já está servido
(mas nossa fome não acaba)
a briga de gato está no fim
houve um terremoto lá em cima
as paredes quase ruíram
mas todos agora se salvaram
(algumas flores são de vidro)...
(Extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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