quinta-feira, 24 de junho de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome Número 102

Lógica ilógica, é o que temos. Vários espinhos em nossa carnes, nada percebemos antes de nos ferirmos. A fragilidade de seres e coisas acabou contribuindo com nossas tragédias, inevitável, tudo assim o é e será por toda eternidade. Os ventos perderam a direção e agora tanto faz, se acariciam ou se ferem...


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Foda-se! Eu não te chamei em conversa alguma... Deixa que essa minha embriaguez compense um pouco mais essa minha tristeza enquanto meus dias se acabam me torturando amenamente mais um pouco... Eu não sei o que há atrás daquela porta, mas isso não importa, se surgem novas rimas ou não. As folhas caem sempre, algumas até na noite escura para não serem sequer notadas. O encanto de alguma água já me basta desde que não sejam mais minhas lágrimas...


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Uma ciranda, uma grande brincadeira de mau-gosto duvidoso. Aplausos para os medíocres que a chuva não alcançou. Amargo: deve ser esse o gosto da maioria das bocas, com beijos ou não. Eu escolho a parede onde esconderei minha cara para chorar até que fique exausto, mas mesmo assim sei que ainda ficarei um pouco mais vivo ainda. Queria ter a habilidade de meu gato e não enxergar mais encantos ou perigos, é tudo quase igual. Uma gigantesca folia é o que eu quero, até que o final diga na minha cara: Aqui estou...


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Na tua rua (se é que se pode chamar assim) sinto o amargo dos que perderam o senso de humor e se recusam à rir. Juro solenemente não rir mais (as lágrimas acumuladas acabam sufocando-os) Eu apenas caminharei lentamente, lentamente, como os que vão cair ou voar de vez (não sei o que farei, isso não depende de mim...)...


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Eu acabo me forçando em dizer que está tudo bem, mas, na verdade, nunca esteve. Forço-me à pular em um carnaval que veio fora de época. As minhas colombinas possuem a beleza trágica de certas carpideiras que começaram seu ofício na flor da idade. Assim é a nossa raça humana, na verdade antes das primeiras palavras ditas, o choro é o que mais rapidamente aprendemos. Digam o inverso se quiserem, contra fatos argumento algum permanece. Eu acabo me forçando à voar, mas faltam-me asas, não tenha alguma, somente as penas...


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Escondo-me nas ruas com disfarces improváveis. Gestos que chamam atenção. Gritos incontidos e longos que me enrouquecem. As cores mais berrantes são o que visto. Tudo se inverteu. Nos dias em que vivemos. Todo silêncio significa perigo. E o que não é novidade. Acaba nos assustando...


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Esqueci uns versos noutro bolso. Deveria tê-los decorado. Vai que uma poesia mais bonita poderia ter nascido... Não lembro mais de uma rota de fuga. Todo perigo é iminente e contínuo. Nunca sabe quando o fim começa... Os sonhos me perseguem, impiedosos como sempre. Cada segundo é um soldado que cai no front para nunca mais se levantar. Por isso, meu amor, deixe-me dormir até nunca mais acordar...


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Toda estética acaba sendo somente improvável. Não são as cores que mudam, são os olhos. Todo amor acaba sendo meramente banal. Só quem é cego consegue sonhar algo que seja mais bonito. A minha perfeição é inexistente ao outro. Isso é que nos acaba salvando dessa tal de banalidade.


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