quinta-feira, 15 de abril de 2021

Ecce Homo (Texto de C.A. para C.A.)

Amo com insistência minhas lembranças, não me importo que de vez em quando sangrem como feridas que mexemos sem necessidade alguma. Para isso serve meu ainda coração: sentir ou lembrar que sentiu.

Não me sinto o melhor de todos, não por modéstia, mas pela realidade dos poucos troféus que um dia posso ter colecionado. Engana-se quem se acha o campeão de todas as coisas, muitos ganhos são perdas e, nesse caso o vice-versa funciona com perfeição.

Estou sempre à um simples passo do abismo, mas isso não possui importância alguma. A felicidade é o maior risco de todos e mesmo quando parece que não estamos procurando-a, na verdade estamos, mesmo que isso seja a coisa mais louca possível, tal como quem brinca de dar cabeçadas na parede.

Divirto-me com minhas próprias mancadas que, na verdade são muitas, é o que cada ser humano faz o tempo todo. O segundo que nos atrasamos, pode ser a chance perdida; o tombo captado pode ser o maior viral de todos os tempos, rir é a única opção que possuímos.

Sonho com tamanha insistência, assim como quem está com as mãos desprotegidas e vai colher muitas rosas. Seu perfume compensa cada expectativa que se cumpriu ou não.

Tenho procurado por todos esses anos que consegui ficar por aqui, algum sentido para aqui estar. Só consegui uma fraca pista: talvez a procura seja o objeto e não achar ser apenas um mero detalhe, depois de tanto tempo, desperdiçado ou não, isso é que realmente importa.

Estar em silêncio total ou gritando pode ser a mesma coisa, não modificarei o mundo como queria, mas modificar um pouco quem eu sou pode ser muito. Eu ando na vida como numa planície de areia movediça, mas quem não anda?

Gostaria de escrever palavras mais bonitas, versos geniais, poemas que fazem sorrir, mas elas não seriam as minhas, Não tenho culpa se a tristeza chega até os meus olhos e até ela merece ser falada.

O sol aparece novamente, mais um dia está fadado a vir e morrer, assim como tudo que existe ou poderia existir. A grandiosidade e a mediocridade têm que dividir seu espaço sem reclamações de ambos os lados.

Não sei quando morrerei, na verdade ninguém sabe, se pensa que sabe, falta-lhe certeza absoluta, assim como tudo que há. Só sabemos que ela é pontual em cumprir sua agenda, isso desde o começo dos tempos...

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Poesia Gráfica LXXXVI

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