Eu que o diga. Ou não... Em frases certeiras de uma indecisão que escorre dos bolsos até o dia do Juízo Final... Não fui eu, senhores! As feridas da alma fazem chorar bem mais... E mesmo com tantas estrelas pelo céu, nuvens teimam em cobri-las. Nada mais posso fazer que mascar meus chicletes em sóbrio silêncio.
Tudo muda. E, se repararmos, nem as cores já são as mesmas... Velhas fotografias parecem com alienígenas mesmo que sua origem seja assim declarada... Recordar é uma forma refinada de masoquismo, pode ter certeza de tal empenho, mesmo que as direções das setas sejam um tanto opostas...
Ainda não decidi para que lado olho. Se choro verdadeiramente ou ensaio uma nova comédia... Minha mente acaba olhando em todas as direções feito um bicho mais que arisco em dias de pleno susto... Esse frio noturno entra pela janela que esqueci aberta, isso não me importa mais...Os violentos dão socos tão fortes que acabam quebrando seus ossos. Bem feito...
Acabei me viciando com estreitos labirintos. E em comédias sem sentido algum, estas bem parecidas com todas as vidas... Tudo é apenas uma questão de espelho, nem os filósofos podem negá-lo, nem sempre a beleza das frases possuem exatidão e nem sempre o sentido pode corresponder à verdade...
Estar aqui ou não estar não é um dilema. O tempo e o espaço dançam uma valsa e pisam no pé um do outro... Acabam não reclamando e acham tudo muito engraçado. Eu mesmo rio dos meus tombos e acho que minhas gafes sejam piadas mais ou menos sofisticadas...
Entre o sótão e o porão está o que nos resta. Os cacos de vidro espalharam-se pelo chão, mas tudo é questão de pura dialética... O que é será um dia o não-é-mais e mesmo quando duvidamos disso, assumidamente, o erro é só nosso...
A bondade e a maldade flutuam pelo ar. Como num balé mal arrumado onde esse estranho par está embriagado sempre... Vistamos nossos andrajos, a esmola que pedimos nunca será o bastante - é a esmola de nossos enganos, não há bolso que possa contê-la...
Eu entro na primeira fila que aparecer. O motivo? Não ter motivo algum é o que existe de mais plausível, nossa loucura serve mais do que toda a morfina que possa existir... A ave caiu, o ovo quebrou, a flor murchou antes do tempo, minha carne treme de medo do nada...
O gato já comeu o canário. Tem alguma estrela aí pra me dar? Pode ser uma bem pequenininha, desde que maior que o sol... Dragões também são necessários de quando em vez. É tudo uma simples questão de charme...
Queremos alguns segredos menos conhecidos. Bolas de gude daquelas que tive um dia... E muitos gelados que vendiam na praia. Nada existe mais adiante e mesmo assim sobra alguma eternidade. Venturosa amnésia que nos pega às vezes...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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