sexta-feira, 16 de abril de 2021

Efeméride Para O Nada

 

Esquecimento

Mais um igual à tantos outros

Tudo passa

Mesmo que pedras sejam gravadas

Transformação constante

Em tristes lápides apagadas

O tempo tem apetite insaciável

Nem o autor conhece plenamente

Qual sua obra

Flores murchas e água parada

Insetos mortos em suicidas mergulhos

Ecos de um abismo raso

Novidades mortas

Um simples estalar de dedos

O que comemos ontem?

Se comemos

Um vento bom acabou enjoando

Só o imprevisível pode ser previsto

A razão dá sonoras gargalhadas

E nossos ouvidos zunem

O que não queríamos chega até nós

Castelos são mais fáceis de derrubar

O segundo dia matou o primeiro

Com requintes de terna crueldade

O primeiro momento foi o único

A inspiração morreu

O dinheiro acabou

Algumas fotos causam calafrios

Por sua extrema e mórbida beleza

O niilismo saiu à francesa

Que a verdade não seja dita

Tudo converge ao mesmo ponto

E o ar agora se rarefaz

Talvez só os versos permaneçam

Mas nem isso

Podemos afirmar com certa certeza...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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