Esquecimento
Mais um igual à tantos outros
Tudo passa
Mesmo que pedras sejam gravadas
Transformação constante
Em tristes lápides apagadas
O tempo tem apetite insaciável
Nem o autor conhece plenamente
Qual sua obra
Flores murchas e água parada
Insetos mortos em suicidas mergulhos
Ecos de um abismo raso
Novidades mortas
Um simples estalar de dedos
O que comemos ontem?
Se comemos
Um vento bom acabou enjoando
Só o imprevisível pode ser previsto
A razão dá sonoras gargalhadas
E nossos ouvidos zunem
O que não queríamos chega até nós
Castelos são mais fáceis de derrubar
O segundo dia matou o primeiro
Com requintes de terna crueldade
O primeiro momento foi o único
A inspiração morreu
O dinheiro acabou
Algumas fotos causam calafrios
Por sua extrema e mórbida beleza
O niilismo saiu à francesa
Que a verdade não seja dita
Tudo converge ao mesmo ponto
E o ar agora se rarefaz
Talvez só os versos permaneçam
Mas nem isso
Podemos afirmar com certa certeza...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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