quarta-feira, 28 de abril de 2021

The City of Clowns


 Como todo burguês despudorado

Guardo em mim todas as contas

Os tapetes estão cheios por baixo

E nos armários nem se fala...

O meu carrão de luxo vai velozmente

Sonoramente como um deboche

Para os miseráveis da vida

E com vontade de matar um deles...

A vida é assim e assim sempre será

Alguns são lixos mais agradáveis

E outros apenas um simples lixo

Neste pesadelo quase freudiano...

Encho meus pulmões feito condenado

Crucifico mais um herói por dia

Enquanto faço minhas lições de casa

E com o meu politicamente careta...

Crueldade em todas as tintas

Mosquitos esmagados nas paredes

Passarinhos de asas cortadas

Pedaços de calçadas disputados...

Cada qual com seu pesadelo

Mesmo que invejando o alheio

Cada qual com sua mazela

Esperando ter a ferida do outro...

Fazemos lives para nós mesmos

Numa solidão nunca antes testada

Um Apocalipse mais que particular

Onde não há mais cavaleiros...

Vamos arrumar caprichosamente

Como espantalhos sem milharal

E colocar uma máscara na outra

O até quando é ilustre desconhecido...

Como todo ser humano inumano 

Inventor de meus próprios fantasmas

Assassino de todas as inocências

Escrevo de moedas e de números...

Estou sempre entrando em crise

As mãos tremem no volante esportivo

Qualquer morte virou número

Covas só crescem na vertical...

Vamos fazendo esse grande espetáculo

Sem ter graça nenhuma e não terá

Porque vivemos entre os escombros

De uma cidade de sinistros palhaços...

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