terça-feira, 6 de abril de 2021

Poesia Marginal 2 ou Todo Mundo

 

Todo mundo, porra nenhuma,

Sem diferença entre a pedra e a pluma,

Que sobreviva quem assim pode,

Quem ama transa, quem deseja - fode

Quem tem fome apenas engole,

Quem tem medo, corre, escapole


Todo mundo, quase tudo,

Vive bem mais quem for mudo,

Anda bem mais quem for cego,

O Eu já morreu, ficou o ego

Aquele que tem uma casa - mora,

Se não há roupa, é de bunda de fora


Todo mundo, mesma putada,

Cada ser humano vale o seu nada,

O seu nada guardado com carinho,

A rosa vale bem menos que o espinho,

O prato do dia é mais um prato vazio,

Até o fogo agora está sentindo frio


Todo mundo, toda malta,

A dignidade humana está em falta,

A maldade chegou e veio para ficar,

Quem veio me desmentir venha cá,

Está tudo acabado antes mesmo do fim,

O fim está quando a máscara cai,

Quando o amor deu tchau e se vai


Todo mundo, todo animal,

Pecado pequeno ou pecado capital,

Somos assim, sabendo ou sabendo não,

Qualquer negócio, esporte ou diversão,

Quem tem apenas um olho é o rei,

É a verdade: Eu só sei que nada sei...


Todo mundo, toda alcateia,

Queremos todas as palmas da plateia,

Também os likes que os dedos suportarem,

Todos os amores que não nos amarem,

Toda sutileza tem sempre um quê de rude

Assim como toda batalha termina em nude


Todo mundo, porra nenhuma,

Tentar viver antes que tudo se consuma,

Que reste de nós apenas o nosso nome,

A nossa decepção, a nossa derrota, a fome

E a morte virá em apenas em um segundo,

Acabando tudo, acabando todo mundo...

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