Um carro bate no meio do poema...
Meu poema era a noite mais enorme
Que o próprio espaço poderia ter...
Era meu corpo transmutado máquina...
Afinal é o que agora somos...
Foi mais rápido do que a luz
Que talvez não houvesse...
Faróis abrindo que nem olhos de susto
Para se apagarem para sempre...
Sem todavia qualquer morte
Porque a tristeza pode ser bem pior...
Apesar de todo barulho
Tenho quase certeza que ninguém escutou...
O som dos pneus derrapando
O metal sendo amassado de repente
Tenho quase certeza que ninguém escutou...
Ninguém sabe que horas eram
A madrugada não possui relógio...
A hora do sono... A hora do diabo...
Nossos anjos estão de férias...
Um carro bate no meio do poema...
Talvez nada que eu fale seja verdade
Por estar desmaiado entre as ferragens...
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