Todo poema é um milagre,
um milagre malfeito, mas um milagre...
Um milagre do amor
(mesmo com desamor),
mesmo com dor,
mas um milagre...
Às vezes nos força pular no abismo
sem ter asas,
em outras, faz que andemos no chão
mesmo sendo pássaros...
Todo poema é bonito,
mesmo quando feio, mas sempre bonito...
Ele expressa em palavras
aquilo que as palavras não dizem...
Sua exatidão tem a mestria
que só raios de sol ou velhos sons
podem (ainda que raramente) ter...
Eles nos faz andar por tortuosos caminhos
sem direção alguma
mas acaba nos levando mais além...
Todo poema é uma pintura,
até cegos olhos podem vê-lo,
até os mortos podem senti-lo...
Tem a liberdade de quebradas correntes,
paredes que foram derrubadas,
gritos vindos de toda uma multidão...
Foi o poema que venceu as batalhas
e fez todos os conhecidos prodígios
e até os que nunca foram
e não serão conhecidos jamais...
Todo poema é um milagre,
o milagre de manter o poeta vivo
quando já deveria estar morto...
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