Eu olho as gotas de chuva
e me pego pensando:
De onde vieram?
Que caminho percorreram
até chegar aqui?
Devem ter visto coisas bonitas
porque a chuva ri...
Mas também devem ter visto
algumas coisas tristes
porque gotas são lagrimas...
Mas vale a pena toda aventura
e eu agora queria ser chuva...
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Eu sou como o Caos, abram alas para mim! Eu venho acompanhado da solidão, acariciado pela tristeza, procurando entre todas as ruas desta tumultuada cidade, alguns abismos para me jogar. Trago a vida e a morte nas mãos e brinco com elas como um menino no sinal que sorri em troca de algumas moedas. Ah, mas que delícia! Trago em meu peito as feridas dos espinhos da paixão e como bom amante, trato bem de cada uma delas. Não sei quanto tempo me resta, gostaria de viver pelo menos mais um dia do que me cabe. Oro por isso. Eu sou a própria tempestade, anjo e demônio ao mesmo tempo, abram alas para mim!
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Os retratos são bons...
O retratos são maus...
A saudade mata sem matar...
A tristeza chega sem avisar...
E o que fazer mais não há...
Os retratos são bons...
Os retratos são maus...
O desejo foi apenas desejo...
Foi um pesadelo malfazejo...
Nem tudo que enxergo vejo...
Os retratos são bons...
Os retratos são maus...
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Nem frio, nem calor. Apenas tempos de várias guerras, umas visíveis, outras nem tanto. A cidade em chamas, mesmo quando tudo parece tranquilo. Meninos amedrontados dentro de uma noite violenta e velada. Rostos paralisados numa careta em um espelho velho. Só a fome é demais. Um bando de espectros em intermináveis filas. Nada é tão real quanto a ilusão. O paciente teve um infarto fulminante e passa muito bem. Temos facas de três gumes. Nem frio, nem calor...
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Cortes sem sortes
Sangro sem uma gota sequer
Nem sei o que vejo
Não tive sequer um carinho
Eu sou o alvo e sou a seta
O tempo todo
Insetos volteiam a lâmpada
Bem maior do dia
Sem cartas e sem mangas
Minhas velhas roupas
Mais novas que minh'alma
Quero somente ensaiar
Um novo ritual mágico
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Eu queria ter a idade dos ventos, juro solenemente que queria! Ventos não envelhecem nunca, eu envelheci. Queria aprontar alguma e você só poderia me xingar...
Eu queria ter a carícia dos ventos, ah, como eu queria! Se pudesse escolher alguma cor dessas, lhe cobriria do vermelho de algumas rosas sem dono, dessas que crescem em jardins esquecidos...
Eu queria ter a malícias dos ventos, isso sim, eu queria! Ventos não possuem sombras e não poderia ser seguido por nenhum desses malvados pesadelos...
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Impossível é o que queremos
humanos somos...
E nas palavras que arquiteto
enveneno-me, escorpião...
Sonhos que são pesadelos
fecho meus olhos...
A madrugada perigosa
ofereceu-me os préstimos...
Tudo é perigoso, muito,
sobretudo querer...
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Brincadeiras - o que o destino nos apronta. Um cara excêntrico e com pouca empatia. Coincidências - o que a vida nos aflige. E muitas e muitas palavras que nos lembramos quando já é tarde demais. Eu não consigo parar o relógio, ninguém consegue. Essa é a maior ilusão que podemos fabricar e nos machucar...
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