segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome Número 91


Eu olho as gotas de chuva

 e me pego pensando:

De onde vieram?

Que caminho percorreram

até chegar aqui?

Devem ter visto coisas bonitas

porque a chuva ri...

Mas também devem ter visto

algumas coisas tristes

porque gotas são lagrimas...

Mas vale a pena toda aventura

e eu agora queria ser chuva...


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Eu sou como o Caos, abram alas para mim! Eu venho acompanhado da solidão, acariciado pela tristeza, procurando entre todas as ruas desta tumultuada cidade, alguns abismos para me jogar. Trago a vida e a morte nas mãos e brinco com elas como um menino no sinal que sorri em troca de algumas moedas. Ah, mas que delícia! Trago em meu peito as feridas dos espinhos da paixão e como bom amante, trato bem de cada uma delas. Não sei quanto tempo me resta, gostaria de viver pelo menos mais um dia do que me cabe. Oro por isso. Eu sou a própria tempestade, anjo e demônio ao mesmo tempo, abram alas para mim!


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Os retratos são bons...

O retratos são maus...


A saudade mata sem matar...

A tristeza chega sem avisar...

E o que fazer mais não há...


Os retratos são bons...

Os retratos são maus...


O desejo foi apenas desejo...

Foi um pesadelo malfazejo...

Nem tudo que enxergo vejo...


Os retratos são bons...

Os retratos são maus...


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Nem frio, nem calor. Apenas tempos de várias guerras, umas visíveis, outras nem tanto. A cidade em chamas, mesmo quando tudo parece tranquilo. Meninos amedrontados dentro de uma noite violenta e velada. Rostos paralisados numa careta em um espelho velho. Só a fome é demais. Um bando de espectros em intermináveis filas. Nada é tão real quanto a ilusão. O paciente teve um infarto fulminante e passa muito bem. Temos facas de três gumes. Nem frio, nem calor...


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Cortes sem sortes

Sangro sem uma gota sequer

Nem sei o que vejo

Não tive sequer um carinho

Eu sou o alvo e sou a seta

O tempo todo

Insetos volteiam a lâmpada

Bem maior do dia

Sem cartas e sem mangas

Minhas velhas roupas

Mais novas que minh'alma

Quero somente ensaiar

Um novo ritual mágico


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Eu queria ter a idade dos ventos, juro solenemente que queria! Ventos não envelhecem nunca, eu envelheci. Queria aprontar alguma e você só poderia me xingar...

Eu queria ter a carícia dos ventos, ah, como eu queria! Se pudesse escolher alguma cor dessas, lhe cobriria do vermelho de algumas rosas sem dono, dessas que crescem em jardins esquecidos...

Eu queria ter a malícias dos ventos, isso sim, eu queria! Ventos não possuem sombras e não poderia ser seguido por nenhum desses malvados pesadelos...


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Impossível é o que queremos

humanos somos...

E nas palavras que arquiteto

enveneno-me, escorpião...

Sonhos que são pesadelos

fecho meus olhos...

A madrugada perigosa

ofereceu-me os préstimos...

Tudo é perigoso, muito,

sobretudo querer...


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Brincadeiras - o que o destino nos apronta. Um cara excêntrico e com pouca empatia. Coincidências - o que a vida nos aflige. E muitas e muitas palavras que nos lembramos quando já é tarde demais. Eu não consigo parar o relógio, ninguém consegue. Essa é a maior ilusão que podemos fabricar e nos machucar...


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