quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Sol Maneiro

 

Escrevo sobre o que quiser

palavras aos montes da minha boca

linhas feito rios correm no papel

Acho que ainda estou vivo...

Xingo por puro prazer

e grito por questão de arte...

A bomba quase explodiu

enquanto eu conhecia de perto

os mais variados tons de folha...

Não existem almas para tantos verões!

Tudo cabe na palma de qualquer mão

e qualquer não pode ser bem vindo...

As declarações são misteriosas

mas imprescindíveis ao seu modo...

Tento evitar de repetir

mas existem muitos pudins e erros...

Nunca fui mestre de alguma coisa

e não reivindiquei coisa alguma...

Aliás, não existem mais aliás...

Gosto de sair sambando pelas ruas,

principalmente quando não é carnaval...

Existem várias cachaças

e sobretudo as que não embriagam...

Nossos dentes são sobreviventes

de uma grande e constante tempestade...

São tantas as escolas que existem

mas nem todas elas dão diplomas...

Nas pontas dos abismos 

a brisa é quase sempre mais agradável...

Pobre de mim, camaleão!

A vida passa em preto-e-branco...

O cinema fica sempre vazio

com exceção das matinês...

Mesmo quando a Chiquita

falta aos seus compromissos...

Eu vou viver mais cem anos

até que alguém me esqueça...

Escrevo sobre o que quiser

palavras aos montes da minha boca

até sobre esse sol maneiro

que não está mais aqui...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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