quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Embriaguez Poética Acompanhada de Tristeza

 


Eu bebo o sol,

preciosamente gota à gota

sem derramar nenhuma ao chão.

Muito poetas riem da minha cara

porque, afinal de contas,

eu não aprendi a sorrir...

Isso não importa,

não tem importância alguma,

sentir sim é o que importa.

Como quase sempre sinto

a infinita dor do cachorro

que dorme desesperado

em qualquer calçada...

Eu respiro o dia,

sem precisar enfeitá-lo

com algo que nunca existiu.

Muitos outros também rirão

minha rudeza faz parte de mim

assim como o que está perto...

Viver é simples em demasia,

por isso nos confundimos

com tudo que o óbvio nos oferece.

Eu errei de endereço

(minha vista anda cansada),

indo parar no começo da vida

me esquecendo que era o fim...

Eu engulo a chuva,

não porque eu goste,

nem tudo que existe, gostamos.

Muitos poetas viram o rosto,

acham que a alegria resolve,

mas ela acaba e é pior...

Isso não importa,

o cinza também é cor,

mesmo que não aceitemos.

Como quase sinto

o infinito medo do pássaro

que sem asas tenta voar

pulando do abismo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Insalubre (Miniconto)

Insalubre era a casa dela (se é que podia ser chamada de sua ou ser chamada de casa). Qualquer favela tem coisa bem melhor. Sem porta, sem j...