Eu bebo o sol,
preciosamente gota à gota
sem derramar nenhuma ao chão.
Muito poetas riem da minha cara
porque, afinal de contas,
eu não aprendi a sorrir...
Isso não importa,
não tem importância alguma,
sentir sim é o que importa.
Como quase sempre sinto
a infinita dor do cachorro
que dorme desesperado
em qualquer calçada...
Eu respiro o dia,
sem precisar enfeitá-lo
com algo que nunca existiu.
Muitos outros também rirão
minha rudeza faz parte de mim
assim como o que está perto...
Viver é simples em demasia,
por isso nos confundimos
com tudo que o óbvio nos oferece.
Eu errei de endereço
(minha vista anda cansada),
indo parar no começo da vida
me esquecendo que era o fim...
Eu engulo a chuva,
não porque eu goste,
nem tudo que existe, gostamos.
Muitos poetas viram o rosto,
acham que a alegria resolve,
mas ela acaba e é pior...
Isso não importa,
o cinza também é cor,
mesmo que não aceitemos.
Como quase sinto
o infinito medo do pássaro
que sem asas tenta voar
pulando do abismo...
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