Atendendo ao pedido de meu grande amigo Jullyano Lourenço, o Poetinha, exponho hoje alguns Haicais d'O Livro dos Haicais
A dúvida é a única certeza
É difícil caminhar
O barco vai contra a correnteza
Num gesto de amor
A borboleta
Se confunde com a flor
Mamãe, eu vi a lua!
Esquece isso...
É a vida que continua
Este é um hábito bem antigo
Brincar com as palavras
Ou elas que brincam comigo?
O cata-vento roda e roda
Feliz por ser
Mais que uma simples moda
Cada dia tem o seu tamanho
Olhe no espelho
Você só vai ver um estranho
É bom não olhar para os lados
Podemos então ver
Alegria e tristeza de braços dados
O mundo é uma grande fábrica de gaiolas
Somos os pássaros presos
E nossos lamentos espalham-se pelo ar
Perguntas e perguntas e perguntas
Muitas do menino curioso
Onde estaremos nós daqui há pouco?
Faço das tristezas um barco de papel
Coloco-o num rio de esperança
Mas falta o vento ou então é demais
O ódio e o amor resolveram competir
E saíram a correr pelo mundo
Quem chegasse primeiro é que perdia
Se a plateia ri das nossas palhaçadas
Não sabem o que fazem
O verdadeiro riso é de quem o criou
Nunca chame a tristeza pelo seu nome
A pontualidade e a solicitude
Acompanha sempre os maus destinos
Um dia o homem deu um passo e depois outro
E acabou dando mais um
E aí temos o que chamamos hoje - caminho
Não há absurdo que não seja plausível
Tudo pode acontecer
É por isso que vivemos entre os homens
O sono vem vindo mansinho
Quem não sabe
Que é um morrer pequenininho?
Eis a maior e real verdade
Somos tão felizes
Só não temos a felicidade
As borboletas são encantadas
Será que estão
Fazendo curso de fadas?