quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O Palavrão

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A prestação no fim do mês
A dura certeza de um talvez
O desastre de quem o fez
Para o abatedouro feito rês

Fere aos ouvidos é obsceno

Se matar com o próprio veneno...

A roupa velha e a roupa feia

Construir castelos feitos de areia
Saber que a verdade é só meia
Uivar sem ter qualquer lua cheia

Fere aos ouvidos é imoral

Ficar de luto em pleno carnaval...

A dor profunda a carne viva

A inércia comendo a iniciativa
A falta de qualquer alternativa
Como um barco indo à deriva

Fere aos ouvidos e ruboriza

Não ter nada do que se precisa...

Eu acredito sem mesmo crer

Até a morte tem o seu cachê
Meus olhos não servem para ver
Enquanto pago o meu michê

Fere aos ouvidos é incerto

Quando há alguém por perto...

O meu perfume agora fede

O meu argumento não procede
Aquele alicerce agora cede
Nem o mendigo agora pede

Fere aos ouvidos é insano

Vamos brincar de ser humano...

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