A prestação no fim do mês
A dura certeza de um talvez
O desastre de quem o fez
Para o abatedouro feito rês
Fere aos ouvidos é obsceno
Se matar com o próprio veneno...
A roupa velha e a roupa feia
Construir castelos feitos de areia
Saber que a verdade é só meia
Uivar sem ter qualquer lua cheia
Fere aos ouvidos é imoral
Ficar de luto em pleno carnaval...
A dor profunda a carne viva
A inércia comendo a iniciativa
A falta de qualquer alternativa
Como um barco indo à deriva
Fere aos ouvidos e ruboriza
Não ter nada do que se precisa...
Eu acredito sem mesmo crer
Até a morte tem o seu cachê
Meus olhos não servem para ver
Enquanto pago o meu michê
Fere aos ouvidos é incerto
Quando há alguém por perto...
O meu perfume agora fede
O meu argumento não procede
Aquele alicerce agora cede
Nem o mendigo agora pede
Fere aos ouvidos é insano
Vamos brincar de ser humano...
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