sábado, 7 de novembro de 2015

Todos Os Gatos São Pobres


Esperem aí pelas primícias de um grande dia de sol
Somos o que somos nada mais nada menos que isso
E nossas palavras um tiro sem direção dentro do escuro

Chove o óbvio em mancheias por qualquer caminho

E nem ao menos nos sabemos dormindo ou acordados
Numa inútil tentativa de evitar qualquer afogamento

Cantam pássaros ainda que nunca vistos só ouvidos

E a nossa pequenez vai aumentando à olhos vistos
Até que não possamos mais desatar um simples nó

Era o que esperava na minha grande lista de surpresas

E um choro bandidamente torturante vinha aos poucos
Gota por gota e ainda assim algarismo por algarismo

Não tente dançar por todas as calçadas pois são muitas

Nem tente justificar as paixões que foram apenas um sabor
Nunca saberemos o certo resultado da precisão matemática

Eu conto histórias como quem vai contando as suas moedas

Mas ainda sim os malabarismos serão executados à revelia
Como se a dificuldade demorasse esperando a hora do jantar

Os meses são torturadores que capricham em suas carícias

E os dias são saltimbancos que agora fazem a vez das carpideiras
Não adianta chorar a nega tá  lá dentro como já dizia o sábio

Não adianta atrasar ou adiantar qualquer história por aí

Porque longos são os braços da verdade e rápidos seus pés
Os meus ouvidos são mudos mas o ar corre várias direções

Quem saberá onde estamos se nem nós mesmos sabemos?

Os gatos são pobres e nisso consiste sua grande vantagem
Tudo pode ser roubado menos o calor de telhados e muros...

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