Esperem aí pelas primícias de um grande dia de sol
Somos o que somos nada mais nada menos que isso
E nossas palavras um tiro sem direção dentro do escuro
Chove o óbvio em mancheias por qualquer caminho
E nem ao menos nos sabemos dormindo ou acordados
Numa inútil tentativa de evitar qualquer afogamento
Cantam pássaros ainda que nunca vistos só ouvidos
E a nossa pequenez vai aumentando à olhos vistos
Até que não possamos mais desatar um simples nó
Era o que esperava na minha grande lista de surpresas
E um choro bandidamente torturante vinha aos poucos
Gota por gota e ainda assim algarismo por algarismo
Não tente dançar por todas as calçadas pois são muitas
Nem tente justificar as paixões que foram apenas um sabor
Nunca saberemos o certo resultado da precisão matemática
Eu conto histórias como quem vai contando as suas moedas
Mas ainda sim os malabarismos serão executados à revelia
Como se a dificuldade demorasse esperando a hora do jantar
Os meses são torturadores que capricham em suas carícias
E os dias são saltimbancos que agora fazem a vez das carpideiras
Não adianta chorar a nega tá lá dentro como já dizia o sábio
Não adianta atrasar ou adiantar qualquer história por aí
Porque longos são os braços da verdade e rápidos seus pés
Os meus ouvidos são mudos mas o ar corre várias direções
Quem saberá onde estamos se nem nós mesmos sabemos?
Os gatos são pobres e nisso consiste sua grande vantagem
Tudo pode ser roubado menos o calor de telhados e muros...
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