quinta-feira, 19 de março de 2015

Insaneana Brasileira Número 68 - Embolada Nossa

É tudo embolado mesmo. E os pedestres passando apressados para lugar nenhum. Eu canto meus dias de encanto na alça de mira do nada. E o atirador aperta os olhos e morde a língua e capricha no tiro. É o comercial da nova novidade. O mais novo desenho animado que não fala nada. E a novela polêmica que perverte toda ordem estabelecida. Eu faço contas com as contas do meu rosário. E no silêncio da madrugada satisfaço meus desejos imanifestos e mais lúbricos possíveis. Não há perdão para marcadas cartas. Não embalemos os bois com doces histórias. O matadouro está logo ali. Sem coincidências. De coincidência já basta a vida. Com seus contrastes vergonhosos. Turvas águas e contos mal contados. Há vales sem sol e sóis sem eiras e nem beiras. Discursos calados e bons cantadores. Os invasores estão chegando. Os ingleses estão chegando para os chás da cinco. E os alquimistas dos calçadões e mercados populares. A voz do povo é a voz do diabo condenando os mais inocentes. Porque queremos tudo em seu devido lugar. Até o que não existe. Fantasias. Fantasias que dão medo em suas máscaras. É hora dos lobos. Principalmente dos bons lobos. O alvo é o prato cheio e o peito agora vazio. Eu desperdiço mesmo as palavras em mancheias. E todas as estrelas que eu posso gastar. Nada nos olhos porém. É muita poeira por aí. E célebres cortes que doem demais. Eu nunca tentei ser o que sou. Mas o que não sou incontáveis vezes. Porque complicado nunca sou. Porque complicado sempre estou. Nos vinte e cinquenta anos que matei à mim mesmo sem pena alguma. Como é doce esse amargo. E quantas fantasias posso fazer de desilusões mais rudes. E eu me arrependo de todas as coisas que não pude fazer. Passar ridículo é mais do que normal e como dói. O comediante só fala sério e nem sabe onde andam seus risos. Só sabe repetir suas anedotas grotescas de fim previsível. Que pela sua solenidade poderiam fazer até chorar. É o encanto do repente. São os ingredientes duma massa filosofal. Não queiramos novas fogueiras. As velhas ainda estão acesas mesmo com o português mais que arcaico. E toda tecnologia não vence o jabuti na corrida. O mestre nem sabe como começa a lição. Eternamente eternos em nossos erros bons de se ver. Agora é a hora de acordamos mesmo sem saber que dormimos...

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