sábado, 28 de março de 2015

Mais Insano Ainda

Eu já falei em altos gritos
De minha insanidade em versos rudes
Esperando uma volta que não acontecerá
Não, não voltará, não voltarão
Os momentos que eu te amava
Mais contentes que um cigarro aceso
E mil voltas pelo quarteirão
Por favor, apaguem estas luzes
O escuro tem mais coisas pra dizer
Eu quero um sono mais que terno
Que possa compensar todas as horas
Que chorei e foi tudo em vão
Os copos, todos eles, estão vazios
E meu soluço não pára por tudo que falhou
Como me irritam os carros, como irritam
Com sua vã pose de que irão a algum lugar
Quilômetros e quilômetros andei pelo quarto
Fazendo discursos para o meu nada
Expondo as razões da minha falta de razão
As figurinhas que recortei sumiram no fogo
E os brinquedos que um dia eu quis
São agora trastes inúteis de algum lugar
Eu já pedi com toda educação
Que os vizinhos abaixem o som
Não que eu seja contra a alegria
Mas não gosto das palavras que se repetem
Consagrando a nova idiotice coletiva
São preocupantes os nossos dias
E muitos canhões apontados para seus alvos
Eu vejo novas alucinações de malcriados meninos
Homens feitos com suas armas de matar
Tudo se repete em histórias malfeitas
E nossas chances de voar são quase nulas
Os frutas caíram do pé ainda imaturas
E o que me resto é fazer novas palavras
Estou enlouquecendo e suo frio
E sinto um êxtase que só a maldição pode levar
A maldição de ter escolhido uma nova cor
De quebrar o silêncio na hora do jantar
De sair pelo meio da noite para lugar algum
E até me esquecer da hora de poder voltar
Eu faço rimas quando quero e quero sempre
E peço ainda algum beijo de misericórdia
Estou num vazio no meio de um grande deserto
E eu sou o meu próprio oásis...

sexta-feira, 27 de março de 2015

Insaneana Brasileira Número 70 - Malalango Ibiquera

Malalango ibiquera. Fandango de pouca monta. Tu não sabe o final da briga? Chão com chão. É isso. Mangona ferraia. É tuti no tuti e mais que nada. Discos? Tenho muitos. E antigas lágrimas coladas bem nas fuças. Mas olhe que eu nem pedi. Não acendi velinha pro santo em cima da cômoda que por erro tava na sala. É só sonada. E um gosto meio amargo que vem incendiado o dia. Ah! Então... Vamos de cavalinhos de pau. E meio riso numa boca nova. Como tem espelho espalhado espelhando coisas e coisas. Nunca mais comi daquela fruta. Nem vi o pé à bem da verdade. Cortaram. Que mardade merda. Malamo semvergonho. Eu gastando meu grego pra explicar o óbvio. E falar difícil. Sem errar sóletra. Mas até que gosto zaroio gago dos infernos. Gosto até dum sonim depois do decomê. Hum... Então... Chafarizes bonitos em praças quequeras. E passarins esquecidos das asas. Dor. Dor. Dor. Do cuscuz ao almejo nem me lembro mais quando num tinha. Tinha é pior do que lepra. Pesada que nem Maria Balalaica a boa. Na boca agora dormida ainda recendem alguns sons e que fiquem guardados. Num baú que nanvega a eternidade. Cheiro de coisas novas. E sapatos gastos com andanças beneboas. Não invento nada. É que eu guardo muito e a emabaralhice acaba funcionando mesmo. Falo porque falo nesta josta. E tenho dito bendito maldito. Quantas vezes dito e repetido. Que nem naquelas festas que um dia vi. Em que casinha vai o coelho? Eu ficava enxotando ele. E era mui legal. Ó barões enfeitem-se com fitas e filós. Com rendões no pescoço papudo. São vocês que ficam na minha frente nos corredores. E falam besteiras pra ofender mesmo. Vocês não sabem qual a maldade que fazem e riem o tempo todo. Eu queria pular nos seus pescoços amalditados! Queria esganiçar todos de uma vez. Vocês é que darão as cartas ao amanhã e olha quanta besteira farão! E vocês sá putas? Vão parir o futuro e não valem um níquel. Porque o que assim é assim sempre será. Tanto faz quanta cera tem. É a mesma zolheira de vadia. E o mesmo gemido fingido pro cocote de cabelos enroladinhos que vai tentar ser santo um dia. Cuidado com o gato! Ele anda em mil muros ao som de qualquer música. E seu bote é certista. Nunca faiou. Nem vai. Eu tenho fé nesse troço e nessa troça também. Vou rir muito. E muito mesmo. Com seus cambitos tremendo e a foice da não bem recebida vindo no pescoço. Cambada de puto! Essa merda tá ansim por culpa de cada um. Nem um pão pros pobrezinhos. E tudo com cálculo estatístico provando que é certo. E o malandro de terno pedindo bis. Bis é uma vírgula! Não me engana que eu não gosto. Sou safo. Já rodeei muita fogueira por aí. E fumei todas as guimbas que o chão pode oferecer. Malandro aqui sou eu!...

quinta-feira, 26 de março de 2015

Insaneana Brasileira Número 69 - Gritos de Nossa Boa

Ah cramunhão cego de um rego só. Dá vontade de te esgainar por toda essa traquinice malfeita da porra. Dá vontade de te atazanar até cair teus dentes dessa boca mardita. Quem disse que tal brinquedo é coisa de fuças? Brincar com as coisas do coração dos outros é maleita. Fazer certas coisas com o povo parece ser normal. Mas só um ruim é marvado. Sonho é pra ser sonhado. Não importa quem seja. O menino da esquina ou o barão no bem-bão. Ara é disso que eu tou falando. Sonho bonito daqueles que faz gosto. Um passarim lá em cima avuando. Um balão cheio de cor na noite estreladinha. Um barco indo pras terras novas. Um sopro de vida num coração já astragado. Uma mesa cheinha de bóia pro povo comer. Facim de alegrar quem sabe viver. Não compriquemos mais do que já é. Já basta de filosofança na hora do vamover. Os motivos? Ah que se lasquem. É só ser bom e isso que importa. O resto é parecença e isso só. Chega de chiqueza. Um paninho já cobre tudo. O fininho cobre a cara do falecido na hora de carpiderá. Ô seu moço! Compra aí pra me ajudar... Só um docinho. Só uma esperança de tempo melhor. De viver sem coquetes e sem plantas daninhas. Porque ansim os homens o são. Cada um querendo quebrar o brinquedo do do lado. Mas nem dá. Os livros tão cheias de letra. Do que adianta? Os gabinetes cheios de fanfarros e malditos. Cheios de bundas grandes e miolo miudinho. Nada se faz sem calos nas mãos e estrada nos pés. Vejam eu que corri o mundo até a última página. Só falta um taquinho assim de dias. Mas cada um que seja de bom. Nada é diferente. Parecença é um engano fulejo. Os olhos são o enganejo das vistas. Alegria dá onde tá. Um carocinho assim se alastra bem bom. Uma fogueirinha de folha e papel já faz brilhança na noite. E esquenta a alma. Como esquenta! Um ditadinho nos ouvidos e caramba quanta engraçadice fez bem. Nem complicado é. Só de susto vive a televisão. Nova novidade velha quem nem sombrancelha. Sempre esteve lá matrengo de ruma! Sempre esteve cá zaroiudo de menga! A tremulice das mãos não impede o regalo. E um mapinha de linhas vai se formando. Esquenta bem e bom. E isso ainda tem de sobra. Ah! Se tem meu cumpadre de rua. Ah! Se tem minha cumadre de rosa de quintal. Às vezes eu olho e me entristeço com as coisas malfeitas dessa terra. Mas que pagam pagam. Um dia mais cedo ou mais tarde. Vagamanhos sarnentos filhos do desperdício do sal do batismo um dia acaba essa tronha toda. Fuliscos de uma daneira porca. O burrico também escoiceia e muito. Acabou a canga ô meleca! Um dia vão dizer isso sem jornal porque até lá acabou as marmotas desses também. Aqui ó! Pra tu filho das unhas sujas! Me espera...

Mais! E Mais! E Mais!


Quero colecionar gravatas
Ser o cara do verão
Ter mais de mil pratas
Ganhar mais de um milhão
Ganhar toda a corrida
Participar da promoção
Me dar bem na vida
É grande minha emoção
Quero pular obstáculos
Viver como se fosse cão
E os maiores espetáculos
São os que não dizem não
Quero ter meu rolex
E quero ser o fodão
Porque eu sou total flex
Porque só tenho tesão
Quero ser o sorteado
Quero ganhar isenção
Tenho encontro marcado
Com a bala de um canhão
E fazer tudo errado
É porque sou o bufão
Vamos juntar nossas tralhas
Guardadas no coração
Apesar de todas medalhas
Nunca fui um campeão
Piadas que o universo riu
Histórias de assombração
Quem viu é que não viu
Melhor defesa é precaução
Quero colecionar bravatas
Ser o calor do verão
Ter mais de mil mamatas
Não conhecer nem razão...

segunda-feira, 23 de março de 2015

Sons Silenciosos


Eu vejo e gasto minhas palavras
Correndo atrás de ventos impossíveis
São horas de festa desperdiçadas
Porque o tempo ainda nem correu
Olhem senhores com seus bons olhos
As fantasias coladas nas paredes
E paredes antigas como estas não se tem mais
É bem verdade eu o sei há muito
Que sou um estrangeiro de mim mesmo
E o rosto do menino já partiu há muito
Foi num veleiro branco que tinha asas
Chegando em milhares de portos
Foi também em casas e cadeiras
E as escadas eram feitas para brincar
Não sei quantas doses já bebi hoje
Só sei do zumbido das moscas 
Que patinam pelo ar do quarto vazio
São quase verdes quase todas as folhas
E o seu sussurro me fazem tremer de medo
Tudo está lá mas nada lá está
Ave César nós que iremos viver te saudamos
Porque o nosso prêmio pode ser castigo
E os mais bem feitos amores só um abismo
Os gafanhotos podem docemente voar
Enquanto fazem mais solenes vaticínios
As cascas de laranja jazem no chão
E o lixo ainda não foi para debaixo do tapete
Aquilo que é sempre o será
As notícias vão se espalhando por si só
Mas acidentes de percurso podem aconteceu
Não me fale mais sobre quaisquer regras
É o tempo que vai ensinando às rochas
Tudo aquilo que deveremos esquecer
Meus dedos doem e como doem tanto
Não convidemos canibais para o jantar
Falta-lhes muitas vezes o apetite necessário
Aquela prostituta não valeu o seu cachê
Pois ela só me falou coisas muito sinceras
Não é fácil andar pela noite sozinho
Acordamos muito cedo e nos resta esperar...

sábado, 21 de março de 2015

Como Tem Dança

É o fado é o frevo é o samba a valsa
É o nosso dia começando bem cedo
Cada dia trazendo em si o seu medo
A verdadeira tristeza a alegria falsa

É o funk é o rap é o mambo a rumba
O paciente requer todos os cuidados
Pois são vários tiros pra todos os lados
E cada berço pode se tornar em tumba

É a ciranda é o xaxado é o coco o rock
E um desejo assim tão bem escondido
Ai quem me dera tê-lo então tão vivido
Sem ao menos ter tido um grande choque

É o rap é a tarantela é a bossa é o lundu
É a morte adornada com sempre-vivas
São as modas e suas histerias coletivas
É quando chegamos em lugar nenhum

É a polca é pagode é o sertanejo o baião
São reuniões com sua pouca importância
É a mídia que matou a minha infância
E que só não pôde matar o meu coração

É o maculelê é o fox é o merengue o forró
Vamos esquecer tudo curtir aquele som
Vamos acreditar que tudo é tão mais bom
E que naquele caminho não há mais o pó

É tanta dança é tanta é tanta tanta dança
E ainda há de nos sobreviver a esperança...

sexta-feira, 20 de março de 2015

Como Tem Festa


Como tem festa! Tem dança...
O que nos resta? Esperança...
Como tem povo! Tem grito?
E tudo que é novo, é bonito...
Como tem arte! É tanta cor...
Qual a nossa parte? O horror...
Como tem riso! É todo mundo...
O que preciso? Mais um segundo...
Fazemos de conta! Não amamos...
Onde está a ponta? Nem olhamos...
Como tem água? Na nossa cara...
E toda a mágoa? É doença rara...
Como tem rosto! Cada uma fera...
E o pior gosto é o da espera...
Como tem briga! Ninguém entende...
E no meio da intriga tudo se vende...

Como tem festa! Tem carnaval...

E se algo nos resta é menos mal...
Como tem povo! Tem festa?
E tudo que é novo, é o que resta...
Como tem guerra! É tanta dor...
E o que encerra? Só o amor...
Como tem riso! É toda platéia...
Mas há algum siso? Nem há idéia...
Fazemos de conta! Nem respiramos...
Onde está a ponta? Nem encontramos...
Como tem água? Na nossa alma...
E toda mágoa? Acabou a calma...
Como tem rosto! Cada uma história...
E o pior gosto é o da memória...
Como tem intriga! Ninguém sabe...
E no meio dessa briga tudo cabe...

quinta-feira, 19 de março de 2015

Insaneana Brasileira Número 68 - Embolada Nossa

É tudo embolado mesmo. E os pedestres passando apressados para lugar nenhum. Eu canto meus dias de encanto na alça de mira do nada. E o atirador aperta os olhos e morde a língua e capricha no tiro. É o comercial da nova novidade. O mais novo desenho animado que não fala nada. E a novela polêmica que perverte toda ordem estabelecida. Eu faço contas com as contas do meu rosário. E no silêncio da madrugada satisfaço meus desejos imanifestos e mais lúbricos possíveis. Não há perdão para marcadas cartas. Não embalemos os bois com doces histórias. O matadouro está logo ali. Sem coincidências. De coincidência já basta a vida. Com seus contrastes vergonhosos. Turvas águas e contos mal contados. Há vales sem sol e sóis sem eiras e nem beiras. Discursos calados e bons cantadores. Os invasores estão chegando. Os ingleses estão chegando para os chás da cinco. E os alquimistas dos calçadões e mercados populares. A voz do povo é a voz do diabo condenando os mais inocentes. Porque queremos tudo em seu devido lugar. Até o que não existe. Fantasias. Fantasias que dão medo em suas máscaras. É hora dos lobos. Principalmente dos bons lobos. O alvo é o prato cheio e o peito agora vazio. Eu desperdiço mesmo as palavras em mancheias. E todas as estrelas que eu posso gastar. Nada nos olhos porém. É muita poeira por aí. E célebres cortes que doem demais. Eu nunca tentei ser o que sou. Mas o que não sou incontáveis vezes. Porque complicado nunca sou. Porque complicado sempre estou. Nos vinte e cinquenta anos que matei à mim mesmo sem pena alguma. Como é doce esse amargo. E quantas fantasias posso fazer de desilusões mais rudes. E eu me arrependo de todas as coisas que não pude fazer. Passar ridículo é mais do que normal e como dói. O comediante só fala sério e nem sabe onde andam seus risos. Só sabe repetir suas anedotas grotescas de fim previsível. Que pela sua solenidade poderiam fazer até chorar. É o encanto do repente. São os ingredientes duma massa filosofal. Não queiramos novas fogueiras. As velhas ainda estão acesas mesmo com o português mais que arcaico. E toda tecnologia não vence o jabuti na corrida. O mestre nem sabe como começa a lição. Eternamente eternos em nossos erros bons de se ver. Agora é a hora de acordamos mesmo sem saber que dormimos...

quarta-feira, 18 de março de 2015

Caiu No Chão


Caiu no chão
Todos meus sonhos abortados
Ficaram todos espalhados
Faltou a mão

Caiu no chão

As figuras mais amigas
As recordações antigas
Faltou o verão

Caiu no chão

Aquilo que queria falar
O amor que queria amar
Faltou o clarão

Caiu no chão

Um mundo aos pedaços
Perseguindo meus passos
Faltou a promoção

Caiu no chão

Eu fumo cigarro
Roubaram meu carro
Faltou a razão

Caiu no chão

Sou um bom burguês
Recebo no fim do mês
Faltou a contramão

Caiu no chão

Depende da boa reza
Do cidadão que se preza
Faltou a questão

Caiu no chão

Minha visão se embaraça
É minha vista que embaça
Faltou o coração

Caiu no chão...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Sinal Vermelho

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O sinal é vermelho, está fechado
O meu destino acabou, foi marcado
E todo e qualquer tiro foi atirado

Chegou a hora, a mesa está posta

Na verdade, sofrer, ninguém gosta
Mas temos que viver esta bosta

Os carros pararam, é tanta fumaça

É tanta tragédia, é tanta desgraça
Vindo aos poucos, pegando a massa

É tanto barulho, mas é tanta zoeira

Que nos deixa tontos, qual bebedeira
E cada um morrendo à sua maneira

É o grande final, da grande novela

A doença curou, mas teve sequela
E quem já rezou, não teve nem vela

Não sei o que é vida, nem o que é morte

Já fiz o meu jogo, mas não dei sorte
Talvez venha vindo, um vento do norte

Mas eu sei que insisto, minha barba cresce

Eu sou o mesmo, o tempo é que envelhece
O balão que sobe, é o mesmo que desce

O sinal é vermelho, está fechado

Não quero olhar, vou olhar pro lado
E todo e qualquer esforço, foi desprezado...

domingo, 15 de março de 2015

Choro Moderno (Uma Reflexão)

Todos choram e nem sabem porquê
Quando muito choram pelas inovações
Pelas novas roupas das velhas estações
E um medo incontrolável de se viver...

Todos gritam e nem sabem quando parar

É a nossa nova teoria mais tecnológica
A mais nova e grave gafe escatológica
São os amuletos que teremos que cultuar...

Como animais vamos seguindo em bando

Alguém correu então iremos todos correr
Alguém assinou a sentença iremos escrever
E vamos repetindo o que estão falando...

São os carnavais que a nossa mídia inventa

São as promessas que já foram quebradas
São todos os meninos que choram por nada
Um novo Leviatã que veio e se alimenta...

É uma nova cor que antes nunca foi vista

O caixa eletrônico não faz mais o saque
Aquele  mágico não se chama mais Mandrake
E nós acabamos na capa de uma revista...

Ouçam-me se puderem meus caros senhores

Sempre pensamos que sabemos o que é vida
Mas nem sabemos onde nós temos a ferida
Somos os doentes e não somos os doutores...

E esse que vos fala já está pra lá de farto

De ser a diária vítima de mais um furto
Deixem-me sossegado antes do meu surto
Pois que já chorei na hora do meu parto...

Todos choram e nem sabem porquê

Quando muito choram pelas inovações
Pelas novas roupas das velhas estações
E um medo incontrolável de se viver...

sexta-feira, 13 de março de 2015

Impossíveis


São estrelas mais decadentes
Com todos os seus repentes
Que eu não consigo mais esquecer
São como os meus parentes
E uma boca cheia de dentes
Uma história feliz sem acontecer

É a fama o drama a crítica franca

É a sagrada rama a arma branca
O carro que eu não consigo frear
É o desespero de uma Florbela Spanca
É a mula que não mais manca
Minha conjugação do verbo amar

Vamos que vamos todos andando

Com pés ao invés meus pés sangrando
Vou beber e fumar e respirar até cair
Num dia rindo e no outro chorando
Sem carnavais vamos comemorando
Até que cansarmos e vamos dormir

Novas novíssimas teorias à disposição

Aqui todo freguês tem sempre razão
Tentamos e tentaremos até caprichar
Rimas previsíveis de um ex-coração
Vamos encerrar toda essa questão
E já não há mais o que falar...

Quem Saberia?


Do amor quem saberia?
Da dor que era mania?
Da cor que não viria?

Quem sabe aí das madrugadas em pranto?
E das caminhadas que dei na noite em vão?
Sem um gesto de carinho, nenhum acalanto
E os meus sonhos perdidos, caídos no chão...

Do amor quem saberia?

Da dor que me vicia?
Do sabor que não sentia?

Quem sabe de todos os planos que falharam?

Que caíram como as peças de um dominó?
Sem ter porque os desejos já falharam
E os problemas apenas deram um nó...

Do amor quem saberia?

Da dor que me afligia?
Do horror que não via?

Quem sabe aí dos meus jardins já mortos?

E outros mortos que apenas partiram?
Nunca mais os barcos voltaram aos portos
E os que mais amavam apenas sumiram...

Do amor quem saberia?

Da dor minha companhia?
Do ardor que me consumia...

domingo, 8 de março de 2015

Insaneana Brasileira Número 67 - Mãos e Mãos

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Sem onde colocar as mãos. E ficar mais do que embaraçado. São as raízes de uma árvore fora do chão. É um gosto fora de gosto que não sabemos de onde vem. Guerras solitárias. E discursos feitos para as paredes. Sim as coisas escutam todos os solitários e nada mais pode ser feito. Os carneiros que são na verdade alguns ursos. E alguns domingos das cestas de natal. É bem verdade há que se o diga que meus castelos se desabam em cada instante. E eu falo sobre coisas que conheço mas não queria nem saber. Fora de propósito fora de toda culpa fazemos o que não queremos. As flautas mágicas estão fora do tom. E as serpentes já retornaram ao Jardim do Éden. Nunca fui famoso mas as ruas me conhecem e muito bem. Cada grão de pó sabe meu nome. E cada súplica conhece meus dedos. As unhas estão sujas e os anéis baratos estão enferrujados mas ambos são bons contadores de histórias. Ainda há sangue sob a pele. E vários pontos de interrogação sobre o mundo lá de fora. Tudo é à prestação. Nem a morte escapa disto. Tudo tão lentamente mas como um trem-bala. Meu nome é inusitado. E as sensações me fazem cambalear sobrevivendo do desamor. Espero que as águas do lago clareiam logo. Era um sonho frequente de duas águas numa vista só. Por onde andamos? Nos perdemos de nós mesmos. Ninguém sabe nos informar coisa alguma. Mesmo que se queira boa-vontade é artigo de luxo. Mesmo que se implore piedade é coisa fora de moda. São inúmeros livros com páginas em branco de uma história bonita que não aconteceu. Sim sim. Rimos e muito. As piadas são sobre nós mesmos. O tombo que levamos foi memorável. Até que muitos outros aconteceram e ficaram na fila. Vamos abrir velhas portas que escondem novos segredos de estado. E as outras mãos da história nos justificarão pelo menos uma vez. Se não é muito que baste...

sexta-feira, 6 de março de 2015

Eis O Homem

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Eis o homem...
Aquele que pesadela calmamente
Saudável com seu corpo doente
Racional com sua cabeça demente
Que faz como bicho e é gente...

Eis o homem...

Um mestre na arte da artimanha
Que até sua alma ele barganha
Que vai sentindo uma dor estranha
Que até da morte ele também ganha...

Eis o homem...

Que hoje lamenta por ter nascido
Que anda com seu coração ferido
Com os quatro carrascos dos sentidos
Que lamenta até quando tem vencido...

Eis o homem...

Incapaz de fazer qualquer sacrífico
Que transforma tudo no seu vício
Que gosta de brincar de precipício
E torna o bem apenas em malefício...

Eis o homem...

Que ameaça e arreganha seus dentes
Que pensa e que desconhece a mente
Andando na vida como fosse indigente
Que faz como bicho e é gente...

Eis o homem...

Vendaval

O vendaval levanta folhas... E levanta as saudades que moram no peito de um sonhador qualquer... Eram dias passados contados como um rosário que arrebentou... Um vidro bonito que acabou de cair no chão...
O vendaval levanta folhas... Muitas delas... Iguais às da fogueirinha que o menino tinha prazer em acender... Era um tempo inocente e mau como muitos outros... Ainda bem que existe saudade e o tempo não volta atrás... A saudade transforma tudo em coisa boa...
O vendaval levanta folhas... Pode ser aviso de chuva ou não... Quando o céu escurece temos tanto medo... Mas quando se ilumina nosso coração salta de mais alegria... Mas tudo é complicado porque ambos moram no mesmo lugar... 
O vendaval levanta folhas... Sem mãos ele é habilidoso... Sem pés corre mais ligeiro... Sem olhos nos persegue o tempo todo... Sem boca nos profere maldições inocentes que fazem chorar... Sem poesia nos traz figuras mais bonitas... Está sempre reclamando suas dádivas...
O vendaval levanta folhas... Seja quente ou seja frio - pouco importa... É nossa sina atravessá-lo em total solidão... É a marca que possuímos gravada na alma... É um dia após o outro em imprevisível rotina... Cada pedaço de um quebra-cabeças que falta uma peça... Não sabemos de nada... 
O vendaval levanta folhas... Como pesadas pedras fossem... Atingindo todos os alvos possíveis... Modificando todas as paisagens... Emprestando todo o cinza e todo o marrom... Fala num idioma sem letras as mais ponderáveis coisas possíveis... E num chão de quadrados sem ângulos faz seu bailado...
O vendaval levanta folhas... E traz águas também... Muitas águas também... Foram as águas que vieram de longe... Para uma festa que não aconteceu... Para a vida que agoniza e não morre... Como é teimosa toda celebração... E como todos os paradigmas se completam em celestiais batalhas...
O vendaval levanta folhas... E elas vão dançando... E dançando...

terça-feira, 3 de março de 2015

Insaneana Brasileira Número 66 - Segundo A Estupidez e A Idiotice Humanas


Um chapéu é um chapéu. E todas as coisas são o que são. Heróis da pátria ou parasitas sociais. Tudo depende do vidro. E a boca é o maior dos males do homem. E os cárceres estão lotados de boas intenções. Sim. Sim. Claro. Objeções à parte nosso esquema funciona. Viver mais um ano. Viver mais um mês. Viver mais um dia. Viver mais uma hora. E morrer por um minuto. Um pisão no pé. É o cachorro na boca do osso. É mais um sanduíche com o nome complicado. Fora tudo que não conhecemos! Novidades sim... Moda sempre... Inúmeras coisas sem sentido guardadas em um quarto todo desarrumado. E poesias sem palavras. E mapas sem lugares. Nada sabemos. E os descansos na sombra são pornograficamente desumanos in extremis. Há muito perdemos o tino. E o estado perdeu suas rédeas. O galope só é bom quando se pode escolher. Escolher? Nunca e depois... Antes eu chorava por algum motivo. Hoje choro por motivo algum. E observo nas manhãs os fins de noite. Quem sabe quais as histórias que já me contaram e eu as esqueci? Foram malvados todos os meus amigos. E seu riso foi fora de propósito. Há maldade até no espinho. E vários pães já foram negados. Serpentes de plumas e cães andaluzes não me amedrontam mais. Foi sua culpa meu amor foi sua culpa. Construir o demônio que eu sou pedaço por pedacinho. E na tua boca havia um país onde nunca coloquei meus pés. E naquela trança eu via todas as noturnas fogueiras. Vamos chutar castelos de areia e entristecer os meninos. A nossa maldade é só solidão. E eu faço mil planos que já falharam. A morte no ninho. E mais aquilo que vier. Porque o coração dos homens é o que é. A pizza grande de dois sabores. E os pequenos festejos que passam desapercebidos. Cada idioma sem expressar quase nada. Há guerras e desavenças. De uma forma até que boa. Porque o capital vale bem mais. Bem mais que brigas sobre alguns princípios básicos. Higiene pessoal e sujeira social. Inventar é muito bom. Inventar é genial. Os mesmos bibelôs que jazerão no fundo de um esquecimento mais que comum. Só dura algum tempo. Ah! Compre aí caro cidadão. É pra me ajudar. Me ajude senhor à comprar novidades de outras pessoas. A fruta da estação que eu não gosto. E as roupas que me crucificam novamente. As futilidades são o que são. O mais novo e o mais velho. Deus e o Diabo brincando de pular amarelinha...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...