terça-feira, 3 de setembro de 2013

Algum Teatro


Faremos a vida em três atos
E depois de algumas palmas
Que a morte feche as cortinas

Foi sem ter nenhum verso

Que a cara foi pintada
E o choro foi forçado

Onde foi você? Em que nuvens?

Era um dia branco entre outros
E até pensei que era feliz

Passará tanto tempo e não passará

Os reflexos mais luminosos
Que poeira da rua levantou

Foi sem ter nenhum verso

E os meninos do coro ainda cantam
Hinos celestes mais improváveis

É mudo o grito que sobe ao alto

E as plantas decoram seu texto
Falando de imbecilidades e teorias

O frio está em todos os calores

E num caldeirão apagado
Jazem os feitiços que não deram certo

A cara pintada até trouxe ventos

E gostos exóticos fora do comum
Mas nem sempre é como é

O meu mundo em eternos labirintos

Nunca irá desabar por enquanto
Pois está em mais escuras cavernas

Você me trouxe à tona 

Como o mais humano dos Leviatãs
E agora não está me querendo mais

As calçadas não são minhas

Apesar de nelas sempre sentar
Mas as ruas são sem dúvida

Quando haverão novos dias?

Nenhum sábio almanaque o sabe
E se tivesse ninguém o leria

Nossas marcas ainda falarão

Mas só a minha reclamará sempre
Porque é a de um coração ferido

Palmas meus senhores palmas!

Agora a morte é outra
Nesta mesma Plaza de Toros!

Um comentário:

  1. Como diz Bertold Brecht “a vida um grande teatro, infelizmente com péssimos atores” e a rua o tablado desse palco social, determinante e surreal... sentemos a calçada amigo, e separemos o bizarro do trigo

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