domingo, 30 de junho de 2013

Sem Teatro, Sem Pablo


No meu teatro falta palco
Falta artista falta platéia
Eu mesmo me roubo desfalco
E me falta qualquer ideia
Qualquer motivo pra rir
Qualquer motivo pra chorar
Sem ter onde ir ou onde vir
E quando muito só olhar
Não há mais choro ou pintura
Dramas novos nem amigos
Tem apenas uma escultura
Sem tempos novos ou antigos
É um teatro sem sucesso
Como é todo teatro humano
Não vale a pena pagar ingresso
Deixe logo cair o pano
Cada um com a sua vida
Cada um com a sua piada
Peça curta ou comprida
Cumprida mais nada...

Visagem


Era o que me assustava
Fazia meu sangue gelar
Era tudo que restava
E eu nem sabia falar

Era o tempo frio lá fora

Nessa noite mais escura
Era a morte vindo agora
E um mal que não tem cura

Era o vento no arvoredo

E eu sem saber o que fazer
Era o dor e era o medo
E uma saudade de você

Era tudo num só segundo

O tempo que me consumia
O fim de todo meu mundo
Nessa minha cama vazia

Mas esperarei com calma

A minha derradeira viagem
E também a minh'alma
Será apenas uma visagem...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Riscos, Riscos

Resultado de imagem para fileiras de meninos nazistas
Riscos bons riscos ruins
Riscos quase riscos normais
Em frente aos capitólios
Marchando nas capitais
O sangue corre nas veias
Corre rápido pelas gerais
Nos olhos do comandante
No chicote do capataz
Na profecia do velho índio
Na boca que não fala mais
É o amor que nunca veio
Quando veio era demais
É o mapa de um tesouro
O barco partiu do cais
É como atravessar a avenida
Gritando alto por paz
Mas que rufem os tambores
Que comecem os festivais
Que acendam as fogueiras
E iluminem esses quintais
É prece na boca do homem
Ou o riso na boca de Satanás
Ainda falo de tudo isso
Mas sonhar ficou pra trás
Ficou largado numa esquina
Qualquer um qualquer lilás
Qualquer moda qualquer jogo
Qualquer jogo faltando o ás
É conto fato inventado
E minha emoção é que traz
Abram portas abram janelas
Venham ver o sol que faz
Ele traz novas bandeiras
Novas bandeiras vistas jamais!

Tempo

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O hoje amanhã será passado
E tudo que deu certo foi errado
Cada palavra será recontada
E o que valia muito - nada
Flores brotarão à luz do dia
Mas outras murcharão sem alegria
E até os versos serão tão banais
Porque o amor não há mais
Respire enquanto você puder
Tudo é assim tudo assim é
O relógio nunca se atrasa
E a nossa vida é a sua casa
O nosso sangue seu alimento
Que ele suga a cada momento
Por isto não se desespere
Apenas viva e então espere
A todos cabe a mesma sorte
E com o tempo vem a morte...

sábado, 22 de junho de 2013

O Inferno É Lugar Nenhum


O inferno é lugar nenhum
Ele sou eu dentro de mim mesmo
O inferno é lugar nenhum
Ele sou eu quando atiro à esmo
Sou eu quando me debato
Sou eu quando tento ser feliz
E quando lá vou chegando
Acabei errando por um triz
Sou eu andando triste e só
Sou eu indo mas nunca que vou
Mais um perdido um sujo
Sonhando ser o que não sou
O inferno não tem nem anjo
Ninguém caiu e ninguém cairá
É um quarto vazio e escuro
Eu só o demônio que ali está
O inferno não é a solidão
O inferno não é ilha deserta
É uma cela que me prende
Mesmo estando de porta aberta
O inferno não tem vigia
Não tem tortura aos condenados
O inferno são todos meus erros
Nenhum deles será perdoado
O inferno não tem labaredas
E nem imensas cadeias de gelo
O inferno tem apenas sonhos
E nenhum deles eu posso tê-lo
O inferno é apenas um espelho
Onde me miro todos os dias
É apenas acordado pesadelo
Onde morrem minhas alegrias
É o filho que não tive nem terei
É a casa que caíram as paredes
É a trama que não dá em nada
Mas eu caí em todas as redes
O inferno não é a sarjeta
E também nunca foi abandono
É no céu uma lua linda e cheia
Pra quem eu uivo cão sem dono
O inferno é uma boca calada
Olhos fechados na escuridão
Um coração batendo indeciso
Apenas isso - um sim e um não...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Teoria da Insônia


Não se dorme por qualquer coisa. Motivos maus ou motivos bons são apenas motivos nesse intricado quebra-cabeças. Não me leve a mal. É que a solidão teceu suas teias de forma paciente e cruel. E o tempo acabou de acabar. Inúteis foram os passos. E tudo foi inútil forma. Não peça perdão nem me perdoe. Cada um guardará acertos e pecados até sei lá quando. Os dias se passaram? Não há dó sobre isso. Foram apenas dias. E quando o enigma for descoberto será tarde demais. É questão de segundos e a vida se perdeu em qualquer curva. Os cigarros queimam como palitos de incenso oferendados para um novo deus. Foi faz muito tempo. Em noites intermináveis com bacurau. Mosquitos zunindo em interminável calor. Foi ontem. Foi hoje e é. Os olhos não fecham com medo da escuridão e com ansiedade de novos passeios que não existirão mais. Não há mais dúvidas. Somente certezas incertas que roem as pedras e desbotam as tintas. Roem pedras com sonoros dentes. E desbotam tintas com mágicos olhares. Talvez em outras e altas doses nos embriaguemos e não passe disso. É tudo questão de estratégia. Contar carneirinhos e ver as luzes acendendo ao mundo. Não há asas nem porcos. Apenas falsos alarmes de quem esbarrou no botão. Muitos cafés escorrem gargantas abaixo e cinzeiros são novas necrópoles de um modernismo mal acabado. Latas de sardinha também servem ou pontos de exclamação. Eu sou um homem à frente de seu tempo e por isso eu não o vi. Está tudo acabado sem ter começado. A mágoa foi de um aborto sincero e não de uma vida falsamente feliz. Se não fosse pela lua cheia eu seria um felino entre outros tantos. E tais senhores dormem em alguma hora. Todos os avatares estão chegando. Atrasados e sem mensagens amassadas em seus bolsos. É hora do vinho e do vinagre em semelhantes circunstâncias. Façamos os cálculos novamente. Nem dormimos...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Verdadeiro

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Eu quero ser o único
Ser o teu primeiro
A comer tuas carnes
O teu corpo inteiro
À faltar o teu ar
Engolir o teu cheiro
Encenar sem farsa
Amor verdadeiro
Com o sangue quente
Como um aventureiro
Aprontando todas
Um menino arteiro
Onde é que estás?
Qual teu paradeiro?
Minha joia rara
Sou teu joalheiro
Vem minha magia
Sou teu feiticeiro
Seja minha seta
Eu sou teu arqueiro
O meu carnaval
Com mais fevereiro
Eu quero ser o único
Ser o teu primeiro
Encenar sem farsa
Amor verdadeiro...

Jóia Verdadeira, Verdadeira Jóia

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O peito mal sabe
Aquilo que lhe cabe
A mente não suspeita
Do que ela é feita
A boca só fala
Daquilo que cala
Esqueci o nome
Do que me consome
É doce a vida
Há muito esquecida
Ainda há jardim
Menos em mim
Talvez grite em vão
Em meio à multidão
Eu grito e xingo
E assim me vingo
Desta ciranda louca
Muita e até pouca
São tantas letras
Quase todas caretas
Não vou embora
Meu amor demora
Está aqui perto
No meio do deserto
E lá na esquina
Pintou outro clima
Corre anda move
Tem sol mas chove
É todo sentimento
Que há no momento
Sem mágoa ou alegria
Ora quem diria
Apenas eu e nós
Juntos numa voz
Cuidado é o carro
Me dê um cigarro
Tudo vai escapole
Tome mais um gole
É amargo eu sei
Foi o que encontrei
Versos tolos e sintéticos
Sem valores éticos
Valem porque valem
Sem que alguém os calem
Sem medos sem nóias
Verdadeiras jóias...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Nem Divino, Nem Maravilhoso


Perdoa se não te acaricio
Minhas mãos estão sujas demais
Faz muito tempo que não rio
O riso ficou lá atrás

É verão mas eu sinto frio

Deve ser esse vento vindo do cais
Faz muito tempo meu desvario
até hoje não tenho paz

O coração ainda está no cio

Mas são incertos os planos que faz
Ainda te quero como um desafio
Tenho na manga ainda um ás

Nada é divino no que crio

Nada é maravilhoso e nem audaz
Mãos nos bolsos eu assobio
Esperando o chicote do capataz

Então a felicidade eu adio

Presos sonhos em Alcatraz
Há no meu peito um vazio
O riso ficou lá trás...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Tristes Observações Sobre Cenas Estáticas

Resultado de imagem para material de estúdio fotográfico
As fotos fazem sua pose sorridente e muda
Pedaços do tempo há muito congeladas
E mesmo quando a alma pede sua ajuda
Elas não podem me fazer mais nada

As paisagens tão bonitas permanecem

Apenas no meu peito triste e dolorido
Enquanto impessoais prédios agora tecem
Coisas novas desprovidas de sentido

Era aquele o auto preto que eu gostava

Era a casa pequena que me dava abrigo
Por entre ruas nuas de chuva ele rodava
E a casa me protegia do meu inimigo

Amigos morreram e amigos sumiram

Mas ainda continuam todos eles vivos
E mesmo quando os canhões atiram
A vida ainda encontra tantos motivos

Amar sem ser amado não é bom

Viver chorando pelos cantos bom não é
Escutarei nova canção e novo som
Porque os mortos ainda estão de pé

As fotos fazem sua pose sorridente e muda

Pedaços de vida há muito congelados
Mas nada virá nenhuma ajuda
Pobre de nós tristes e condemados

terça-feira, 11 de junho de 2013

Alegres Temporais


Eram dias tão diferentes
E que talvez não voltem mais
Eram outros dias mais quentes
Mesmo parecendo normais

Mesmo havendo a guerra

Também havia um pouco de paz
Era o cheiro vindo da terra
Mas também era muito mais

Pressa de brinquedos guardados

O tempo levou e não traz
Diferentes sonhos sonhados
Que não sonharei jamais

E mesmo se choro e se grito

Isso agora mais nada faz
Meus Deus! Como era bonito
Ver aqueles alegres temporais!

Não Pense Em Mais Nada

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Não pense em mais nada, meu amor
A vida repete histórias
E nem percebemos quando nos pegamos
Tristes em qualquer canto
Cantando baixinho velhas canções
Não fique triste, meu amor
Se tudo é velho como sempre
Também é novo como nunca será
A alma vive de contradições
Com um deus perdido em sua divindade
Não se chateie, meu amor
Eu sempre estive ao seu lado
Mesmo quando estava ausente
Em outras terras caçando dragões
Ou quase bêbado num bar qualquer
Espere mais um pouco, tenha paciência
O menino que eu sempre fui e sou
É muito malvado mas é bom
E ama com a sofreguidão 
Dos que foram até o abismo
Mas agora não querem pular
O menino quieto e bobo
Que só sabe gritar ao mundo através de versos
E ainda chora de vez em quando...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Vamos Brincar!


Vamos brincar! 
Brincar que o sonho existe!
E nunca vai acabar!

Vamos brincar!

Que o mal já acabou!
E nunca mais vai voltar!

Vamos brincar!

Que já criamos asas!
E já podemos voar!

Vamos brincar!

É meia-volta!
Volta-e-meia vamos dar!

Vamos brincar!

O mundo parou!
Pra ouvir meu cantar!

Vamos brincar!

O amor já voltou!
Voltou pra ficar!

Vamos brincar!

Caíram os muros!
A terra é o lar!

Vamos brincar!

Acabou a corrida!
Vamos descansar!

Vamos brincar!

Na beira do rio!
Na beira do mar!

Vamos brincar!

Sem ter o amanhã!
O hoje é o que há!

Vamos brincar!

Sem fechar os olhos!
Sem faltar o ar!

Vamos brincar!

Vamos brincar!
Vamos brincar!

domingo, 9 de junho de 2013

Estado de Sítio


Mamãe eu vi coisas incríveis
Eram más eram possíveis
Coisas que não se deve dizer o nome
Era a guerra e era fome
Era o homem engolindo o homem

Eu queria chorar não podia

Não era noite não era dia
Era um tempo feio e malvado
Cada qual com o seu lado
Era certo e era errado

Era como um pesadelo

Não tinha choro não era apelo
Ou se acordava de vez
Ou se esperava o fim de mês
Ou tanto faz tanto fez

Haviam duplos sentidos

Ou à mostra ou escondidos
Da morte feita em massa
Como toda a trapaça
Que tudo fere e ultrapassa

Foi tudo debaixo do nariz

Pobre do meu país
Mas tinha a partida final
Funk pagode e carnaval
O morto sentia menos mal

Mamãe eu vi coisas incríveis

Mas todos estavam impassíveis
Coisas que estavam brotando
Num chão agora agonizando
Eu gritando e eu chorando!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Sobre Asas


As asas que nos levam
Também trazem
São leves mas pesam
Cansaço fazem

Não sei o céu

E pouco me importa
Não há mais fel
Mas há revolta

O voo é dos passarinhos

A terra é minha
Eles seguem seus caminhos
Minha alma vai sozinha

No ar ventam os ventos

E a estrada é escura
Choros todos momentos
Até de ternura

Seria bom ter asas

Ao invés de penas
Pássaros não tem casas
Mas dominam cenas

Há sul e há norte

Há luz e há treva
Mas vem um dia a morte
E a tudo leva...

Teoria do Imbecil

o sabemos até que ponto. Mas viva a vida sem sentido. Os contrapontos eruditos das liquidações com preços aumentados. E o que é ridicularmente aceitável. É político e foi passado e engomado como manda o figurino. Achamos que é o brilho de uma estrela que nos espera. Só não há estrela e nem brilho. A música continua mas acabaram-se os pares. Amanhã é o dia. O dia de percebermos que depois de amanhã é que é. Numa sucessão de adiamentos. O cavalo e a cenoura pendurada no caniço. Nossa jaula não tem grades. Mas tem uma placa escrita. Não saia. E nosso medo é maior que nossa força de viver. Não se preocupe. O que tem que ser dificilmente será. Só meras coincidências aparecem. Como um dinossauro na sala de estar ou um dragão chinês no jardim. Maldade e apatia são dois travestis gêmeos. Balas e mariolas para enganar as bocas. E consumo exaustivo de oxigênio. Até os sonhos ficam de vara curta ante necessidades básicas. Eles ganharão a corrida somente com esforço dobrado. Necessidades básicas e dispensáveis. Balançar a cabeça em sinal afirmativo é uma delas. A outra é inventar antigas coisas e continuar a não resolvê-las. Viva a bela. Ela é vulgar suficientemente e sua bunda compensa qualquer esforço. Viva o moço. Seu tempo não tem preço e ele cabe em qualquer bolso. Porque moedas são deuses metálicos ou de papel. E se disfarçam em outras tantas coisas. Resistir à eles só os transferem para outros passos. São lindos os nomes inventados com ares de uma graça inexistente. Vamos dormir sem sono. Andar sem vontade. Elogiar cem vezes a feiura que miramos em qualquer espelho sujo. Para tudo há uma desculpa se não for o próximo. O pecado se mudou e não deixou endereço. Seu telefone não atende. Confusões atraem na casa da frente. E o riso da maldade anda solto. Pílulas milagrosas e coloridas para todos os gostos e gestos imagináveis. Não somos nós que inventamos essa paródia. Ela vem de tempos perdidos no tempo. Quem mata irá morrer. Numa hora ou outra a casa cai. São vários pratos no cardápio com um só destino. Pés descalços e pés calçados andam na mesma direção. Enquanto há tempo tiremos a máscara ou as tintas. A melhor fórmula é fórmula alguma. Não se enganem. A simplicidade é a estratégia dos verdadeiramente grandes. Muitos detalhes atrapalham. Nem sempre o prêmio agrada. E nem sempre águas turvas são mais perigosas que as claras. As serpentes também possuem cores. E o jornal esquece de falar de coisas inconvenientes. O som vazio entorpece os nervos. E dançar é dançar sempre. Podem se servir. Está uma delícia. Não importa o que virá depois. Pensar é para os fracos. Quando fraqueza e força se confundem. Não leiam versos se não quiserem chorar. O carnaval acabou ontem e o próximo virá logo. Mesmo que seja de um outro tipo enquanto se espera o original. Não sabemos até que ponto. Não sabemos nada...

domingo, 2 de junho de 2013

Ainda Teatro


Meu teatro não é mágico. É humano e trágico. É um destino mais que irônico. Tragicômico. Em que heróis são dispensados. Somos palhaços nada engraçados. Balance a cabeça com desaprovação. Nada temos. Nada vemos. Só paixão. Em versos que continuam dispersos. Bons e perversos. Se mate para seu sucesso. Faça de tudo para aparecer. É glória. É história. Jornal ou TV. Que cara é essa de sono? Até nosso tempo tem dono. Não demore muito aí. É tempo de se divertir. Beber. Blasfemar. E cair. Sem orações pra nos redimir. Durma tranquilo faquir. Meu teatro ficou torto. Não brilha. É morto. Caveira. Trabalho pra carpideira. Que faz um extra maneiro. Chorando de janeiro à janeiro. Quem vai primeiro? Somos todos apenas escravos. De quem tem nos bolsos centavos. Lá vem vindo a procissão. Feche a janela. É o cão. Lógico e evidente. O mundo está doente. E sempre foi tão demente. Vá logo escovar os dentes. Ache um belo pescoço. Mais moço. É como beber aguardente. Ou destruir a semente. Do que sente. Meu parente. É patente. Com todos os seus galões. Canhões. Batalhões. Emoções. Sem corações. Meu ídolo é de cimento. Já foi vento. Foi um leve elemento. Não tenho nesse momento. O que possa ajudar de verdade. Piedade. É um bairro qualquer. Sem fé. Não sei se é homem ou mulher. Quem quer? Então prepare o talher. Não esqueça da faca. Da maca. Ressaca. Eu falo sempre seu nome. Me come. Não some. Mais uma vez é demais. Me traz. O bicho já vem atrás. Quem dera fossem animais. Meu teatro ficou escondido. Nas dobras do seu vestido. Perdi todos meus sentidos. Na cama só há gemidos. Compridos. Não faz tanta diferença. A crença. Abença. Eu passo. Me dá licença. Pegue ali na dispensa. Deixa que eu pago a despesa. Cada um é uma presa. É surpresa. Coloque ali na mesa. É mais uma farra gótica. Erótica. Narcótica. Meu teatro é sem revista. Sem pista. Faltou um avalista. A lista. Traz tantos nomes queridos. Sumidos. Porém nunca esquecidos. Até aquela fotografia. Dum dia. Sabia? É um poema sem fim. Ai de mim...

sábado, 1 de junho de 2013

Sonhe Sempre


O silêncio não fala
Mas diz tudo...
O vento não tem voz
Mas sabe cantar...
Sonhos não são pegos com as mãos
Mas erguem castelos...
Não se engane com o tamanho das coisas
As que mais valem custam menos ouro
Ou na maioria das vezes nenhum...
O verdadeiro amor
Não faz exigências...
Os versos mais bonitos
Não anunciam quando chegam...
O melhor dos sorrisos
Quando se vê cá está...
Não se engane com as exigências da vida
Você é que as constrói sempre
E acaba se tornando escravo delas...
A alegria vêm
Quando a chamamos...
A ternura é necessária 
Em cada um dos nossos gestos...
O mais verdadeiro carnaval
Está em nossos olhos...
Não há lugares-comuns
Quando a verdade quer abrir
Nossas bocas e falar...
Os canhões podem
Criar sua ferrugem um dia...
As bandeiras que nos separam
Um dia cairão de seus mastros...
Por mais que haja desespero
Teimosia e esperança andam juntas...
Vamos colher trevos de quatro folhas
Num jardim qualquer por aí
Porque jardins nunca morrem...
Não se trata de calor ou frio
Porque isso tanto faz...
O que importa devemos trazer
Desde quando se era um menino...
Tranque a desilusão na gaveta
E jogue a chave fora...
Nada morreu continua vivo
E boas lembranças 
Nenhum ladrão roubará...
Sonhe sempre...

Versos de Covardia


Caem as tuas paredes
Na sucessão de noites e dias
Temos medos das redes
Carregamos a nossa covardia
Teus sonhos foram desfeitos
E a minha alma é vazia
O que antes foi perfeito
Hoje é apenas sombra fria
São pilhas e pilhas de lixo
E a nossa própria hipocrisia
Somos menos que os bichos
Nessa nossa vil apatia

Está caindo teu concreto

Só importa nossas dores
Não conhecemos afeto
Não enxergamos à cores
Só enfrentamos as lutas
Se formos nós os atores
Duma vida filho-da-puta
Do nosso circo de horrores
Não há afeto nem há amigo
Mas somos nós os moradores
Mas bato no peito e digo
Fomos nós os causadores

Durma aí bem sossegado

Bom e honrado cidadão
Tenha seu destino marcado
De glória sem compaixão
Vença logo essa corrida
Que nos leva à escuridão
Porque o que se chama de vida
É uma rota de colisão
Bata de cara naquele muro
Que se chama de extinção
E no final de um túnel escuro
Não haverá mais perdão...

Um Poemeto Tal Qual As Nuvens

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Estão lá em qualquer lugar
Nem sabemos qual estação
Mas sem mesmo se notar
Lá mais não estarão...

Assim também nossas cabeças

Com ou sem preocupação
É só acontecer que o sonho cresça
E invada nosso coração

Aí ele bate descompassado

Às vezes lento às vezes não
Sem certo ou sem errado
O que importa é a paixão

Estão lá em qualquer lugar

Nem sabemos com exatidão
E vão-se sem ao menos acenar
Lá mais não estarão...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...