quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Insondável Agora

Espadas de fogo colocam-se em fileiras

Enquanto sofregamente amarram seus tênis

E pensam como teria sido tão bom

Se algum final feliz aparecesse por aí

Eu não tenho mais dentes que me ocupem

Algum espaço vago entre as estrelas

São vedadas todas as disposições em contrário

Enquanto poetas vertiginosos fazem suas rasantes

Entre alguns copos vazios em mesas plásticas

É a minha paranoia presenteada com mimos

E ramos de flores cobertas de certo exotismo

Cobras e aranhas e escorpiões compõem a fauna 

Enquanto sacis nativos pitam tranquilamente

E os pajés continuam seus mais usais rituais

Nossa moral é tão grande como um grão de mostarda

Enquanto os reality shows apodrecem nossas carnes

Jorge acabou de chegar da Capadócia agorinha mesmo

O meu idioma mudou todas as minhas palavras

E agora primo por uma banalidade excepcional

Onde misturam-se totens e tabus na mesma receita

Leve como um elefante é como venho me sentindo

Sobretudo quando passeio em cemitérios animados

E vejo tantos vivos esquecidos de se morrer

Tudo o que foi avisado foi agora jaz apagado

Para nosso itinerário estão marcadas tolices

Quanto mais fácil mais será bem-vindo ao nosso inferno

Vamos dançar um xaxado grego completamente nus

Os bombeiros já chegaram trazendo a gasolina

Rosas azuis e violetas amarelas é o que temos

Toda ferida agora é uma deliciosa casca

E os peidos do imperador dignos de aplausos

A estética tira educadamente sua meleca do nariz

Enquanto a impiedade continua mais firme e forte

Eu ignoro solenes pedidos de socorro inocentes

Enquanto cato algumas palavras no lixo da rua

Cada gole de cigarro me afasta do sossego

E sou mais um ponto no meio de inúmeros deles

Especialistas em porra nenhuma me visitam

E dão suas consultas de eméritos charlatães que são

Está no horário correto da chuva forte desabar

Em pedras de sabão que já viraram espuma

Enquanto pedaços de carne verde boiam tentadoras...

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