Espadas de fogo colocam-se em fileiras
Enquanto sofregamente amarram seus tênis
E pensam como teria sido tão bom
Se algum final feliz aparecesse por aí
Eu não tenho mais dentes que me ocupem
Algum espaço vago entre as estrelas
São vedadas todas as disposições em contrário
Enquanto poetas vertiginosos fazem suas rasantes
Entre alguns copos vazios em mesas plásticas
É a minha paranoia presenteada com mimos
E ramos de flores cobertas de certo exotismo
Cobras e aranhas e escorpiões compõem a fauna
Enquanto sacis nativos pitam tranquilamente
E os pajés continuam seus mais usais rituais
Nossa moral é tão grande como um grão de mostarda
Enquanto os reality shows apodrecem nossas carnes
Jorge acabou de chegar da Capadócia agorinha mesmo
O meu idioma mudou todas as minhas palavras
E agora primo por uma banalidade excepcional
Onde misturam-se totens e tabus na mesma receita
Leve como um elefante é como venho me sentindo
Sobretudo quando passeio em cemitérios animados
E vejo tantos vivos esquecidos de se morrer
Tudo o que foi avisado foi agora jaz apagado
Para nosso itinerário estão marcadas tolices
Quanto mais fácil mais será bem-vindo ao nosso inferno
Vamos dançar um xaxado grego completamente nus
Os bombeiros já chegaram trazendo a gasolina
Rosas azuis e violetas amarelas é o que temos
Toda ferida agora é uma deliciosa casca
E os peidos do imperador dignos de aplausos
A estética tira educadamente sua meleca do nariz
Enquanto a impiedade continua mais firme e forte
Eu ignoro solenes pedidos de socorro inocentes
Enquanto cato algumas palavras no lixo da rua
Cada gole de cigarro me afasta do sossego
E sou mais um ponto no meio de inúmeros deles
Especialistas em porra nenhuma me visitam
E dão suas consultas de eméritos charlatães que são
Está no horário correto da chuva forte desabar
Em pedras de sabão que já viraram espuma
Enquanto pedaços de carne verde boiam tentadoras...
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