Somos alguns pedaços
de retalhos de lembranças...
Nada impede o avanço
de tristes ausências...
Brinquedos quebrados...
Amores perdidos...
Tratos desfeitos...
E só no resta andar
Pelo caminho
Que nunca conheceremos...
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A rima perfeita do acaso
a surpresa tão boa ou ruim
eu quero enlouquecer
de forma rápida e incisiva...
Não preciso de baratos
para dançar sob chuvas...
Não me intoxicarei
com mais do que os sonhos...
Eu visto a fantasia
de todos os dias que se repetem
mesmo quando isso chame
a atenção de todos os tolos...
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Quem sou eu?
Nem o espelho pode dizer...
Em manhãs pesadas
Que abro os olhos
Para que o dia me mate
Novamente me preparo
Para meu sacrifício...
Abro os braços...
Mais como espantalho
Do que mártir
Por coisas que desconheço...
Conto as rugas
Como tiros que tomei
E nem ao menos percebi...
Muitos haverão de morrer
E nem sei se poderei ver
Outro amanhã tão pobre...
Quem sou eu?...
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Estou bem no meio
De um barco navegando
Entre ondas nunca vistas
Estou bem no meio do tempo
Onde cada dia é uma batalha
Para pelos menos poder respirar
O tempo irá dar em que lugar?
Cada segundo transforma as coisas
Transforma as coisas, todas elas...
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Mar revolto, cabelo solto. Duas vezes. Não para de ventar. Um no céu, outro aqui embaixo, eu mesmo não me acho. Irei me matar? Grito preso, círio aceso. Bem quieto. Pra ninguém me apagar. Medos estranhos, de todos os tamanhos. Até além do mar. Um pássaro cantou, um outro voou. Para o gato não pular. Seu pulo certeiro, bem mais que morteiro. Não vá me pegar. Bato na porta, a alegria tão morta.
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Feito um condenado
Que vai tranquilamente
Ser executado
Não tem medo de morrer
Riu de tudo que pôde
Dançou até cansar
Gritou e amou
Todas as vezes possíveis
Foi bom e mau ao mesmo tempo
Foi transcendental e humano
Apontou o dedo
Mas amanhã será morto
Ano que vem ressurgirá
Outro carnaval...
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Ponta de faca
Direção da mão...
Quem ataca
Não é a questão...
É ressaca
É rebentação...
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